Pensar, falar, escrever, pesquisar sobre o folclore é sempre muito prazeroso porque se trata de vivências, antigas ou atuais, compartilhadas ao longo de gerações. Afinal, traduz o pensar, sentir e agir do povo, como definiu Luís da Câmara Cascudo. (1)
A palavra folclore vem do inglês – folk lore – e foi inventada em 1846, pelo sociólogo Willians Thomes, significando saber (folk) do povo (lore). No Brasil, o termo traduz tudo aquilo que, compartilhado pelo povo, caracteriza a sua própria identidade, a sua brasilidade e/ou, então, aquilo que é peculiar a uma região, a uma localidade menor, ou até mesmo, a um grupo social específico.
Para que um fato seja considerado folclore é preciso que alguns fatores, em conjunto, sejam considerados. Do contrário, é um fato social, popular.
Anonimato: no fato folclórico, o autor ou inventor conhecido se perdeu no tempo. Foi despersonificado.
Aceitação coletiva: inventado e aceito, o fato passa a ser repetido, vivenciado, modificado, acrescido. O povo passa a incorporá-lo como seu.
Transmissão: o fato é passado às novas gerações pela transmissão, preferencialmente, oral. A aprendizagem, quase sempre, é informal e lúdica, aprende-se por aprender, fazendo brincando. Hoje, os meios de comunicações de massa, acessíveis a parcelas cada vez maiores da população e a escolarização em índices sempre crescente, reduzem a importância da oralidade no processo de perpetuação do fato folclórico. Identificando na perpetuação do folclore o dinamismo que o caracteriza: folclore é vida!
Funcionalidade: o fato folclórico existe para atender alguma função ou necessidade, uma razão de ser, um porquê, que pode, inclusive, já se ter perdido no tempo.
São inúmeras e variadas as manifestações folclóricas, vivenciadas no coletivo e, às vezes, com conotações bem individualizadas. Desejar saúde para quem espirra, ter o número 13 como de azar ou sorte, cantar atirei o pau no gato, comer uma canjica, dançar uma quadrilha, comprar um bumba-meu-boi de barro, empinar um papagaio ou pipa, usar branco na passagem de ano etc. são alguns exemplos de manifestações folclóricas vivenciadas em diferentes etapas da vida e em oportunidades e freqüência, igualmente, variadas.
O folclore direcionado às crianças, talvez, seja o mais ricoem manifestações. E, com certeza, é o que mais belas lembranças trazem.
Cantigas de ninar ou acalanto: Começa no berço o aprendizado do folclore. Com que amor a mãe ou a figura materna canta para adormecer o bebê!
Dorme nenen
Que a cuca vem pegar
Mamãe foi pra roça
Papai foi trabalhar.
Cantigas de roda: expressão maior da infância, particularmente, das meninas. Importante instrumento de socialização nas escolas de Educação Infantil (creche e pré-escola). Os livros didáticos de Educação Infantil e das primeiras séries do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries), regularmente, trazem esta manifestação folclórica em suas páginas.
Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Delém, dém, dém (bis)
Vem de lá seu delegado
Que Pai Francisco
Saiu da prisão.
Quando ele vem
Se requebrando
Parece um boneco
Se desmanchando. (bis)
Histórias de trancoso ou da carochinha: quem não guarda na memória passagens inesquecíveis de suas histórias prediletas e que dividem, com os super-heróis televisivos, o imaginário infantil?
Cinderela, Branca de Neve, Os Três Porquinhos.
Brinquedos populares: brinquedos confeccionados artesanalmente ou não e que fazem a alegria da garotada, em particular, as das camadas sócio-econômicas mais desfavorecidas.
Pipa (papagaio), pião, mané-gostoso, bruxinha de pano, iô-iô, rói-rói.
Brincadeiras infantis: brincadeiras vivenciadas, principalmente, pela garotada dos bairros mais populares, morros e periferias do Recife. Sujeitas a modismos.
Pular academia (amarelinha), pular elástico e corda, soltar papagaio (pipa), jogar bola de gude, pião, brincar de estátua, telefone-sem-fio.
