O ministro da Cultura, Juca Ferreira, a presidenta do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Jurema Machado, e os secretários do Audiovisual, Pola Ribeiro, e da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, participaram de reunião com autoridades, visitaram um terreiro de candomblé e conheceram ações do Iphan no município, entre outras atividades.
“Nesta visita, estamos vendo as demandas que a população tem em relação ao patrimônio histórico. Também vamos conversar com a comunidade para aproximar o ministério de onde a cultura floresce”, destacou Juca Ferreira. “O Recôncavo é uma das regiões mais densas culturalmente do Brasil. E Cachoeira é uma cidade muito viva, que está sempre se renovando e tem um patrimônio histórico invejável. Tenho muito afeto pela cidade”.
O secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal, destacou que a visita ao Recôncavo Baiano é um gesto “emblemático” do Ministério da Cultura. “Cachoeira e Santo Amaro são as duas cidades mais importantes do Brasil Colônia, locais onde o país começou e se sedimentou culturalmente”, afirmou. “A Secretaria de Cultura está irmanada nesta caravana como se estivesse recebendo o abraço de um irmão que convida para a realização de uma política cultural competente para o nosso país”.
Uma das atividades deste primeiro dia foi a visita ao Candomblé Roça de Ventura. O santuário religioso, que faz parte da nação Jeje Mahi, originária nos cultos às divindades chamadas vodum, é um dos mais antigos terreiros de candomblé da Bahia, tendo sido tombado em 2014 pelo Iphan como patrimônio cultural do Brasil. O terreiro tem fundamental importância na formação da rede de terreiros do Recôncavo Baiano e, sobretudo, para a formação histórica do candomblé como uma instituição religiosa.
“Uma das coisas de que mais gosto em Cachoeira é esta densidade espiritual. A sociedade brasileira deve muito a essa contribuição africana para a formação da nossa identidade, espiritualidade e alegria de viver”, afirmou Juca Ferreira. “Reconhecer o valor deste terreiro como patrimônio é fundamental”, acrescentou o ministro, que também criticou a intolerância religiosa da qual são vítimas terreiros de religiões de matriz africana. “Devemos continuar plurais e respeitosos”, afirmou.
Durante a visita ao candomblé, Jorge Portugal informou que a Secretaria de Cultura da Bahia irá incluir o terreiro e outras casas de matriz africana no Programa de Apoio a Ações Continuadas de Instituições Culturais, possibilitando o repasse a essas instituições de recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. “É a garantia de funcionamento de fundações e instituições importantes para a nossa cultura”.
O responsável pelo terreiro, Edvaldo de Jesus Conceição, mais conhecido como Buda de Bobosa, destacou a importância do tombamento pelo Iphan. “A preservação desta área é muito importante para evitar devastações na nossa área e para podermos fazer nossos cultos aos orixás”, afirmou.
Na sequência, a comitiva do MinC esteve no Casarão, imóvel histórico construído no século 18 e tombado em 1943. A presidente do Iphan, Jurema Machado, assinou termo de cessão do prédio para a Administração Municipal. No local, serão instalados vários equipamentos do Sistema Municipal de Cultura, como a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o Conselho Municipal de Política Cultural, o Centro do Samba de Roda de Cachoeira e o Memorial de Imagem e Som de Cachoeira, entre outros.
“Cachoeira é um dos exemplos mais interessantes na história do Iphan dessa associação entre patrimônio e dinamização da vida urbana”, afirmou Jurema Machado. “É preciso dar uso a esse patrimônio, fazer com que ele faça sentido no cotidiano da cidade. Ver esta casa usada, com intenso interesse da comunidade, é muito importante para a preservação do patrimônio”.
A comitiva do MinC visitou ainda o Quarteirão Colombo, onde será implantada uma nova unidade do campus da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, e o Cine Teatro Cachoeira. Ao lado, havia uma manifestação organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Cachoeira reivindicando mais educação.
O dia terminou com jantar com o secretário Jorge Portugal, o cantor Carlinhos Brown, o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, e o Vovô do Ilê Ayê, fundador do bloco Ilê Ayê. A Caravana da Cultura discutiu a criação de um circuito afro no carnaval da Bahia.
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