Marco Lucchesi é empossado presidente da Fundação Biblioteca Nacional

 

Professor, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras será o responsável 6ª maior biblioteca do mundo, com 10 milhões de itens e 72 quilômetros de prateleiras

Uma instituição aberta, ciente de sua tradição e voltada ao futuro. Essa foi a tônica da cerimônia de posse do novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi. O novo dirigente foi empossado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, nesta terça-feira (15), em cerimônia na sede da entidade, no Rio de Janeiro (RJ). 

O evento aconteceu no saguão da Biblioteca, diante das icônicas escadarias de mármore do edifício, com mais de 200 anos de história. Restrita a convidados, a solenidade foi acompanhada por servidores de carreira da casa, autoridades do Ministério da Cultura (MinC), políticos locais, diplomatas estrangeiros, escritores e representantes de outras linguagens artísticas, como a atriz Fernanda Montenegro.  

A posse foi aberta pela Orquestra de Cordas de Volta Redonda (RJ), responsável por executar tanto o Hino Nacional quanto clássicos da música brasileira. A cerimônia relembrou, ainda, a importância da Biblioteca para expoentes da literatura nacional. Para Rubem Fonseca, era “o prédio mais bonito da cidade”. Para Lima Barreto, um espaço tanto para a leitura quando para a feitura de sua própria obra. Já Carlos Drummond de Andrade afirmou que “os achados literários são numerosos, estando apenas à espera do pesquisador. Em poucos minutos, o curioso terá à sua frente a fatia de que precisa”. 

Após a assinatura do termo de posse, Lucchesi saudou a tradição da Biblioteca, fundada em 1814, e colocou a instituição a serviço do futuro do povo brasileiro. Relembrou que se trata da 6ª maior “cidade dos livros” do mundo, com 10 milhões de volumes e 72 quilômetros de prateleiras. Mais do que um mero repositório, é a instituição responsável pela guarda, preservação e difusão da produção intelectual do País. 

Além de reconhecer a importância da instituição bicentenária, o presidente a colocou como uma casa a serviço da democracia. “Em momentos dramáticos e recentes da cultura brasileira, a Biblioteca Nacional e as instituições, no que podiam fazer, à revelia de ditames mais altos ou mais baixos – provavelmente o segundo caso – continuaram a fazer a política da boa vizinhança a partir da diplomacia do livro, aquela que aproxima povos, o livro escrito, o livro oral, em qualidades diversas”, celebrou. 

Lucchesi também aproveitou a ocasião para construir a ponte entre o passado e o futuro da FBN. Entre as medidas anunciadas para fortalecer a missão institucional, estão o pleno aproveitamento das tecnologias da informação e da comunicação, a retomada da cooperação sul-sul e a valorização dos servidores de carreira, alçados a postos estratégicos. “Nós vamos abrir vias e caminhos para democratizar. Essa é a casa da cidadania”, disse. 

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, descreveu a Biblioteca Nacional como “um tesouro da nossa cultura, um templo de sabedoria, que guarda a nossa memória”. Relembrou, ainda, que ao cumprir a sua missão institucional, a FBN tem a “capacidade de compreender os brasis que surgem a cada geração”. 

A chefe da pasta enfatizou, ainda, o compromisso do MinC com a devolução do prestígio inerente à Biblioteca. Relembrou que o nome de Lucchesi lhe foi sugerido por uma pessoa de plena confiança – o ex-ministro Gilberto Gil – e relembrou que, só neste ano, a instituição terá um orçamento de R$ 30 milhões à disposição. 

A ministra encerrou a fala convocando todos os presentes a defenderem não só a FBN, mas todo o arcabouço institucional do MinC. “Sejamos todos soldados para defender o legado da cultura do Brasil como projeto de Estado. É o que o nosso povo merece”, conclamou. 

Além da posse de Lucchesi, a cerimônia foi o lançamento de uma nova política pública da Biblioteca Nacional: o Prêmio Akuri. A iniciativa terá o objetivo de reconhecer obras ligadas à contação de histórias de povos originários e de culturas de matrizes afro-brasileiras. 

Marco Lucchesi 

Poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor e editor, Marco Lucchesi nasceu em 9 de dezembro de 1963, no Rio de Janeiro. É autor de cerca de 50 livros, entre poesia, ensaio e romance, e domina mais de 20 idiomas. Precoce, suas primeiras publicações foram feitas na adolescência. Formou-se em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF).  

Recebeu os títulos de Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, com pós-doutoramento em Filosofia da Renascença pela Universidade de Colônia, na Alemanha. É professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), foi presidente da instituição entre 2018 e 2021.  

Fundação Biblioteca Nacional (FBN) 

A FBN é um órgão público federal vinculado ao MinC. A fundação inclui a Biblioteca Nacional – a mais antiga instituição brasileira e a maior biblioteca da América Latina – além da Biblioteca Euclides da Cunha (BEC) e a Casa de Leitura:  

Foi inaugurada em 1810 por D. João VI, e desde 1910 ocupa o prédio localizado na Av. Rio Branco, número 219, na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Sua missão é coletar, registrar, salvaguardar e dar acesso à produção intelectual brasileira, assegurando o intercâmbio com instituições nacionais e internacionais e a preservação da memória bibliográfica e documental do país. É considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. 

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