Adivinhações: perguntas que se faz, geralmente, usando a expressão: o que é o que é?? e que a criançada se apressa em resolver os desafios e enígmas.
O que é o que é? Tem coroa e não é rei? Tem espinhos e não é rosa? (Resposta: abacaxi)
Parlendas: brincar com as rimas das palavras é preferência da garotada, em especial, nos primeiros anos de escolaridade.
Um, dois – feijão com arroz.
Três, quatro – farinha no prato
Cinco, seis – tudo outra vez
Sete, oito – como biscoito
Nove, dez – besta tu és.
Trava-língua: brincar com as palavras que, em combinações complicadas, devem ser ditas rápida e repetitivamente.
Na casa de seu Saldanha tinha uma jarra e dentro da jarra uma aranha.
A aranha arranha a jarra e a jarra arranha a aranha. (bis)
Lendas: histórias que tentam dar explicações a fenômenos da natureza, a seres vivos e imaginários.
Negrinho do pastoreio, Cumade Fulozinha , Saci-pererê,
Boitatá, Sereia, Boto cor-de-rosa,
do Milho, da Mandioca.
Quadrinhas: as meninas, especialmente ao entrar na adolescência, usam esta manifestação folclórica para expressar a descoberta do amor.
Com a escrevo amor
Com p escrevo paixão
com e escrevo Edvaldo
Que é dono do meu coração.
Mitos folclóricos: seres do imaginário coletivo que têm existência própria e estão associados às lendas.
Saci-pererê, Sapo-cururu, Cuca, Boitatá, Iara, Caipora,
Mula-sem-cabeça, Curupira Lobisomem.
Piadas ou anedotas: histórias engraçadas ou até imorais que fazem a graça em rodinhas de amigos, algumas vezes, regadas por cervejas: piadas de português, de papagaio, de Juquinha,
discriminatórias (de negros, pobres, deficientes físicos, homossexuais).
Medicina popular: uso das plantas que curam, de uma farmácia vinda diretamente da natureza. Sabedoria tradicionalíssima usada, em especial, pelas camadas da população mais pobres e por aqueles adeptos da medicina alternativa e natural. Médicos e demais profissionais da saúde, vem dando importância a esta terapia, objeto de estudos cada vez mais difundido nos meios acadêmicos, científicos e farmacêuticos.
Boldo, hortelã, língua de sapo, alfavaca, canela, gengibre, biribiri, mastruz.
Literatura de cordel ou folheto: literatura popular e tradicional, talvez, o principal meio de comunicação entre as camadas mais populares, até as primeiras décadas do século XX. Muitas vezes associada ao canto. O poeta-trovador, através de desafios e causos, levava conhecimento e diversão à platéia, que acompanhava atenta: estórias de animais, de amor, de religião, de banditismo, mitológicas (com motivos de morte, magia, sorte ou agouro), de fatos acontecidos.
Xilogravura: artesanato da gravura, do desenho. Associada, principalmente, ao folheto, à literatura de cordel. Cenas da natureza e do cotidiano do sertanejo costumam ter destaque na temática da xilogravura.
Artesanato: usando material diverso (palha, barro, madeira, pano, papel, gesso, plástico, cera, contas, miçangas, sementes) e muita criatividade, o artesão concretiza o imaginado, criando objetos utilitários, votivos ou estéticos.
Peças de barro da escola de Mestre Vitalino, Caruaru (PE)
Rendas de Passira (PE)
Carrancas do Rio São Francisco (PE e BA)
Colares hippies.
Provérbios/Ditados populares: pensamentos, frases feitas, máximas, cujas mensagens objetivam interferir, positivamente, na conduta e no comportamento. Filosofia, moral, ética e religião transparecem explícitas ou nas entrelinhas.
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Frases de para-choques de caminhão: frases de cunho moral, religioso e até imoral, difundidas pelos caminhoneiros em seus veículos
Dirigido por mim, guiado por Deus.
Vou arranjar ½ de rezar 1/3 para ir a ¼ com você.
20 ver.
