Emocionante homenagem ao rei de Oyó reúne alegria e tradição em Curitiba
No sábado, 22 de junho, o Bloco Boca Negra, símbolo de resistência e pioneirismo, iluminou a Rua Amador Bueno, 742 – Cajuru, em Curitiba, com uma celebração vibrante e carregada de emoção em homenagem a Xangô, o rei de Oyó. O evento, realizado no Skina 10 (Bar do Messias), trouxe uma tarde repleta de atividades que exaltaram a rica herança cultural afro-brasileira, regada ao som contagiante do samba.
O evento teve início ao meio-dia com a abertura oficial e um delicioso almoço com rabada, prato tradicionalmente ofertado ao Orixá. A comida, assim como a música, serviu como uma ligação espiritual e cultural, honrando as raízes profundas e sagradas do samba.
Às 15h, a tarde esquentou ainda mais com uma animada apresentação de samba de roda, trazendo sorrisos e dança aos presentes. A atmosfera de celebração e reverência culminou às 17h, com o início da roda de samba Boca Negra, um verdadeiro espetáculo de resistência cultural. O Bloco, fundado em 2017 pelo sambista curitibano Leo Fé, se dedica a resgatar e preservar as tradições do samba do Paraná, uma jornada que começou na década de 40.
O Bloco Boca Negra não só homenageou grandes mestres do samba local, como Maé da Cuica, Chocolate, Lapis, Homero Réboli e Cláudio Ribeiro, mas também celebrou a contínua contribuição dos compositores que mantêm viva essa rica tradição musical. A roda de samba pulsou com a energia de um Brasil que, apesar das adversidades históricas, resiste e brilha através de sua cultura e suas raízes.
A história do Brasil, marcada pela escravidão e pela marginalização dos negros, não impediu que a negritude brasileira mostrasse sua força e resiliência. O Bloco Boca Negra é um testemunho vivo dessa resistência. Com seus músicos e cantores, que carregam o nome e o espírito da mais antiga escola de samba do estado, a Colorado, o bloco continua a ticar e encantar com orgulho e a transmitir a tradição do samba da Vila Tassi, hoje Capanema.
Neste sábado especial, o Bloco Boca Negra não só celebrou Xangô, mas também reafirmou a importância da memória e da identidade afro-brasileira na construção da sociedade. Em um país forjado pela contribuição de negros, índios e mestiços, eventos como este são essenciais para reconhecer e honrar essa rica herança, lembrando-nos que a verdadeira liberdade e igualdade ainda são batalhas em curso.
Curitiba, mais uma vez, como em sala de aula cultural, aprende com uma festa que transcendeu a simples celebração. Apesar de ser a capital com a maior população negra da região sul do Brasil – representando 24% dos habitantes –, Curitiba ainda é uma cidade marcada pela segregação e desigualdade racial, que insiste em negar a história e a cultura afrodescendente que a moldaram. É exatamente por isso que o trabalho dos jovens e dedicados sambistas do Bloco Boca Negra é tão importante. Foi um ato de resistência, de memória e de afirmação cultural, mantendo viva a chama do samba e da história dos que vieram antes de nós.
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