O Ver-o-Peso de um novo ângulo

Uma pesquisa realizada entre os anos de 2008 a 2010, inspirada em um dos principais cartões-postais de Belém, o mercado do Ver-o-Peso, sob responsabilidade da Associação das Erveiras e dos Erveiros do Ver-o-Peso (Ver-as-Ervas), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com o patrocínio do Edital Petrobras Cultural/ Lei de Incentivo à Cultura, resultou na exposição que abriu ontem, no Canto do Patrimônio, na sede do Iphan.

Hoje acontece o seminário “Ver-o-Peso – Múltiplos Olhares”, composto por duas mesas-redondas – pela manhã será a mesa “Ver-o-Peso em foco”, formada por diversos pesquisadores que desenvolvem trabalhos sobre o mercado e, à tarde, a mesa abordará o processo de concepção e montagem da exposição.

O evento conta com duas novidades: um catálogo e um guia. O catálogo aborda os temas ligados à exposição, enquanto que o guia descreve as atividades desenvolvidas no Ver-o-Peso, como a venda de frutas regionais, peixes frescos, plantas, sementes e artesanato, e apresenta um mapa com a localização dos produtos por setores. A expectativa é que o guia se torne um instrumento de apoio aos feirantes e também aos frequentadores do mercado.

Serão promovidas ainda visitas ao Ver-o-Peso, realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Geografia do Turismo-UFPA. O roteiro é chamado de “Do Complexo do Ver-o-Peso ao Porto: Percorrendo e Revelando Paisagens no Centro Histórico de Belém”. Estão previstas visitas nos dias 02 e 16 de outubro e 06 e 20 de novembro. A participação é gratuita e o ponto de encontro é o Terminal Turístico da Estação das Docas, sempre às 8h30.

O inventário de referências culturais apresenta traços que estarão presentes na mostra. “A pesquisa contribui para que os trabalhadores da área reflitam e discutam o Ver-o-Peso, avaliando problemas e possibilidades voltados para a preservação desse patrimônio cultural”, explica Dorotéa Lima, superintendente do Iphan no Pará.

A exposição, que tem como monitores alunos dos cursos de museologia e artes visuais, vai utilizar recursos multimídias, incluindo cheiros e texturas para despertar os sentidos dos visitantes e provocar neles a sensação de estar no próprio mercado.

O Ver-o-Peso foi tombado pelo Iphan em 1977, tendo assim seu valor como patrimônio histórico e arquitetônico reconhecido. “É necessário que olhemos para o Ver-o-Peso com mais atenção. Quando tanto se fala em economia criativa, não há dúvida de que as feiras e mercados são um importante modelo que deve ser fomentado. Além disso, podemos dizer ainda que não há nada melhor do que os mercados e feiras para comprovar que aquilo que é bom para a população local é sempre um atrativo para o turista”, completa a superintendente.

Além de movimentar diversas cadeias produtivas da Grande Belém, a feira se consolidou como um dos ícones da diversidade biocultural da região Norte do Brasil, já tendo sido objeto de estudos, músicas, enredos carnavalescos, ensaios fotográficos e aparições em inúmeras mídias.

(Diário do Pará)

 

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