O traço de Niemeyer

A obra de Oscar Niemeyer (1907-2012) é extremamente conhecida e apreciada nos quatros cantos do mundo, mas a mostra aberta recentemente no Itaú Cultural ( Av. Paulista, 149) enfoca um grande número  de cadernos  com projetos que não foram concretizados. Nos três andares do Itaú o visitante poderá apreciar uma incrível variedade de obras que marcam o cenário urbano tanto do Rio como de São Paulo, além é claro de marcantes construções concebidas no exterior como a sede do Partido Comunista Francês em Paris.

Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos” proporciona uma panorâmica bem fundamentada da incursão de um mestre que pensava com o traço, desenhos magníficos de projetos que enaltecem a grande capacidade de criar formas arrojadas, ícones da modernidade.

Um dos grandes destaques da mostra é sem dúvida alguma a série de desenhos que o mestre esboçou na grande bobina de 12,5 metros, enquanto explicava detalhes sobre cada projeto para o filme “Oscar Niemeyer – O Filho das Estrelas” (2001), de Henri Raillard.

Uma seleção notável de projetos inéditos e material diversificado sobre obras memoráveis, além de fotografias e maquetes que dão a exata dimensão de um grande artista.

Destaca-se também na mostra uma série de cópias heliográficas da sede da ONU, em Nova York, com traços de lápis de cor, um documento raro no qual Niemeyer num momento decisivo realizou uma fusão com o mestre Le Corbusier, não sendo, portanto, um projeto individual.

Símbolos da arquitetura moderna como o Palácio da Alvorada, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o Palácio do Itamaraty, a catedral de Brasília, o Hotel Nacional no Rio, entre tantas obras que revolucionaram o século XX são visualizadas em detalhes.

O processo de criação de Niemeyer é singular, parte do traço concebendo formas inovadoras, mas contando com a preciosa colaboração de engenheiros estruturais, os calculistas como Joaquim Cardoso, Bruno Contarini e José Carlos Sussekind, colaborador dos últimos anos. As curvas nas marquises e nas rampas transformava o concreto duro na poesia da forma aliando espaço e natureza.

Em São Paulo pode-se observar a sua benéfica interferência ao conceber o Parque do Ibirapuera com suas marquises, além das curvas do Copan ou o conjunto do Memorial da América Latina. Na Paulicéia chegou a projetar uma casa de campo para Oswald de Andrade (1938), o Centro Técnico de Aeronáutica (1947), o Clube dos 500 (1950) e a fábrica Duchen (1950).

Interessante notar que em 1979, Niemeyer projetou a sede da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), em dois terrenos localizados na Alameda Ministro Rocha Azevedo com a Rua São Carlos do Pinhal, bem atrás do badalado Spot. Um belíssimo projeto que visava uma perfeita harmonia num menor adensamento privilegiando a luz natural, mas infelizmente não concretizado.

O Itaú Cultural com o apoio da Fundação Oscar Niemeyer e patrocínio do Itaú Unibanco digitalizou os desenhos e croquis catalogados do precioso acervo da instituição que cuida da preservação da obra desse excepcional mestre, um revolucionário da arquitetura brasileira.

 

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