O instrumentista, arranjador e compositor Severino Dias de Oliveira, conhecido artisticamente como Sivuca, nasceu em Itabaiana, cidade do interior da Paraíba, no dia 26 de maio de 1930, filho de José Dias de Oliveira e Abdólia Albertina de Oliveira. Diferente de boa parte de músicos que, na sua infância, aprendiam a tocar um instrumento musical com pessoas da família, Sivuca foi um auto-didata pois, na sua casa, nada via ou ouvia relacionado com a música. Seu pai era agricultor e também trabalhava com couro utilizando-o na confecção de selas. Seus irmãos eram sapateiros e ele acredita que, se não tivesse estudado música, fatalmente seria mais um sapateiro na família. Sua vocação foi mais forte do que toda e qualquer tendência.
Tal afirmação é comprovada por sua história. No dia 13 de junho de 1939, seu pai levara para casa uma sanfona de dois baixos para seu irmão. Desde então, até os quatorze anos, Sivuca tocou sanfona animando casamentos e festas pelo interior.
Sua carreira profissional começou aos quinze anos, em 1945, no Recife. No Teatro Santa Isabel ele assistiu ao primeiro concerto sinfônico com a Orquestra Sinfônica do Recife. Este fato abriu portas para um mundo musical que Sivuca desconhecia. Posteriormente, teve a oportunidade de aprender suas primeiras lições de teoria musical com o clarinetista da Sinfônica, Lourival de Oliveira.
Ainda em 1945, foi se inscrever para um programa de calouros da Rádio Clube de Pernambuco e a pessoa responsável pela inscrição e seleção era o maestro Nelson Ferreira (compositor, violinista, pianista e regente pernambucano). Quando o maestro ouviu o som da sanfona de Sivuca, indicou-o para tocar num programa da Rádio do dia seguinte. Foi Nelson Ferreira quem lhe deu o nome de Sivuca. Na opinião dele, Severino Dias de Oliveira parecia anunciar uma firma comercial de interior e era muito grande para um nome artístico.
Na Rádio Clube de Pernambuco, em 1946, Sivuca conheceu Luiz Gonzaga. Gonzaga gostou muito do que ouviu quando Sivuca tocou a sanfona. Gostou tanto que, uma semana depois, enviou um telegrama oferecendo um contrato de trabalho para a Rádio Nacional. Naquele momento, ele não pôde afastar-se do Recife por ter compromisso assinado com a Rádio Clube. Entretanto, quatro anos depois (1950), estreou na Rádio Record, em São Paulo, com a grande Orquestra Record, dirigida pelo maestro Gabriel Migliori.
Em 1948, aprendeu arranjo e composição com o maestro Guerra-Peixe (compositor, arranjador e musicólogo fluminense) que assim o encaminhou na arte de fazer orquestrações. Neste mesmo ano, firma contrato com a Rádio Jornal do Commercio, Recife.
No ano de 1950 grava, em parceria com Humberto Teixeira, o seu primeiro disco, pela gravadora Continental. Fixa residência no Rio de Janeiro (1955) e no período de 1955-1958, é contratado pelas emissoras Associadas de Radio e Televisão Tupi. Nesse período, compôs Homenagem à Velha Guarda e, em parceria com Humberto Teixeira, Adeus Maria Fulô e Fogo Pagô. Fez arranjos e trilhas sonoras para os filmes de Roberto Farias: Rico ri à-toa e No mundo da lua e participou do LP (long play, disco em vinil) de Altamiro Carrilho, em 1957.
A Lei Humberto Teixeira, assinada pelo presidente Juscelino Kubitschek, em 1957, que estabelecia a promoção da música brasileira no exterior, favoreceu a ida de Sivuca para a Europa. Na época, Sivuca fazia parte do grupoOs Brasileiros que tinha também como participantes Guio de Moraes, Trio Irakitan, Abel Ferreira, Dimas e Pernambuco. Eles se apresentaram no Olympia de Paris, no London Palladium e na Exposição Internacional de Bruxelas (1958). Sivuca ficou na Europa por alguns anos. Neste período, gravou seu primeiro disco na Europa e fez shows na Bélgica, Suíça e sul da França.
De volta ao Brasil, em 1964, foi convidado para ir aos Estados Unidos. Sua intenção era passar seis meses e acabou ficando por 13 anos. Neste período, trabalhou como guitarrista do grupo da cantora africana Miriam Makeba (1965-1969) e com ela viajou pela África, Europa, Ásia. Gravou três discos e conquista, como arranjador e instrumentista, o sucesso internacional.
