Quadro furtado de Portinari é devolvido para museu em Olinda

enterroO quadro “Enterro”, um óleo sobre madeira de 24,5 cm por 33,5 cm, de autoria de Cândido Portinari (1903-1962), pintado em 1959, foi devolvido nesta quinta-feira, 12, pela polícia estadual civil ao Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC), de Olinda, de onde foi furtado no dia 14 de julho. A pintura estava intacta. A única alteração feita pelos ladrões foi a raspagem, atrás da madeira, do registro do museu, que detém a sua posse desde 1963.

 

Reprodução

Quadro faz parte da Série Azul de Cândido Portinari

A devolução foi feita na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS), no Recife, depois que o delegado responsável pelo caso, Manuel Martins, fez um relato das investigações – realizadas em parceria com as polícias civil e federal do Rio de Janeiro – que levaram à prisão de dois homens envolvidos – Leonardo Jorge da Silva e Leonardo Bispo da Silva – na capital carioca, e à recuperação de “Enterro” e de um quadro de Tarsila do Amaral e 23 litogravuras, também furtados, que foram entregues à polícia do Rio.

Avaliado entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão, “Enterro” estava exposto no primeiro andar do MAC, um prédio do século 17, tombado pelo Patrimônio Histórico que possui um acervo de cerca de quatro mil obras, mas não conta com circuito interno de televisão nem qualquer outro tipo de segurança eletrônica. Um dos visitantes, o carioca Leonardo Jorge da Silva, não teve dificuldade em tirá-lo da moldura e levá-lo para tentar vender no Rio de Janeiro. Em seu depoimento à polícia, chegou a dizer que “Enterro” o atraiu por ser devoto de São Jorge, santo que está retratado na obra, dentro de uma pequena lua. Ele responde a processo por tráfico de drogas e é suspeito de furtos de obras de arte da Fundação Fiocruz e da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio.

Depois de receber a informação da tentativa de comercialização da obra furtada por Leonardo Bispo da Silva, mineiro residente em Niterói, que responde a processo por homicídio e consumo de drogas, duas equipes da polícia pernambucana viajaram para o Rio e São Paulo, no dia 27. No dia seguinte, com um mandado de prisão preventiva, prenderam Leonardo Bispo na Ponte Rio-Niterói. Ele estava com uma obra – furtada – de Tarsila e confessou ter recebido o quadro de Portinari, mas devolvido a Leonardo Jorge, que foi preso em flagrante, três dias depois, no dia 31, de posse da pintura, em um restaurante de Copacabana.

Para chegar a Leonardo Jorge, a polícia forjou interesse em adquirir o quadro e chegou a pedir a um estrangeiro para falar com o ladrão, por telefone, para dar mais veracidade à história. Leonardo Jorge pediu R$ 150 mil e queria que os interessados fossem buscar o quadro no Morro do Alemão. Depois foi convencido a fechar o negócio no restaurante onde foi flagrado pela polícia.

Leonardo Bispo e Leonardo Jorge estão presos no Centro de Observação e Triagem (Cotel), no município metropolitano de Abreu e Lima, e vão ser julgados pela justiça de Olinda.

Depois do furto, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), responsável pelo MAC, iniciou processo de licitação visando a maior segurança do museu. “Enterro”, da fase azul de Portinari, só voltará a ser exposto no dia 16 de setembro. Até lá, ficará guardado no acervo, ao lado de pinturas, esculturas, desenhos, jóias e fotografias assinados, entre outros, por Cícero Dias, Djanira, Guignard, Manezinho Araújo, Mario Cravo, Visconti, Eliezer Xavier, Zanine, Teles Júnior, Teruz, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Manabu Mabe, Anita Malfati, Ianelli, Gottlieb, Menotti del Picchia, Lola Schroder, Michael Tizach, William John Voos, os japoneses Waichi Tsutaka e Tan-yu-kano e os russos Ponac e Zacharov.

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