Saramago defende Fórum Social Mundial mais propositivo.

 

Saramago defende Fórum Social Mundial mais propositivo.

O escritor português José Saramago defendeu nesta quinta-feira (27) que o Fórum Social Mundial se torne mais propositivo. Sem deixar de exaltar a dimensão simbólica do evento, ele disse que o fórum precisa enfrentar o desafio de evitar o que chamou de “laminagem” do ser humano. “Estamos sendo cada vez reduzidos mais, até o momento que se possa fazer assim (simula um pedaço de lâmina sendo quebrado), romper e quebrar a folha”, disse. Combater esse processo, segundo ele, é o grande desafio atual.

Desde a primeira edição do fórum, os militantes aguardavam a presença do escritor. Ao participar de um debate sobre a reforma das Nações Unidas, o escritor falou sobre vários temas, entre os quais direitos humanos. Esse também havia sido assunto da carta lida na primeira edição do evento, que se tornou um dos documentos referenciais entre os outromundistas – como são conhecidos os participantes do FSM.

O que chamou a atenção do público, no entanto, foram as exposições sobre o processo do fórum. “Um acontecimento como esse, o Fórum Social Mundial, em minha opinião, me permitam que eu deite um pouco d’água na fervura, pode vir a converter-se em um ritual sem demasiadas conseqüências”, comentou. “Como se Porto Alegre fosse – e se continuarmos a vir aqui a Porto Alegre – uma espécie de Meca, onde os crentes, que somos todos nós, peregrinam uma vez por ano, ou de dois em dois anos, atirando pedras, como no caso de Meca supostamente ao diabo”.

Para Saramago, o fórum precisa procurar respostas para os grandes problemas da humanidade. “Alguma coisa que torne visível nos meios de comunicação social a presença do Fórum Social Mundial”, defendeu. “Daqui deve sair uma voz única – não no sentido absoluto, mas no sentido de voz consensual -, que de fato defina o fórum como uma presença política, social – se crês filosófica, se crês moral, se crês ética – que se oponha às barbaridades do mundo”.

 

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