Morre Braguinha

 

     

O cantor e compositor Braguinha, o João de Barro, morreu  24/12/2006 – 14h15
no Rio, aos 99 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, causada por uma infecção generalizada. Ele havia sido internado no hospital Pró-Cardíaco sábado à noite, após passar mal.

Braguinha foi um dos maiores compositores da música brasileira, sendo autor de inúmeras marchinhas de carnaval, músicas infantis, canções de festas juninas e clássicos da MPB como “Copacabana” e a letra de “Carinhoso”, composta para o choro de Pixinguinha, canção que recebeu mais de cem interpretações nas vozes de artistas como Orlando Silva, Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Elis Regina e Maria Bethânia, entre outros.

A obra do compositor é parte fundamental da história do carnaval brasileiro. Suas marchinhas tornaram-se parte do imaginário popular da festa, com músicas como “Yes! Nós Temos Bananas”, “Touradas em Madri”, “Chiquita Bacana”, “Uma Andorinha Não Faz Verão”, “Linda Lourinha” e “Balancê”, entre outras, cantadas todos os anos por foliões de todo o Brasil. Ele foi tricampeão do Carnaval do Rio pela Mangueira com seus enredos, e foi homenageado como tema do desfile da escola em 1984. Em 2007, seu centenário será tema do desfile da Mangueira do Amanhã, bloco da escola formado por crianças e adolescentes de 6 a 16 anos.

 

Outra grande contribuição do compositor à música brasileira foram as músicas infantis, na qual Braguinha foi um dos maiores autores que o país já teve, com canções e adaptações que se tornaram clássicas como “Chapeuzinho Vermelho”, “História da Baratinha”, “Pinóquio” e “A Canou Virou”, entre outras. Braguinha também é autor de diversas músicas de festas juninas, como “Mané Fogueteiro”, “Noites de Junho”, “Capelinha de Melão” e “Sobe Balão”.

Braguinha também teve papel de destaque na indústria fonográfica como diretor artístico da gravadora Columbia, a partir dos anos 40. Ele era o responsável pela escolha dos artistas e músicas lançadas pela gravadora, que era uma das três maiores da época no Brasil (juntamente com Odeon e Victor).

João de Barro, o Braguinha, nasceu Carlos Alberto Ferreira Braga em 29 de março de 1907 na Gávea, Rio de Janeiro. Na sua infância mudou-se para a rua General Severiano, do Botafogo, time do qual se tornou torcedor e chegou a jogar pelo infantil do clube. Em 1938 casou-se com a professora Astréa, com quem teve a filha Maria Cecília.

Nos anos 30, fez parte do lendário grupo Bando de Tangarás, que contava também em sua formação com Almirante, Henrique Brito, Noel Rosa e Alvinho. O nome do conjunto foi dado por Braguinha, que sugeriu que cada um dos integrantes adotasse um nome artístico de pássaro. Apesar de nenhum deles ter aceitado a idéia, passou a usar o nome João de Barro, pois também cursava o primeiro ano de arquitetura, curso que não chegou a concluir. Do Bando de Tangarás é a música “Na Pavuna”, sucesso do Carnaval de 1930 e a primeira a usar batucada em toda a história do samba.

Seus primeiros sucessos solo foram “Trem Blindado” e “Moreninha da Praia”, no Carnaval de 1933, “ano em que as moças começaram a andar sem meias em plena avenida – mais sensacional que a mini-saia de hoje”, disse certa vez, revelando a inspiração da música e o humor que caracteriza boa parte de suas marchinhas de Carnaval.

 

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