Quem foi Cecília Meireles?

Ou Isto ou Aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

O poema acima se chama Ou Isto ou Aquilo e faz parte do grande número de obras que Cecília Meireles deixou. Ela é considerada a principal poetisa do século 20. Foi Cecília que fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil e publicou poemas inesquecíveis para crianças, como O mosquito escreve e Colar de Carolina. Os versos de Cecília conseguem despertar nas crianças o interesse pela poesia e também encantam os marmanjos que já são apaixonados pela boa literatura.

A menina Cecília

Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901. Era filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles e Matilde Benevides. O pai morreu antes do nascimento de Cecília; e a mãe, aos três anos de idade da filhota. Os três irmãos também faleceram. Por isso, passou a vida na chácara da avó Jacinta Garcia Benevides.

Quando criança, Cecilinha tinha olhos azuis-esverdeados, era curiosa e adorava usar um vestido de babado branco cheio de rendas. Na infância, era muito sozinha. As crianças a chamavam para brincar, mas a avó nunca deixava. A vovó Jacinta morria de medo de sua menina ficar doente, sabe?

Naquele tempo, tudo era diferente, muito calmo, sem carros, sem aviões, nem prédios, nem supermercados e muito menos shopping center. Os vendedores andavam nas ruas vendendo mercadorias. O fogão era à lenha, não havia televisão, nem computador.

Por isso, sabe o que a menina fazia para se divertir? Cecília ficava um tempão imaginando histórias no chão, olhando os desenhos na madeira e pensando que eram florestas, praias, montanhas, sol, rio… Gostava, também, de ficar olhando livros, mesmo sem saber ler. Ela via as figuras e imaginava que de dentro dos livros saía uma voz que contava histórias.

Quando chegava a noite, a babá de Cecília, chamada Pedrina, sempre contava histórias de lobisomen, da mula-sem-cabeça, de reis, rainhas, bruxas e anões… povoando de fantasia os pensamentos da menina.

A garota Cecília

O tempo passou e Cecília cresceu. Estudou na Escola Estácio de Sá e, quando terminou a quarta série, em 1910, era tão boa aluna que recebeu uma medalha de ouro por só tirar notas altas. Nessa época, a garota Cecília tinha paixão por livros. Foi nessa idade que escreveu seus primeiros versos. Interessou-se também pela música e começou a aprender canto, violão e violino.

Cecília: a escritora

Aos dezesseis anos, formou-se professora. Lançou seu primeiro livro, chamado Espectros, com dezoito anos.

Depois de algum tempo, casou-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias e com ele teve três filhas: Maria Elvira, Maria Fernanda e Maria Matilde, que também moraram na chácara da vovó Jacinta.

Ao longo de sua caminhada de poetisa, jornalista, cronista e contadora de histórias, Cecília Meireles se dedicou à educação, estudou o folclore, comandou um programa sobre literatura no rádio, viajou pelo mundo e lançou uma grande coleção de livros. Em 1934, realizou um sonho: fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil, no pavilhão Mourisco, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Ela se tornou uma grande escritora, uma das maiores do Brasil. Tinha um carinho todo especial pelas crianças, mas também se dedicou a escrever poemas para os adultos.

Cecília Meireles faleceu no Rio de Janeiro em 9 de novembro de 1964.

Fonte

 

  • Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0

 

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