Mestres de guerreiro e reisado, artesãos, religiosos, cordelistas, trovadores, violeiros. É com esta variedade de manifestações culturais que o Livro do Patrimônio Vivo Alagoano recebe onze novos nomes. Assim é marcado este momento da cultura popular alagoana, onde o Governo do Estado reconhece e preserva esses saberes.
Vestida com uma roupa especial de sacerdotisa de matriz africana, a Ialorixá Mãe Neide se prepara para receber seu certificado de patrimônio vivo estadual. Ela e outros dez mestres da cultura popular serão registrados no Livro do Patrimônio Vivo Alagoano. Eles vão receber o certificado na próxima quarta-feira (24), às 9h, no Museu Palácio Floriano Peixoto.
Trabalhando há 21 anos com a cultura afro brasileira, Mãe Neide se diz emocionada e feliz. Ela classifica o momento como uma vitória contra os preconceitos sofridos pelos seguidores da religião africana. “Este é um momento ímpar na minha vida, pois quando abracei esta causa tudo o que eu esperava era o reconhecimento que vem acontecendo ao longo dos anos”, contou.
Ela disse, ainda, que este não é um reconhecimento apenas pessoal. “Esta é uma vitória do meu povo, da minha religião, para que eu possa repassar os saberes, mantendo o resgate da nossa religião e da nossa vida ancestral”, explicou a Ialorixá.
Além dela, receberão o certificado o cordelista Jorge Calheiros, a rezadeira e parteira Anézia Maria da Conceição, o artesão do barro João das Alagoas, os mestres de guerreiro Artur Moraes dos Santos e André Joaquim dos Santos, a bonequeira Maria de Lourdes Menezes, a rainha e coordenadora de guerreiro Anadeje Morais da Silva, o mestre de reisado Expedito Tavares dos Santos, o violeiro, tovador e cordelista João Pereira Lima e o violeiro e repentista Severino João da Silva, o Jaçanã.
Eles passaram por uma seleção, que contou com um total de 42 pessoas inscritas. Esses Patrimônios Vivos passam a receber como benefício uma bolsa de incentivo vitalícia de 1,5 salário mínimo. Segundo o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, esta bolsa visa a manutenção dos grupos e o repasse dos conhecimentos.
Todo ano a Secult lança este edital para a seleção de novos mestres. É constituída uma comissão especial de avaliação que seleciona os candidatos, de acordo com os critérios do edital. Como prevê a lei, excepcionalmente em 2010 e 2011 foram abertas oito vagas e, nos anos seguintes, serão apenas cinco. Serão certificados 11 pessoas em decorrência do falecimento de três mestres no ano passado.
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