Mostra está em cartaz no prédio da Luz e faz da Pina o único museu em São Paulo com obras que contam toda a História da Arte no Brasil
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta a exposição “Galeria José e Paulina Nemirovsky – Arte moderna”. Uma reorganização e uma ampliação da mostra sobre o Modernismo, que ficou em cartaz por quatro anos na Estação Pinacoteca e agora ocuparão cinco salas no primeiro andar do edifício da Luz.
Reunindo uma seleção de mais de 100 peças dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, da Fundação José e Paulina Nemirovsky e da Coleção Roger Wright, a mostra faz a conexão entre a exposição do segundo andar “Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo” e a exposição “Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright”, aberta recentemente. Com isso, a Pina passa a ser o único museu de São Paulo que com 700 obras, distribuídas em 2mil metros quadrados, contam a História da Arte no Brasil do período colonial até os anos 1970.
A mostra que será inaugurada no primeiro andar, enfoca importantes momentos do período moderno no Brasil: as inovações formais do primeiro Modernismo (de Tarsila e Lasar Segall), a preocupação com questões sociais que marca a obra de Portinari e Di Cavalcanti, o interesse pelos artistas autodidatas ou treinados fora das academias de arte (como Volpi, Pancetti e José Antonio da Silva), a emergência da abstração lírica e geométrica. Nesta reorganização, a exposição abarca também obras do período Concreto e Neoconcreto, finalizando com uma seleção de peças ligadas às correntes mais líricas do abstracionismo.
“Essa é uma exposição única e especial, que percorre grande parte do cenário histórico-cultural brasileiro do século XX. Sem contar que ampliamos de 49 para 110 obras essa mostra, todas emblemáticas e de reconhecimento internacional. Estamos muito satisfeitos de oferecer esse panorama da arte brasileira para os visitantes do museu”, disse a curadora Valéria Piccoli.
José e Paulina Nemirovsky reuniram ao longo de anos uma das mais relevantes coleções de arte moderna brasileira, da qual fazem parte obras icônicas do século XX, como a célebre Antropofagia de Tarsila do Amaral. O comodato com a Pinacoteca foi firmado em 2004 pelos colecionadores, que buscaram se associar a uma instituição pública com o intuito de dar maior visibilidade a esse importante patrimônio artístico. Em homenagem ao casal, o conjunto de salas onde ficará exposta a mostra passa a se chamar “Galeria José e Paulina Nemirovsky” e será usada para esta exposição de longa duração.
“Arte no Brasil: Uma história na Pinacoteca de São Paulo. Galeria José e Paulina Nemirovsky – Arte moderna” permanece em cartaz até 26 de agosto de 2019.
Ao visitar o Museu não deixe de conferir as obras de:
Tarsila do Amaral
Antropofagia, 1929
Em janeiro de 1928, Tarsila presenteou o marido Oswald de Andrade com a pintura Abaporu, que o inspiraria a redigir o Manifesto Antropófago, documento seminal do Modernismo brasileiro, no qual o autor propõe uma assimilação crítica do legado cultural europeu e seu reaproveitamento para a criação de uma arte genuinamente brasileira.
Embora Abaporu seja considerada a obra inaugural, A negra, de 1923 – uma alegoria da figura da Grande Mãe, de seio único e agigantado, pesadamente assentada na terra, como uma deusa mítica da fertilidade –, já prenuncia o que viria a ser a poética antropofágica de Tarsila: pinturas caracterizadas por um número reduzido de elementos, economia de cores e presença de temas nacionais e primitivos, figurados numa intensa atmosfera onírica. A pintura Antropofagia, de 1929, como indica o título, é uma assimilação das duas obras anteriores: figura e fundo de Abaporu e A negra se mesclam, formando um casal primevo, em uma paisagem densa e silenciosa. As imagens inspiradas em um Brasil arcaico, pré-cabralino, aliadas à utilização de uma linguagem moderna, criaram uma solução possível para um paradoxo presente na prescrição antropofágica: a necessidade de conciliar aspectos primitivos e modernos a um só tempo.
Ernesto de Fiori
Homem andando, entre 1936 e 1937
São poucos os dados precisos sobre a formação artística de Ernesto de Fiori. Sabe-se que em 1904 ingressou na Akademie der Bieldenden Künste de Munique, na Alemanha, onde frequentou aulas de desenho. Desde o início interessado em pintura, mas dedicado, sobretudo, à escultura, chegou ao Brasil, em 1936, vindo de Berlim, e começou a se firmar no ambiente artístico ao participar de mostras locais. A figura do homem andando ou em marcha está presente em seu trabalho desde 1920 até aproximadamente 1938. Mas esta peça tem as suas especificidades no modo como o homem projeta o seu corpo à frente, com cabeça e tronco lançados para a esquerda, em passo largo, sugerindo velocidade e obstinação. A superfície áspera, desigual, com aspecto inacabado, e a simplificação das formas, sem a divisão dos dedos das mãos ou dos pés, reforçam a rapidez e o dinamismo da escultura, desde a ideação, passando pela moldagem da matéria. O resultado é uma imagem urgente, que insinua um processo em curso, ou no mínimo uma situação que aponta para transformações.
Volpi
Fachada, c. 1955
Foi depois da viagem a Minas Gerais, 1944, que Volpi começou a pintar com têmpera. Juntamente com a troca de técnica, vê-se, pouco a pouco, ao longo do final da década de 1940 e início da de 1950, sua pintura se fechar, selecionando certos elementos formais, como as fachadas das casas, que até então eram representadas em sua totalidade. As famosas bandeiras começaram a ser representadas no início da década de 1950 e reaparecerão inúmeras vezes em seu trabalho, ora como bandeirinhas, ora como formas geométricas puras sofrendo todo o tipo de manipulação construtiva nas mãos do artista. Mas nem sempre a rigidez formal impera: em Fachada, por exemplo, vemos uma composição bastante animada, de cunho mais popular.
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 02
Quarta a segunda-feira, das 10 às 17h30 – com permanência até às 18h
R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 e adultos com mais de 60 anos não pagam. Aos sábados a entrada é gratuita para todos os visitantes.
Tel.: 55 11 33241000
Faça um comentário