MINHA PRIMA ARTISTA (artigo)

 

Este ano descobri que tenho uma prima artista plástica, a qual nem sabia da existência.

Neta de Honorato José, um dos irmãos dos meus bisavôs mineiros José e Francisco Pereira da Silva.

Sandra Maria Pereira, com o nome artístico de Sandra Marchandeau já pintou mais de 10 mil telas. A maioria do patrimônio histórico e cultural das cidades históricas de Minas Gerais.

Sandra pintou ruas, casarios e igrejas de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Congonhas, São João del Rei, Diamantina, Serro, Pouso Alegre, Poços de Caldas, Ouro Branco, São Sebastião da Bela Vista, Silvianópolis, Santa Rita do Sapucaí, Campanha, Paraisópolis, Belo Horizonte e Careaçu: a cidade deste belo quadro de lembranças da sua infância. Imagem saudosa com carro de boi e as hortências em frente à casa de suas tias solteiras Janilde e Zilda.

Sandra alerta “que essa tela foi pintada de memória de como era a cidade de Careaçu na década de 40.”

Neste 2021, Sandra está morando em Silvianópolis, terra onde nasceu minha avó materna Maria Pereira da Silva, esposa de seu primo e meu avô Honorato Pereira da Silva.

E claro, ela está pintando! Pinta desde 1967.

Sandra tem um modo bem particular de criação. Primeiro vai aos locais, fotografa (agora com celular), vai para casa, estuda o motivo do quadro, depois volta para o local, com cavalete, tubos de tintas, avental e chapéu.

Sandra vira espetáculo!

Sim, pois ela pinta ali mesmo na rua, diante dos monumentos históricos e culturais mineiros. Não raro, as pessoas param para contemplá-la no trabalho artístico. Outros puxam conversa, interrompendo o processo criativo. “Eu até gosto de conversar com as pessoas, explicar o que estou fazendo e porquê”, diz ela.

Mas nem sempre foi assim, não!

A esposa de um juiz de uma dessas cidades, já quis expulsá-la da calçada em frente a casa da dita cuja. A mulher ameaçou chamar a polícia. Sandra saiu dali, perdeu o ângulo, e foi para o outro lado da rua, na outra calçada.

Em outras vezes, aparecem jornalistas, equipe de televisão, que fazem reportagens pelo inusitado do fato: uma artista pintando na rua a perpetuação do patrimônio.

Para finalizar, tenho dito:

Corre nas minhas veias o sangue doce dos desbravadores mineiros e dos imigrantes polacos e é por isso que sou Polaqueiro – metade polaco/metade mineiro, com muito orgulho e amor por ambas minhas origens.

 

Ulisses Iarochinski

Escritor/Jornalista

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