Superstições: práticas de comportamentos para afastar e/ou neutralizar azar para dar e/ou atrair sorte. São reforçadas pelas coincidências de resultados considerados.
Número 13, figa, ferradura, determinada roupa, repetir comportamento, não passar debaixo de escada, desvirar roupas e calçados, bater na madeira.
Crendices: fórmulas para manter determinados comportamentos, condicionados pela crença do faz mal ou do faz bem.
Faz mal tomar leite e comer manga.
Deixar chinelos emborcados provoca a morte de pessoa querida.
Pular janela causa a morte da mãe.
Comidas típicas: características a determinadas localidades geográficas e ciclos folclóricos, muitas vezes, incorporadas à culinária trivial e cotidiana deixando, com certeza, água na boca e dando um sabor especial ao folclore brasileiro.
Canjica, pamonha, pé-de-moleque caracterizam o ciclo junino, em especial, no Nordeste.
Churrasco, feijão tropeiro apreciados no sul do país. Feijoada, baião-de-dois, vatapá, acarajé, pato ao tucupi.
Bebidas típicas: versão líquida da culinária incluída no folclore brasileiro. Batida de maracujá, licor de jenipapo, chimarrão, caipirinha.
Folguedos populares: identificados com os principais ciclos folclóricos. Bumba-meu-boi, Pastoril, Reisado, Fandango.
Danças folclóricas: associadas a folguedos, ritmos e músicas ilustram a diversidade e riqueza do folclore brasileiro. Algumas dessas danças possuem trajes típicos, que lhes dão identidade própria.
Frevo, Xaxado, Coco, Ciranda, Forró, Maracatu, Caboclinho, Quadrilha.
Os folcloristas costumam, didaticamente, identificar ciclos no folclore brasileiro e que são vivenciados, em todo o território nacional, com intensidade e características próprias.
Ciclo Carnavalesco: tem as folias de Momo como referência onde predominam a alegria, cores, descontração e irreverência.
Frevo, Maracatu, Caboclinho, Urso, Máscaras, Fantasia.
Ciclo da Quaresma ou Semana Santa: referem-se à Paixão e Morte de Jesus Cristo. A malhação de Judas e a culinária à base de coco.
Ciclo Junino: iniciado no dia de São José (19 de março) com o plantio do milho, tem a culminância com os Santos de junho: Santo Antônio ? o casamenteiro (13), São João (23) e São Pedro e São Paulo (29). Este ciclo é muito festejado no Nordeste, caracterizando-se pela alegria, cores, festanças e uma gostosa culinária, à base do milho.
Forró, baião, banda de pífano. Quadrilhas, roupas matuta. Balões, fogos de artifício. Superstições e adivinhações para resolver problemas amorosos.
Comidas típicas: pamonha, canjica, pé-de-moleque, milho assado e cozido. Quentão.
Ciclo Natalino: o nascimento (Natal) de Jesus Cristo é o tema central deste ciclo. A solidariedade, o amor ao próximo e a Deus, aparecem, explicitamente ou nas entrelinhas, em todas as manifestações do período.
Pastoril, Presépio, Papai Noel, troca de presentes.
Superstições, crendices. Comidas típicas.
Os órgãos oficiais de turismo, cientes da motivação que tais ciclos exercem, concentram esforços junto à mídia, para divulgação nas demais regiões do Brasil e no exterior, sabedores de que divisas ficarão com o fluxo maior de turistas nesses eventos.
No entanto, é imprescindível ter a clareza que, folclore, popular e turismo não são exatamente a mesma coisa, embora, quase sempre estejam associados. Atentar para isso é importante para professores e bom para o folclore.
Pernambuco possui um número considerável de pessoas que fazem e/ou vivem o folclore. Algumas conhecidas e famosas. A maioria, desconhecida e anônima.
Na Cerâmica, os bonecos de barro, têm em Mestre Vitalino seu maior nome. Fez escola, ainda hoje seguida, por filhos, netos e conterrâneos de Caruaru. Naquela cidade há o museu em sua memória, na casa onde viveu.
Nas Carrancas do Rio São Francisco, destaca-se Ana das Carrancas.
