Estreia em 10 de novembro, a quarta e última montagem da temporada lírica 2018 do Theatro São Pedro. Desta vez a obra escolhida é a contemporânea Sonho de Uma Noite de Verão, composta por Benjamin Britten, o primeiro grande compositor inglês desde Henry Purcell, do século XVII e tido como um dos precursores na produção operística de seu país. Ao todo serão cinco récitas, a ópera fica em cartaz até o dia 18 e os ingressos custam de R$ 30 a R$ 80 (inteira).
Com direção cênica de Jorge Takla, que tem assinadas diversas produções de ópera, teatro e musicais, figurinos de Fábio Namatame, iluminação de Caetano Vilela e cenografia de Nicolás Boni, a montagem tem direção musical de Cláudio Cruz, que comanda a Orquestra do Theatro São Pedro e um coro formado especialmente para a produção. Também integra o time Anselmo Zolla, que assina a coreografia.
Do elenco principal, destaque para a contralto Kismara Pessatti, uma das grandes representantes do país no cenário lírico internacional e que atualmente mora na Alemanha, aqui no papel de Oberon, o Rei das fadas e a soprano Rosana Lamosa como Tytania, a Rainha das fadas.
A mezzo Luciana Bueno (Hermia), a soprano Manuela Freua (Helena), o tenor Daniel Umbelino (Lysander) e o barítono Johnny França (Demetrius) formam o quarteto amoroso da ópera. O ator Rodrigo Lopéz interpreta o trapaceiro Puck e no papel do rústico Bottom, que se transforma em asno, o barítono Homero Velho.
A ópera em três atos é baseada na peça Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare. Com atmosfera de magia e humor, o libreto foi uma adaptação feita pelo tenor Peter Pears, amigo e parceiro de Britten em muitas de suas obras. Foi só estrear em junho de 1960, em Londres, para Sonho de Uma Noite de Verão consolidar-se no repertório operístico mundial e tornar-se uma das montagens mais interpretadas desde a segunda Guerra Mundial.
Fiel ao espírito original, a obra de Britten é considerada uma das mais bem-sucedidas adaptações operísticas de uma peça de Shakespeare. Para críticos, é possivelmente a mais sedutora e encantadora de todas as óperas de Britten.
Sonho de Uma Noite de Verão fica em cartaz de 10 a 18 de novembro e as récitas acontecem na quarta, sexta e sábado, às 20h, domingo, às 17h e segunda, em novo horário do Theatro São Pedro, excepcionalmente às 14h. Uma oportunidade de acesso a novos públicos, como estudantes da rede pública de ensino.
A HISTÓRIA
Em um bosque mágico de Atenas, no curto tempo de uma noite de verão, os limites entre sonho e realidade desaparecem. Nele, cruzam-se três mundos: o misterioso, o lírico dos amores e o “real” dos homens. O misterioso é representado pelas fadas, os reis Tytania e Oberon, e seu criado Puck. O universo lírico é retratado pelos amores contrariados de quatro jovens amantes da corte de Theseus: Lysander, Demetrius, Hermia e Helena, que fogem da cidade para o bosque. Já o mundo dos homens é constituído pelos artesãos e seu teatro amador ensaiado, onde os personagens preparam uma peça para celebrar o casamento de Theseus com Hippolyta.
Com raiva porque sua esposa, a rainha Tytania, briga pela posse de uma criança, Oberon, o rei do mundo das fadas, instrui o trapaceiro Puck a conceber um feitiço, causado por uma poção de uma erva mágica, que ao ser borrifada nas pálpebras de alguém que dorme, causa paixão doentia pela primeira criatura que vir ao acordar. Enquanto isso, no bosque mágico, um grupo de rústicos artesãos planeja montar uma peça para o casamento de Theseus.
Os enganos de Puck, personagem mitológico caracterizado por ser malicioso e travesso, provocam grande confusão entre os casais de apaixonados – Hermia e Helena, Lysander e Demetrius. Enquanto os artesãos ensaiam, Puck enfeitiça Bottom, o líder do grupo, transformando sua cabeça na de um burro. Enfeitiçada também pela mesma poção, a rainha Tytania se apaixona pelo homem da cabeça de burro, e instrui duas fieis fadas-servas a cortejá-lo.
O rei do mundo das fadas Oberon, livra Tytania do feitiço e organiza toda a confusão dos casais feita pelo Puck. Ao despertarem, comemoram o fim do feitiço e celebram seu amor. Os artesãos, que estavam no meio da confusão, apresentam sua ridícula peça cômica Píramo e Tisbe na comemoração do casamento de Theseus, governante do reino do mundo dos homens.
A MONTAGEM DO THEATRO SÃO PEDRO
Composta por elementos poéticos, a montagem tem como proposta romper a teatralidade da obra dramatúrgica de Shakespeare, escrita em meados de 1590. Trata-se de uma peça cômica, mesmo que ainda contenha a seriedade da reflexão sobre a indefinição sobre o que é fantasia e o que é realidade. O elenco é formado por 31 profissionais, entre corpo principal de solistas e coro.
A sofisticação musical da partitura de Britten terá direção do maestro Cláudio Cruz, que no ano passado esteve à frente de duas elogiadas produções do São Pedro: Don Giovanni, de Mozart e La Belle Hélène, de Jacques Offenbach. Ele estará à frente da Orquestra do Theatro São Pedro e de um coro selecionado por audição, formado por jovens de diferentes instituições que integram alguns dos melhores grupos de São Paulo.
Na criação de Nicolás Boni, uma floresta invade todos os espaços de cena e uma escadaria de um palácio que não leva a lugar algum. Sob um céu noturno, onde as nuvens remetem à ideia de sonho, a vegetação verde da floresta invade torna-se o ambiente perfeito para o habitat dos personagens místicos da montagem.
Fábio Namatame mescla a dualidade da relação entre a fantasia e a realidade. O figurinista buscou nos desenhos antigos sobre sonhos referência para as cerca de 70 peças que vestem todo o elenco. Imagens feitas por Jung e Freud, e outras do começo do século XX, antes mesmo do surgimento da psicanálise, serviram de ponto de partida.
A coreografia dirigida por Anselmo Zolla é baseada nas sensações, de como o irreal pode ser real. Vai na contramão de outras montagens, onde se busca o lúdico pelo espaço concreto da realidade. A relação de inversão que a obra propõe ao público está presente nesta pro
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