Perda da obra de Oiticica é menor que a anunciada

Helio OiticicaMenos de uma semana após iniciar o trabalho de restauro das obras do artista Hélio Oiticica (1937-1980)–atingidas por um incêndio, no dia último dia 17, no Rio–, a avaliação dos técnicos do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) é muito mais positiva do que a inicial. A família Oiticica calculava que 90% da coleção teria sido destruída.

“Eles se precipitaram, o que é compreensível, pois tudo estava enegrecido, então foi uma reação normal, de quem estava assustado. O laudo definitivo será divulgado na próxima semana, mas, ao que tudo indica, até agora, entre 70% e 80% do acervo está preservado”, disse José do Nascimento Júnior, presidente do Ibram.

Cinco técnicos do instituto trabalham desde o dia 21 na casa do irmão de Oiticica, César, onde foi montado um laboratório de restauração. “Os “Penetráveis”, desenhos e guaches estão em bom estado. Já os “Parangolés” e trabalhos com tinta a óleo foram os mais destruídos, pois estavam próximos do foco inicial do incêndio”, contou Nascimento Júnior.

Segundo o presidente, também foram chamados para auxiliar no restauro técnicos do Instituto Moreira Sales. Isso por conta do grande número de fotografias do acervo, inclusive de José Oiticica Filho (1906-1964), um dos pioneiros da fotografia moderna no país e pai de Hélio. Os técnicos também estão comparando o que foi digitalizado do arquivo de Oiticica com o que restou no local.

O acervo privado mantido pela família Oiticica, orçado por ela mesma, no dia do incêndio, em mais de R$ 342 milhões, agora está sendo restaurado por iniciativa pública. Nos últimos anos, obras importantes foram vendidas a instituições do exterior, como a emblemática “Tropicália”, um conjunto de “Penetráveis”, adquirido pela Tate, em 2007, por 415 mil (R$ 1,16 milhão). O museu comprou ainda dois “Bólides” por 730 mil (R$ 2 milhões), segundo o site da instituição. “Nossa preocupação agora é salvar o que for possível”, disse Nascimento Júnior.

Mas qual poderá ser a contrapartida do restauro? “Junto com o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e a Funarte [Fundação Nacional de Artes], estamos propondo que o Ministério da Cultura tome algumas medidas, que ainda estão sendo analisadas pelo Juca Ferreira [ministro da Cultura] e devem ser anunciadas em breve”, afirmou ainda Nascimento Júnior.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u644292.shtml

Fabio Cypriano

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