Músicos querem criação de políticas públicas para o setor 2

 

 

 

 

Músicos querem criação de políticas públicas para o setor

 

 

Músicos de todo o Brasil se unem com o intuito de se criar uma câmara setorial de música, responsável pela elaboração de políticas públicas para o setor. O movimento vem atraindo artistas de todo o Brasil. “O Brasil é outro sem deixar de ser o mesmo”. Disse o jornalista e compositor Cláudio Ribeiro. Hoje as coisas devem ser pensadas no plural sem que se perca uma singularidade. Esse deve ser o compromisso da classe musical brasileira, a partir destas camaras setoriais, e que tenhamos independencia e pluralidade, aberto a todas manifestações musicais, sempre lembrando que uma sociedade livre é inseparável da idéia de democracia, de humanismo e de arte.

“A porta foi aberta, agora precisamos entrar”. As palavras de Cristina Saraiva, letrista da MPB, podem, de certo modo, resumir a oportunidade que os músicos brasileiros têm nas mãos atualmente. Cristina foi uma das precursoras de um movimento que vai dar o que falar. Pela primeira vez, músicos de todo o Brasil estão se organizado para lutar pela criação de políticas públicas no cenário musical brasileiro. Longe de utopias, o movimento, ainda sem nome, mas que vem sendo chamado provisoriamente de “Mobilização Musical”, pretende formar um grupo e colocar a mão na massa, atuando na promoção da ajuda governamental para a música. Cristina afirma que os músicos têm de “aproveitar a conjuntura que é extremamente favorável” e que a criação do grupo é apenas o “pontapé inicial de um grande projeto”.

Se tantas portas já foram fechadas, agora a música encontrou uma brechinha para poder abrir seu espaço. No dia 25 de outubro, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, anunciou a criação de quatro Câmaras Setoriais de Cultura, que passarão a ser responsáveis pela elaboração de políticas públicas nas áreas de música, artes cênicas, artes visuais e do livro e leitura. As áreas de cinema e patrimônios e museus não entraram na lista por possuírem políticas formuladas. Na ocasião, o ministro afirmou que “escutar a sociedade é uma das premissas da gestão pública. Os governos não governam no vácuo. Governos estão a serviço das demandas da sociedade”.

A semente mal foi lançada e a árvore vem dando seus frutos. O “Mobilização Musical”, iniciado no Rio de Janeiro, alcançou artistas de Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, entre outros. E se o ministro quer escutar a sociedade, pelo menos a comunidade musical tem muito a dizer. Entre as demandas do “Mobilização Musical” estão problemas, há tempo, identificados pelos músicos do Brasil como: a inclusão da música no currículo escolar, a democratização da veiculação das músicas nas rádios, a questão do direito autoral, a relação trabalhista, a criação de políticas voltadas para a música no exterior, a preservação da memória musical, entre outras. Ao todo, o grupo já possui 12 itens para propor para o Ministério da Cultura. Outra sugestão é que se forme um grupo de trabalho para cuidar de cada um desses itens.

Segundo o radialista e produtor cultural Ruy Godinho, um dos iniciadores do movimento em Brasília (DF), os músicos historicamente travam lutas individuais e agora, diante dessa possibilidade real, sentiram a necessidade de se unir e ganhar mais força. Godinho acrescenta que é importante “criar novas platéias, um novo público, que tenha acesso à música de qualidade”. Para ele, um dos principais pontos é dar acesso à diversidade musical do Brasil a toda sociedade brasileira.

 

 

 

 

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