Imagine se um dia você descobrisse que o homem que você julgou um verdadeiro herói durante toda a sua vida é, na verdade, um covarde fujão? Esse é o tema de “O BERÇO DO HERÓI”, que a Cia das Artes, com direção e adaptação de Jair Aguiar, estreia no dia 18 de junho de 2011, no Teatro Commune (R. da Consolação, 1218, São Paulo/SP). Escrita pelo dramaturgo Dias Gomes, a peça foi censurada pela ditadura por considerar o texto como “ofensivo às autoridades constituídas”. A obra serviu de base, duas décadas depois, para produção da telenovela Roque Santeiro, sucesso absoluto de audiência da TV brasileira e exibida em diversos países.
“Dias Gomes optou por mostrar a realidade de nosso país no século XX, através de suas obras. Nós escolhemos mostrar vários ângulos, o jogo dos articuladores do poder em detrimento de um povo sofrido, ignorante, ludibriado, manipulado”, explica Jair Aguiar.
“O Berço do Herói” é uma crítica à forma como se constrói mitos heróicos, um contraponto em relação ao então regime militar que se iniciava no Brasil. Tendo como pano de fundo a participação brasileira na campanha da Itália durante a Segunda Guerra Mundial, a história tem como figura central o cabo Jorge, um soldado que em meio aos bombardeios em um dos combates no norte da Itália, no final de 1944, tem uma crise nervosa, sai correndo em direção às linhas inimigas, desaparecendo em meio ao intenso fogo de batalha, sendo dado como morto. Assim, sem nunca ter sido encontrado seu corpo e a partir da suposta bravura do soldado, cria-se o mito do herói de guerra, e o comércio turístico na pequena cidade natal do protagonista aflora.
Mas a morte não aconteceu de fato, e Cabo Jorge volta à cidade 20 anos depois. A presença viva do herói morto Cabo Jorge cria um ambiente de insegurança e indecisão sobre o futuro da cidade, que, até então, vivia de forma próspera e tranquila sob a sombra da falsa morte do soldado, lucrando com o mito do herói de guerra.
O que fazer com um morto-vivo que reaparece muitos anos depois, e para desepero geral, revela que não morreu na guerra, e pior, fugiu dela? Essa é a pergunta que não quer calar em uma cidade que foi construída a partir das bases nada sólidas de uma grande mentira.
Nessa montagem, o diretor Jair Aguiar explora esmiuçadamente os sentimentos e os interesses de cada personagem da trama, como a viúva Porcina, o coronel Chico Malta, o prefeito Florindo Abelha, o Padre Hipólito, a dona de protíbulo Matilde, entre tantos outros.
Temporada: 18 de junho a 24 de julho de 2011
Horários: sábados às 21h e domingos às 19h
Local: Teatro Commune – Rua da Consolação – São Paulo 1218 (11) 3807-0792
Lotação: Duração: 70 minutos Recomendação: 12 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia entrada), R$ 15,00 (antecipado)
A bilheteria será aberta uma hora antes do espetáculo.
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