Por Walmor Marcellino
Caros consócios:
1 – Podemos começar dizendo que a Cultura de Davos, ou a sociedade intercomunicacional e/ou multicomunicacional capitalista hegemônica é solertemente “pluralista”, usando deliberadamente o engodo – porque sabe que tem a dominância dos seus sistema produtivo e organização econômico-social, o que lhe permite “agregar valores, inclusive culturais” multifacéticos, e de alguns exotismos – para perfilhar o conjunto das atividades sociais, quando centradas no individualismo produtivo e em sua aventura existencial.
2 – E então uma incerta sabedoria ‑ de ativistas dos movimentos sociais, militantes de milícias pouco insertas no sistema produtivo e em sua organização, intelectuais “inorgânicos” ou caídos de algum caminhão de mudança; criadores, forjadores, mestres e sacerdotes; e até desgostados do “rumo das coisas” – está garimpando sua inserta inscrição numa nova ordem ou “legião dos justos”.
3 – A hegemonia política, econômica e cultural capitalista (é verdade!) derrotou as formações econômico-políticas do “socialismo de Estado”, ou, simplesmente, do “capitalismo burocrático-social”, e deixou uma turba de “fascistas de esquerda” (gigoletes da nomenclatura “comunista”), “nacionalistas do reinado de Panglos” e “marxistas órfãos” fazendo discursos éticos e proféticos, completamente à deriva, pedindo um “rei proletário”.
4 – A “Indústria da Criatividade” (Oba,-opa, GeGil!) é o último grito (dernier cri) da sociedade do espetáculo (*), que por sua vez foi aleitada pela indústria cultural capitalista (e agora dançamos a sua música). Só que agora estamos vivendo sob o capitalismo tardo, agônico na sua agressividade imperial e finalista. Portanto, parece que a saída não é engrossar esse pirão!
5 – Todavia (por qualquer via estamos sós, com nosso trabalho e nossa classe estonteada), os deuses já se puderam a serviço da Cultura de Davos e nossos entendimentos com os demônios da omissão e da fraqueza demonstraram-nos imaturos, amorais e oportunistas, com mãos-pendentes e joelhos curvados, comprovando eu não comandamos nem a ponta do caralho (para usar uma expressão religiosa)!
Creio que, ou procuramos um estandarte do trabalho, uma bandeira da criatividade social e da organização dos produtores diretos, ressaltando o valor social da produção, e conquistando nosso espaço de inteligência e do conhecimento, da arte e da ciência a serviço da emancipação do homem, ou continuaremos com alguma conversa idiota, da “vitimologia dos talentos” e da sabujice intelectual.
Saudações terçomilenaristas.
Walmor Marcellino é escritor e jornalista.