Neoliberalismo

O capitalismo é movido pela tendência à generalização da forma-mercadoria, a máxima ampliação possível do âmbito da produção de mercadorias como proporção da produto da socedade como um todo. Liberalismo era a forma ideológica precípua no primeiro estágio, predominantemente extensivo, do capitalismo caracterizado por elevados ritmos de expansão da produção.

A exaustão do primeiro estágio de desenvolvimento deu lugar ao estágio de desenvolvimento intensivo. Nesse, em lugar de rápida expansão, o processo predominante é o progresso técnico, única fonte de expansão da produção, vale dizer, de acumulação capitalista. Liberalismo dá lugar à social-democracia como forma política e ideológica preponderante desse estágio, que tem como um de seus suportes a elevação dos níveis de reprodução da força de trabalho, necessário tanto para acompanhar os requisitos de qualificação da forá de trabalho impostas pela evolução das técnicas de produção, quanto para assegurar mercado de escoamento da produção. Concomitantemente amplia-se o ãmbito de intervenção do Estado na organização da produção.

O estágio intensivo entra por sua vez em crise após a exaustão do ‘boom’ da reconstrução pós-guerra no final da década de 1960. Na dialética da forma-mercadoria que regula o capitalismo, o crescimento paulatino da intervenção do Estado, já prenuncia um problema estrutral para o capitalismo, mas essa intervenção cresce particularmente acelerado no estágio intensivo, a ponto de colocar a própria primazia da forma-mercadoria (vale dizer, o próprio capitalismo) em xeque. O âmbito do mercado –refletido também em superprodução, recessão ou queda da taxa de lucro– vai se retraindo inexoravelmente.

Neoliberalismo é a resposta à crise do capitalismo decorrente da expansão da intervenção do Estado, antagônica à forma mercadoria, ainda que necessária para sustentá-la. Após alguns anos de diagnóstico e de tateações (Crozier et alii, 1975), o n~ toma forma no final da década de 1970 como ‘Reaganismo’ e ‘Thatcherismo’, e consiste essencialmente em uma tentativa de recompor a primazia, e recuperar o âmbito, da produção de mercadorias. Renegando as formas social-democratas que acompanham o estágio intensivo, nega a crise estrutural e histórica do capitalismo e se volta às origens desse, do tempo do liberalismo — daí o nome de neo-liiberalismo.

As políticas neoliberais perseguidas ao final dos anos 70 e no começo dos 80 por parte dos governos nacionais dos países centrais constituem precisamente uma tentativa (crescentemente desesperada) de ‘remercadorização’ de suas economias.

O Estado capitalista tem que tentar isso, uma vez que assegurar as condições da produção de mercadorias é sua própria razão de ser, mesmo se, assim fazendo, Ihe escapa inteiramente o fato de que a negação da negação da forma-mercadoria não pode restabelecer essa última: privatização não é o mesmo que mercadorização.
Deák (1985):227fn

O arsenal do neoliberalismo inclui o farto uso de neologismos que procuram destruir a perspectiva histórica dando novos nomes a velhos processos ou conferir respeito a pseudoconceitos Surgem, assim, o pós-moderno, o desenvolvimento sustentável, os movimentos sociais urbanos, a exclusão social, os atores (sociais), as ong-s, a globalização, o planejamento estratégico…, que procuram encobrir, ao invés de revelar, a natureza do capitalismo contemporâneo.

 Neoliberalismo no Brasil

Referências

CROZIER, Michel, HUNTINGTON S & WATANUKI J (1975) The crisis of demo­cra­cy: Report on the governability of democracies to the Trilateral Commission UP, New York

DEÁK, Csaba (1985) Rent theory and the prices of urban land/ spatial organization of a capitalist economy esp.Cap 8, nota 35, reproduzida em Deák (1989)

DEÁK, Csaba (2001) “Globalização ou crise global?” Anais, ENA-Anpur

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