Masp apresenta exposição do coletivo indígena Mahku

 

Mostra traz 108 pinturas, desenhos e esculturas – resultado de traduções de cantos, mitos e visões do grupo de etnia Huni Kuin, que vive no estado do Acre, na fronteira com o Peru.

O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) inaugurou na última sexta-feira (24) a mostra Mahku: Mirações, dedicada ao coletivo indígena Mahku, grupo de etnia huni kuin que vive no estado do Acre, na fronteira com o Peru. A exposição, em cartaz até 4 de junho, integra a programação de 2023, dedicada aos povos e às artes indígenas e ocupa o espaço expositivo no 2º subsolo do museu.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, Guilherme Giufrida e Ibã Huni Kuin, a exposição reúne 108 pinturas, desenhos em papel e esculturas que se originam tanto de traduções e registros de cantos, mitos e histórias de sua ancestralidade e visões do grupo. “A matéria-prima do trabalho do Mahku são as mirações – como eles chamam e que dá nome à exposição – que experienciam e visualizam nos rituais de ayahuasca, chamados de nixi pae”, disse o curador.

Criado oficialmente em março de 2013, dez anos antes da abertura da exposição no MASP, o surgimento do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) remonta ao final da década de 2000, quando o coletivo iniciou, nos cursos de Licenciatura Indígena na Universidade Federal do Acre (UFAC), seus trabalhos de tradução de cantos tradicionais do povo indígena Huni Kuin (Acre) em desenhos figurativos. “Naquele momento, por meio de oficinas universitárias, muitas práticas que são orais do povo huni kuin começaram a ser traduzidas em papéis e em desenhos, como se fossem partituras”, explicou.

Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU)
Sem título, 2017 – Caneta hidrográfica sobre papel 29.70 x 42 cm – Coleção MASP | Foto: Eduardo Ortega

As obras apresentadas na mostra têm grandes dimensões e cores saturadas, sempre em tons vibrantes e intensos. A cor remete ao universo psicodélico presenciado pelos artistas durante os rituais com a bebida da ayahuasca. As imagens são ricamente carregadas de elementos, com jiboias e jacarés aparecendo com muita constância em cada tela. Há também obras feitas especialmente para o Museu, dedicadas a representar a Avenida Paulista bastante colorida, vista de cima e com prédios e carros deitados. Um olhar dos povos indígenas sobre o mundo urbano.

Outro destaque dessa exposição é um mural pintado em cores vibrantes nas laterais da rampa vermelha do museu, que interliga o primeiro e o segundo subsolos. “É muito comum que eles apresentem também pintura mural, feita especialmente para a arquitetura daquela galeria, algo que depois é desfeito”, disse Guilherme Giufrida. “Tivemos a ideia de convidá-los a pintar a própria rampa. Foram feitas aprovações no Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e no Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico] e foi permitida essa intervenção provisória de um ano. É uma pintura mural de 200 metros quadrados, somando-se todas as faces da rampa. O grupo veio completo do Acre para fazer essa pintura. Foi um trabalho bem árduo e acho que será bem impactante para o visitante”.

Além das pinturas, esculturas, desenhos e do mural pintado na rampa, a exposição também vai apresentar alguns cantos huni khuin, gravados e traduzidos para português e inglês.

Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Ibã Neto Sales Kanixawa, Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) – Yube Inu Yube Shanu, 2020 – Acrílica sobre tela, 135 x 220 cm – Coleção MASP | Foto: Eduardo Ortega

 

SERVIÇO

O que: MAHKU: Mirações – Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP; e Ibã Huni Kuin, curador convidado.
Quando: De 24 de março até 4 de junho de 2023
Onde: Masp – Avenida Paulista, 1578, São Paulo/SP
Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Mais informações sobre as mostras podem ser obtidas no site do museu

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com informações de agências

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