Na Cerâmica dos santos de barro, cita-se Zezinho de Tracunhaém.
Na xilogravura, J. Borges, é um artesão do desenho, além de poeta popular. Suas xilogravuras ilustram folhetos, quadros e painéis.
Na Ciranda, duas mulheres se destacam, em especial nas décadas de 60 e 70, quando, semanalmente, comandavam rodas de ciranda em suas respectivas cidades: Lia de Itamaracá, na ilha de Itamaracá e Dona Duda, no Janga, Paulista.
No Coco, destaca-se Dona Selma do Coco, descoberta pela mídia televisiva, em 1997, quando após gravar CD, apresentou-se pelo país e Europa, em programas de televisão, casas de espetáculos e festivais.
No frevo, personificando-o destaca-se Nascimento do Passo, que há décadas faz escola e ensina os segredos do frevo a passistas de todas as idades em escola municipal e oficinas. Nos últimos anos, a garota Safira tem recebido apoio dos órgãos oficiais de turismo para divulgação do frevo pernambucano.
Os bonecos gigantes de Olinda são cada vez mais populares nas ladeiras daquela cidade tornando-se expressão característica do seu carnaval. Sílvio Botelho é o principal artesão, o pai dos bonecos gigantes:
Homem da Meia-noite, Mulher- do-dia, Menino da Tarde, Gilberto Freyre, Capiba, Turista. Maracatu rural destaca-se Mestre Salustiano.
Mamulengo ou fantoche é outra modalidade do folclore brasileiro destacando-se Mestre Tiridá e os bonecos de Lobatinho.
O folclore brasileiro vem sendo estudado, sistematicamente, durante todo o século XX embora, só em 1966 teve o dia 22 de agosto, lhe dedicado oficialmente, por decreto-lei.
Pereira da Costa foi um dos pioneiros nos estudos folclóricos.
Luís da Câmara Cascudo, com certeza, o maior pela sistematização didática e pela extensa bibliografia.
Renato Almeida, Edson Carneiro, Théo Brandão, Saul Martins, Waldemar Valente, Roberto Benjamim são nomes de destaque entre os folcloristas, de ontem e de hoje.
Mário Souto Maior, que durante muitos anos, esteve à frente da Coordenadoria dos Estudos Folclóricos, da FUNDAJ, foi exemplo de dedicação ao folclore. Dicionário do Palavrão, Nomes próprios pouco comuns, Comes e bebes do Nordeste, Assim nasce um cabra da peste são alguns das dezenas de títulos do referido pesquisador, que também escreveu para o público infantil.
Exemplo
O professor de Educação Infantil (creche e pré-escola) e, principalmente, o de Educação Fundamental (1ª a 8ª série) tem no folclore panos para as mangas. Conteúdo significativo para trabalhar, não apenas no mês de agosto, mas o ano todo, todo ano. Não só os temas integrantes da pluralidade cultural, como diferentes conteúdos, das áreas específicas do conhecimento, podem ser abordados a partir de um fato ou manifestação folclórica. Os PCNs “Parâmetros Curriculares Nacionais” (2) garantem a interdisciplinaridade que, naturalmente, aflora ao se vivenciar fatos folclóricos na sala-de-aula.
Numa receita de culinária típica, feijoada por exemplo, o professor de 1ª a 4ª série pode trabalhar:
Português: escrita e leitura do texto, tipografia textual, conteúdos gramaticais.
História: localização temporal da receita.
Geografia: localização espacial da origem ou aceitação coletiva da feijoada.
Ciências: valor nutritivo da receita e seus ingredientes, origem dos mesmos
na natureza.
Matemática: medidas de massa e volume implícitas nos ingredientes.
Artes: desenho da receita, dramatização de uma cena da família se alimentando
Se a turma for de 5ª a 8ª série, o professor pode ainda abordar:
Química: composição química de alguns ingredientes da receita.
Física: relação entre temperatura e o cozimento da feijoada.
Inglês: traduzir a receita para o Inglês ou outra língua estrangeira.
