Renda de Bilro

Renda de BilroFlorianópolis terá Centro de Referência da Mulher Rendeira para preservar a atividade
A renda de bilro vai ganhar um espaço permanente de exposição e valorização como
referência cultural de Florianópolis.
A Prefeitura da de Florianópolis e a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) assinaram um termo de cooperação com o Ministério da Cultura e a Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec). A ação faz parte do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), que está sendo implantado de forma piloto em 65 municípios do Brasil, integrado ao Programa Mais Cultura do MinC.

O convênio, formalizado no Casarão da Lagoa, na Lagoa da Conceição, viabilizará a transformação do imóvel no Centro de Referência da Mulher Rendeira. O objetivo da iniciativa é incentivar a preservação da atividade, evitando que essa tradição cultural secular desapareça. Apenas duas cidades de Santa Catarina foram selecionadas nessa fase: Florianópolis, com a renda de bilro; e Itaiópolis, com os bordados ucranianos e pêssankas de Iracema. A seleção dos municípios levou em conta a importância cultural da atividade, a alta qualidade do artesanato, além da variedade de tipologias e técnicas envolvidas no processo de elaboração.

Projeto cultural

A implantação do Promoart em Florianópolis ocorrerá em etapas, sendo a primeira delas a reforma do Casarão da Lagoa para adaptação do espaço ao projeto cultural. O prédio irá abrigar uma sala de exposição permanente com variados tipos de renda de bilro, contará ainda com loja, biblioteca e centro museográfico, acervo de fotos, vídeos, folhetos, livros e outros materiais de registro desse artesanato. Terá ainda um local para oficinas permanentes envolvendo as rendeiras de modo a garantir o repasse de saberes tradicionais.

Paralelamente às ações de apoio à produção, comercialização e distribuição, o Promoart também vai contemplar atividades de divulgação, com a criação de um selo de identidade visual específico, além do fortalecimento de políticas públicas voltadas à valorização do processo cultural e artesanal de produção desse tipo de renda. Estão previstas ainda participações de rendeiras no Salão do Artista Popular, no Rio de Janeiro.

Realizado pela Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), por meio de convênio com o Ministério da Cultura, o Promoart conta com gestão conceitual e metodológica do Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular/Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC) e parceria institucional e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na capital catarinense, o programa será coordenado pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), tendo como parceiros a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) e a Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina.

Renda de Bilro

Alguns pesquisadores defendem que a renda de bilro surgiu em Flandres, na Bélgica, no século XV, de onde se espalhou pela Europa, em especial para a Itália e França, até chegar a Portugal e arquipélago dos Açores, principais centro de produção. Ao virem para o Brasil, os portugueses trouxeram a atividade da renda para enfeitar trajes e alfaias da igreja, além de toalhas, cortinas, lençóis e peças do vestuário da nobreza.

Na Ilha de Santa Catarina, a renda de bilro surgiu por influência dos açorianos. Os primeiros imigrantes (473 pessoas) partiram do porto de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, rumo ao Brasil, em 21 de outubro de 1747, chegando ao destino em 6 de janeiro de 1748. Para sobreviver naqueles tempos, os homens passavam longos períodos na atividade da pesca, com redes artesanais, enquanto as mulheres ocupavam o tempo livre tecendo fios em almofadas de bilro. As rendas produzidas eram vendidas no mercado da cidade ou trocadas por produtos de necessidade básica para reforçar o orçamento familiar, numa tradição cultural, passada de geração a geração, e que originou o ditado popular “onde há rede, há renda”.

Entre as rendas de bilro mais conhecidas, produzidas no município, estão a “Maria Morena” e a “Tramoia”, ou renda de sete pares, que é considerada um produto típico de Santa Catarina, produzida principalmente por artesãs do Ribeirão da Ilha, Santo Antônio de Lisboa e Lagoa da Conceição. Para preservar a atividade e promover a troca de conhecimento entre as rendeiras, a Fundação Franklin Cascaes mantém um núcleo de oficinas de renda no Centro Cultural Bento Silvério, mais conhecido como Casarão da Lagoa, na Lagoa da Conceição, desde a década de 1990.

Informações: (21) 2285-0441/089 ramais 204, 205 e 206, e no site www.cnfcp.gov.br; ou (48) 3324-1415 ramal 213, na Assessoria de Comunicação Social da FCFFC.

(Fonte: Setor de Difusão Cultural do CNFCP/Iphan/MinC)

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