“É sempre bom revisitar um texto um tempo depois.” Nas mãos da experiente e talentosa Denise Weinberg, a encenação de O Pelicano – em sua terceira temporada, a partir de 2 de outubro no Viga Espaço Cênico, com interpretação da Cia. Mamba de Artes – promete envolver o público mais ainda no universo do sueco Johan August Strindberg (1849 – 1912), um dos mais importantes dramaturgos da história.
Na opinião da atriz e diretora, ganhadora dos prêmios Shell, APCA, Molière e fundadora do grupo TAPA, “é sempre um privilégio ver um Strindberg, ouvir seu maravilhoso texto, com certeza a plateia sairá de lá pensando em muitas coisas. Isso faz bem”. Denise considera que a montagem mudou da primeira temporada para esta. “Estamos mais maduros, o que é bom para a peça. Não temos a tensão, a expectativa sobre como vai sair o espetáculo, e isso traz um estado mais criativo, de muita responsabilidade, mas menos pressão.”
Por conta do patrocínio da Eletrobras e edital do Teatro Sérgio Cardoso, a peça estreou em agosto de 2009, e integrou no mesmo ano a programação do Festival Strindberg, também no Viga em novembro e dezembro. Na época, recebeu classificação de três estrelas pela Revista Veja e 10 melhores peças em cartaz em São Paulo pela Revista Bravo.
Assim como a diretora, o ator Flávio Barollo acredita que o público verá um amadurecimento da Cia. Mamba de Artes sobre o universo teatral de August Strindberg. “Nossa companhia partiu sua trajetória de pesquisa prática sobre os clássicos da dramaturgia mundial. Durante esse intervalo, parte do elenco esteve em Estocolmo, visitando o teatro Íntimo, fundado por Strindberg, bem como o Museu Strindberg, sentindo de perto a atmosfera e o clima sueco e conhecendo um pouco mais da história do autor. A experiência, certamente, irá influenciar o trabalho dos atores nesta nova temporada”, conta Flávio Barollo.
Além de O Pelicano, a Cia Mamba de Artes já realizou a montagem Novelo, com direção de Zé Henrique de Paula, e está em fase de estudos e pré-produção para o próximo projeto, o clássico Os Espectros, de Henrik Ibsen, adaptação inédita de Ingmar Bergman, com direção de Francisco Medeiros e estreia prevista para 2011.
Sinopse – Quando o pai morre, a família começa a viver uma forte decadência financeira, o que acaba culminando em uma necessidade de reaproximação afetiva entre todos os seus membros, afeto esse esquecido com o tempo. Tal necessidade leva mãe, filho, filha, genro e governanta a perambularem pelos corredores da casa remoendo suas angústias, passando humilhações, vexames, privações, fazendo revelações escandalosas e ouvindo insultos uns dos outros.
A mãe (Sheila Gonçalves) que se vangloria em ser o pelicano para seus filhos, a ave que dá seu próprio sangue para alimentar a cria, se revela uma mulher infame, calculadora, diabólica, perversa, obscena, que “matou” seu marido de desgosto, casou sua filha (Patricia Castilho) com seu próprio amante (Flavio Baiocchi), e condenou seu filho (Flavio Barollo) a um desespero alcoólico. A governanta Margret (Lilian Blanc) vaga durantes anos nesta casa soturna e fria, testemunhando a avareza, a amoralidade, a fome e o frio desta família que se mantém apegada aos valores burgueses, sempre mantendo as aparências acima de tudo.
A diretora afirma que na peça, os personagens estão decididos a mudar sua situação a qualquer custo, há grandes discussões em torno das figuras da mãe, filho e filha, e muitas revelações vêm à tona. Os personagens estão no limite, no ponto culminante da tragédia em suas vidas. É na peça que entendemos todas as suas angústias e dores.
Denise Weinberg diz que, na encenação, coisas misteriosas, fantasmagóricas, como portas e cadeiras batem e balançam sozinhas. “Strindberg vai além do realismo, beira o simbolismo, trabalha muito em cima da sensação que as coisas causam. Além do trabalho do ator, trabalhamos elementos de luz (com Wagner Pinto) e som (Eduardo Agni) para recriar a esfera de sensações”.
A peça recebeu o convite da direção do Teatro Íntimo de Estocolmo, o próprio teatro fundado pelo Strindberg, para se apresentar lá em 2012, ano do centenário da morte do autor, já que O Pelicano foi o espetáculo que inaugurou o teatro.
Texto: August Strindberg. Direção: Denise Weinberg. Elenco: Sheila Gonçalves, Flavio Barollo, Patrícia Castilho, Flavio Baiocchi e Lilian Blanc (substituta Mari Nogueira).
Viga Espaço Cênico.
Horário: Sábado, às 19h* e às 21h e domingo às 19h
Duração: 70 minutos.
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia)
Classificação etária: 14 anos.
Ingressos: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia).
*Sábado 19h gratuito para ONGs e escolas
2 de outubro a 19 de dezembro de 2010
Dia 10 de outubro, às 20h
Palestra com a diretora Denise Weinberg e o psicoterapeuta e psiquiatra Jair Fuchs.
VIGA Espaço Cênico (74 lugares) – Rua Capote Valente, 1323 – Pinheiros (ao lado do metrô Sumaré). Telefone: (11) 3801-1843. Não aceita cheque. Não aceita cartão. Estacionamento próximo, na Rua Amália de Noronha, 137 Ao lado do metrô Sumaré. Site – www.viga.art.br
Assessoria de Imprensa ARTEPLURAL Comunicação
Jornalista responsável – Fernanda Teixeira
site – www.artepluralweb.com.br
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