Era difícil encontrar uma pessoa no Rio de Janeiro entre o fim do século 19 e o início do 20 que não conhecesse o Circo Spinelli – e, principalmente, sua maior atração, Benjamin de Oliveira. O palhaço, acrobata, instrumentista, dramaturgo, produtor e ator era um dos artistas mais populares da capital do País. Foi o primeiro palhaço negro brasileiro. Há quem defenda que tenha sido o primeiro do mundo.
Nascido na mineira Pará de Minas em 1870, fugiu de casa aos 12 anos para seguir o Circo Sotero. No picadeiro, aprendeu as artes do trapézio e da acrobacia. Depois, migrou para outros circos e, aproveitando-se de que um dos palhaços havia ficado doente, tomou seu lugar.
Com o tempo, Benjamin passou a elaborar os próprios espetáculos. É considerado um dos precursores do circo-teatro no País. Escreveu peças como Vingança Operária, Matutos da Cidade e A Noiva do Sargento. Encenou até Shakespeare no picadeiro. Entre seus admiradores estavam o dramaturgo Artur de Azevedo e o presidente Floriano Peixoto.
Benjamin também gravou sete discos, deu espaço para Catulo da Paixão Cearense se apresentar e, em 1908, dirigiu o curta-metragem Os Guaranis, um dos primeiros filmes do cinema brasileiro.
“Foi o mais ousado exemplo de fusão cultural negro-americano-europeu jamais tentada em qualquer parte do mundo”, exalta o rigoroso pesquisador José Ramos Tinhorão sobre uma peça do artista. Benjamin fez suas palhaçadas até 1947, quando se aposentou dos picadeiros aos 77 anos.
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