Trabalhou com diversos e renomados artistas como Hermeto Pascoal, Betty Midler, Paul Simon, entre outros.
Em 1975, casa-se com a compositora Glória Gadelha e com ela realiza um rico trabalho de composição.
A produção musical de Sivuca é extensa, reflete a sua genialidade musical e, dentre tantos sucessos destacamos:
1957, Motivo para Dançar nº 2, Sivuca e Seu Conjunto, (Copacabana)
1958, Os Brasileiros na Europa, Odeon
1959, Africaníssimo – Duo Ouro Negro com Sivuca, gravado e produzido em Portugal. 1º Disco produzido por Sivuca
1965, Rendez-vou a Rio nº 2, Barcley
1968, Sivuca med Putte Wickmans orkester. InterDisc – Suécia; Sivuca Grammonfon AB Electra– Suécia; Sivuca Golden Bossa Nova GuitarJapão – RCA
1969, Putte Wickman e Sivuca. Four Leaf Records
1970, Joy. RCA – Estados Unidos (from “Joy”A Musical Come to get her)
1972, Sivuca. Vanguard – Estados Unidos; Sivuca at Village Gate. Vanguard – Estados Unidos
1977, Sivuca e Rosinha de Valença. RCA; Sivuca. Copacabana
1978, Cabelo de Milho. Copacabana; Forró e Frevo nº 1. Copacabana
1979, Forró e Frevo nº 2. Copacabana; Vou Vida Afora. Copacabana
1980, Onça Caetana. Copacabana; Forró e Frevo nº 3. Copacabana
1981, Forró e Frevo nº 4. Copacabana
1982, Sivuca e Chiquinho do Acordeom; Todos os Sons – Barclay
1985, Sivuca – Som Brasil. Sonet; Rendez-vou in Rio. Toots – Sylvia – Sivuca. Sonet Grammofon AB
1985, escreve sua primeira peça sinfônica o Concerto Sinfônico para Asa Branca
1985, grava Coração do Povo (em compact disc), canção-tema do 4º Centenário da Paraíba
1986, Chico‘s Bar – Sivuca e Toots Thielemans Sonet
1987, Sivuca e Rildo Hora – Sanfona e Realejo. 3M; Let’s Vamos – Sivuca e Guitars Unlimited Sonet
1990, Um pé no asfalto. CBS / Copacabana
1992, One Good Turn – Sivuca e Erik Petersen. Music Partner – Dinamarca; O Melhor do Forró. Movie-Play
1992, Pau Doido. Milan /Kuarup
1997, Sivuca – Enfim Solo. Kuarup
2002, grava o CD Cada Um Belisca um Pouco (lançado em 2004 pela Biscoito Fino)
2003, grava o CD Sivuca e Quinteto Uirapuru (lançado em 2004 pela Kuarup)
2004, grava CD Sivuca Sinfônico (lançado em 2005 pela Biscoito Fino)
2004-2005 grava CD Terra Esperança (lançado em 2006 pela Kuarup), seu único DVD O Poeta do Som (lançado em 2007 pela 2007), e escreve arranjos para o CD Tinto e Especial, de Glória Gadelha
Em 2004, nos festejos juninos organizados pela Prefeitura do Recife, Sivuca foi o homenageado da festa.
No dia 14 de dezembro de 2006, depois de mais de um ano em tratamento de um câncer de laringe, Sivuca, aos 76 anos, falece em João Pessoa, capital da Paraíba.
Recife, 14 de junho de 2006.
(Atualizado em 27 de outubro de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
GADELHA, Glória (Coord.). Sivuca: partituras. João Pessoa: Ed. Universitária, 2009. 218 p.
GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE. São Paulo: Nova Cultural, 1998. v. 22. p. 5420: Sivuca [Severino Dias de Oliveira].
RECIFE vai virar um grande arraial. Jornal do Commercio, Recife, 2 jun. 2004. Cidades. p. 3.
SIVUCA. Disponível em: <http://biscoitofino.uol.com.br/bf/art_cada.php?id=93>. Acesso em: 30 maio 2006.
SIVUCA. Disponível em: <http://www.icd.com.br/yahoo/artista.asp?Id=453> Acesso em: 30 maio 2006.
SIVUCA na rede. Disponível em: Acesso em: 2 jun. 2006.
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