Setor emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas. Em maio, duas datas celebram aqueles que dedicam suas vidas à promoção e à preservação da cultura e a arte brasileiras
Você sabia que o pipoqueiro é um trabalhador da cultura? No setor, há uma lista de profissionais cujo trabalho é fundamental para a criação e a experiência artística e cultural – algumas não tão óbvias assim. Exemplos disso são as baianas do acarajé, os iluminadores, as costureiras e até arquivistas.
No Brasil, o dia 4 de maio ganhou um significado especial no ano passado, com a criação do Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Cultura (Lei 14.618/23). A data foi escolhida em homenagem ao compositor e artista Aldir Blanc e ao ator e comediante Paulo Gustavo, vítimas da covid-19 – exemplos incansáveis do trabalho pelo setor cultural e que, hoje, nomeiam duas das mais importantes leis e políticas do MinC.
Outra importante data instituída pela Lei 14.517/23 é o Dia Nacional dos Trabalhadores em Entidades Culturais, Recreativas e Conexas, comemorado na segunda segunda-feira do mês de maio de cada ano.
Essas datas representam, não apenas, momentos de celebração, mas também de reflexão sobre a importância e o reconhecimento de profissionais que muitas vezes não são associadas ao fazer cultural ou à profissões tidas como formais, como explica Deryk Santana, diretor de Políticas para os Trabalhadores da Cultura do Ministério da Cultura (MinC).
“Durante a pandemia, as pessoas começaram a perceber que a arte e a cultura eram importantes no dia a dia delas. E a sanção dessas datas nos ajudam a dar um novo passo, que é mostrar à sociedade que o escritor, o produtor, o dançarino, o pipoqueiro são trabalhadores e não fazem aquilo só porque gostam. Esses trabalhos são as profissões dessas pessoas. É fundamental que a sociedade valorize não apenas os artistas de destaque, mas também aqueles que tornam possível a realização de suas obras, da cultura e da arte”, declarou.
Dados divulgados pelo Itaú Cultural em 2023 mostram que a Economia da Cultura e das Indústrias Criativas é responsável por 3,11% do Produto Interno Bruta nacional, e emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas nas mais de 130 mil empresas formalizadas. O Mercado das Indústrias Criativas, que teve sua última edição realizada no ano passado em Belém, é parte central da política pública do MinC e um catalisador da circulação de bens e serviços culturais.
Conforme explica a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a cultura traz conhecimento, capacidade crítica e felicidade, mas também gera emprego e renda, sendo um importante elemento econômico para o país.
“É fundamental entender que a cultura vai muito além do entretenimento; ela é um pilar essencial para o desenvolvimento de uma sociedade. Por meio dela, adquirimos conhecimento e desenvolvemos nossa capacidade. Além disso, a cultura é uma poderosa geradora de emprego e renda, sendo imprescindível para impulsionar a economia e promover o desenvolvimento do nosso país.”
De geração para geração
Responsáveis por uma das mais conhecidas tradições dos cinemas, teatros, circos e eventos culturais, os pipoqueiros oferecem mais do que um petisco, eles também contribuem para a atmosfera única desses espaços.
“Já estou na terceira geração de pipoqueiro da família. Meu avô foi pipoqueiro, minha mãe seguiu a profissão e agora eu assumi. Todos nós conseguimos tirar o nosso sustento da pipoca. Já conheci pessoas que foram clientes do meu avô quando criança e agora são meus clientes”, relata Rafael Alencar de Miranda, pipoqueiro de Brasília (DF) que exerce a profissão há nove anos.
Rafael afirma que a rede profissional ainda é muito maior. “É um trabalho como qualquer outro e gera receita para uma grande gama de pessoas, desde o cerealista, o vendedor de embalagem, o mercado (…). É uma rede muito grande em que todos acabam se beneficiando dessa atividade”, afirma.
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