O professor, vivenciando o folclore em sala-de-aula, pode desenvolver projetos didáticos os mais variados possíveis e cobrindo diferentes períodos do ano letivo de 200 dias (800 horas-aula) conforme determinação da LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação. (3)
– ciclo carnavalesco (fevereiro/março)
– tempo e folclore (março)
– ciclo quaresmal (março/abril)
– folclore e mulher (maio)
– ciclo junino (junho)
– folclore na estrada (julho)
– folclore (agosto)
– folclore e vegetais (setembro)
– folclore infantil (outubro)
– folclore de vida e morte (novembro)
– ciclo natalino (dezembro)
Podem ser abordados em projetos didáticos e garantidos pela motivação que emanam das manifestações folclóricas, rendendo-se a seus encantos, educandos e educadores.
Atividades de pesquisa, escrita e reescrita, leitura e releitura, desenho, dramatização, confecção, fotografia, gravação e filmagem são formas possíveis de vivenciar folclore em sala-de-aula, nas diferentes séries do Ensino Fundamental, da rede pública e privada.
Um outro recurso, a entrevista, talvez, seja a atividade mais científica de se vivenciar o folclore no cotidiano escolar, quando gerações diferentes conversam, ensinam, resgatam, comparam, socializam experiências: Como era antes? Como é hoje? de diferentes fatos e manifestações folclóricas, reproduzindo, na escola, a dinâmica do folclore existente desde os primórdios da humanidade, quando traços culturais passaram a diferenciar o homem dos outros animais.
Podemos definir o folclore como um conjunto de mitos e lendas que as pessoas passam de geração para geração. Muitos nascem da pura imaginação das pessoas, principalmente dos moradores das regiões do interior do Brasil. Muitas destas histórias foram criadas para passar mensagens importantes ou apenas para assustar as pessoas. Algumas deram origem à festas populares, que ocorrem pelos quatro cantos do país.
As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os fenômenos da natureza, através de explicações científicas, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido a vida e ao mundo.
Algumas lendas, mitos e contos folclóricos do Brasil:
Boitatá
Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como “fogo que corre”.
Boto
Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto.
Curupira
Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.
Lobisomem
Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.
Mãe-D’água
Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d’água : a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.
Corpo-seco
É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.
Pisadeira
É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.
Mula-sem-cabeça
Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.
Mãe-de-ouro
Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.
Saci-Pererê
O saci-pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.
Curiosidades:
– É comemorado com eventos e festas, no dia 22 de Agosto, o Dia do Folclore.
– Em 2005, foi criado do Dia do Saci, que deve ser comemorado em 31 de outubro. Festas folclóricas ocorrem nesta data em homenagem a este personagem. A data, recém criada, concorre com a forte influência norte-americana em nossa cultura, representada pela festa do Halloween – Dia das Bruxas.
– Muitas festas populares, que ocorrem no mês de Agosto, possuem temas folclóricos como destaque e também fazem parte da cultura popular.
O preparo dos mais diversos pratos da culinária brasileira está ligado aos aspectos socioculturais de nossa história e recebeu a influência de outros povos que aqui estiveram em épocas passadas e nos Legaram em patrimônio cultural valioso, influenciando e dominando até mesmo na alimentação. A variedade de sabores e preferências regionais, com suas especiarias e temperos próprios, tornam-se irresistíveis ao paladar mais exigente de qualquer arte da cozinha nacional.
Os índios brasileiros tinham uma mesa farta e variada, graças à abundância da caça, pesca e dos frutos silvestres, de que se serviam. A farinha de mandioca tão popular entre o povo, do mais simples ao mais requintado, é uma herança indígena. Depois de retirar a raiz, secavam-na ao sol ou ralavam-na ainda fresca numa prancha de madeira cravejada de pedrinhas pontiagudas, transformando-a em farinha alva, empapada que colocavam para escorrer e secar num recipiente comprido de palha trançada. O resultado é o tucupi, ingrediente essencial no preparo de um famoso prato da cozinha brasileira: o pato no tucupi. Além de ser usado como farofa ou para fazer beijús, pirões, sopas e mingaus, o tucupi pode ser servido como sobremesa, regado com mel. As bebidas eram extraídas dos abacaxis, do caju, guaraná, jenipapo e outros produtos nativos.
O milho muito usado pelos índios foi amplamente aceito pelos portugueses, de paladar mais refinado, que preferiam a comida preparada pelas escravas negras do que as da mão indígena. As negras eram mais experientes eram mais caprichosas na arte de comer bem e assim, introduziram o coco-da-baía, o azeite de dendê, a pimenta malagueta, o feijão preto, o quiabo e outros ingredientes para a elaboração de pratos mais requintados.
A união das três raças criou uma cozinha tipicamente brasileira, desenvolvendo o uso constante da panela de barro, da colher de pau e do fogão de lenha, indispensáveis para aprimorar qualquer quitute.
Arroz de Pequi
Feijoada
Muqueca Baiana
Pato no Tucupi
Tradicional receita paraense, presença quase obrigatória, nas mesas, no dia em que se comemora o Círio de Nazaré. Essa receita, pode ser considerada uma das mais brasileiras de todas as nossas comidinhas. As bases da receita, o pato, a mandioca e o jambú, são todos nativos do Brasil. Jambú é uma erva parecida com o agrião nativa da Amazônia. Tucupi, é um molho feito de mandioca brava e comprado pronto, visto ser uma receita muito elaborada.
Ingredientes
– 1 pato novo (1,5 kg), limpo
– 4 dentes de alho amassados
– sal e pimenta-do-reino a gosto
– 4 colheres (sopa) de azeite de oliva (60ml)
– 4 xícaras de tucupi (cerca de 1l)
– folhas de jambú, chicória e alfavaca
Modo de Preparo
De véspera, corte o pato em pedaços, coloque numa tigela e tempere com o alho amassado, sal e pimenta a gosto e o azeite.
No dia seguinte, pré-aqueça o forno em temperatura média (180°C).
Coloque os pedaços de pato, com os temperos numa assadeira, leve ao forno pré-aquecido e asse pôr cerca de 40 minutos ou até ficarem dourados. Tire do forno.
Numa panela, coloque os pedaços de pato, regue com o tucupi, junte as folhas de Jambú, chicória e alfavaca, leve ao fogo brando e cozinhe pôr 30 minutos, ou até a carne ficar macia.
Tire do fogo.Coloque os pedaços de pato num prato de barro de servir, regue com o molho junto com as folhas de Jambú.
Leve à mesa acompanhado de arroz branco, farinha de mandioca e molho de pimenta de cheiro.
Alguns Pratos Típicos por Região :
Caruru
Sarapatél
Moqueca de surubim
Vatapá
Acarajé
Manguzá ou mungunzá
Farinha com caldo de rapadura
Bobó de camarão
Paçoca
Baião de dois
Carne de sol
Pato ao tucupi
Sopa de turú
Farofa de turú
Moqueca de pirarucu
Bicho de côco assado
Peixe assado
Beijú
Tartaruga com mandioca
Sopa de tartaruga
Galinhada
Arroz com piqui (ou pequi)
Canjiquinha com queijo
Pintado na braza
Farofa de jacaré
Porco de lata com mandioca
Peixe assado
Passarinhada
Tereré – É o chimarrão gelado. É uma bebida mas faz parte dos costumes alimentares do povo dessa região e um pedaço do Paraná.
Sudeste:
Leitão à pururuca
Virado à paulista
Tutu de feijão
Canjica
Feijoada
Paçoca de amendoim
Feijão tropeiro
Arroz de carreteiro
Curau
Pamonha (salgada e doce)
Frango cheio
Feijão gordo
Pipoca
Sul:
Pinhão assado
Carneiro no buraco
Porco no rolete
Boi no rolete
Costela de ripa
Barreado
Churrasco
Marreco com laranja
Marreco com maçã
Joelho de porco cozido
Torta de maçã
Charque com inhame
Bolo de pinhão
Chimarrão – É uma bebida, mas no sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) não é possível deixá-lo de fora.
Autor: Soraya Mendonça Marques
Faça um comentário