Programa Acelera RAP impulsiona MCs, DJs e produtores musicais independentes no estado
O Hip-Hop nasceu como um movimento de expressão e resistência, unindo arte, cultura e educação para transformar realidades. Na Bahia, essa potência ganha um novo impulso com o Programa Acelera RAP, uma iniciativa pioneira que visa capacitar MCs, DJs e produtores musicais independentes. Criado pelo Coletivo Sociocultural Fábrica de Rimas, o programa foi viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG) e do Governo da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura, consolidando-se como uma das mais importantes ações de fomento ao rap no estado.
A história do Acelera RAP se mistura à trajetória do Coletivo Sociocultural Fábrica de Rimas, criado em 2013 no bairro Nova Brasília, em Salvador. Naquela época, a juventude periférica enfrentava enormes dificuldades de mobilidade e acesso a eventos culturais relacionados à linguagem, que se concentravam na região central da capital baiana. Foi nesse contexto que o coletivo surgiu, promovendo eventos independentes com apoio da comunidade e fomentando a cultura Hip-Hop em locais marginalizados, como conta Well Santiago, coordenador geral do programa.
“Resolvemos fazer os nossos próprios eventos de forma independente com o apoio da comunidade, com o intuito também de fomentar o Hip-Hop em comunidades periféricas, onde até os dias de hoje é comum a concentração de eventos”, disse.
A execução do Acelera RAP só foi possível graças aos R$ 80 mil recebidos por meio da Lei Paulo Gustavo (LPG), um investimento essencial para viabilizar a primeira edição do programa.
“Nos últimos anos, em conversa com inúmeros artistas, entre estes, MCs, DJs, produtores e produtoras musicais do gênero RAP, sobretudo os mais novos, pude perceber a falta de conhecimento acerca da cultura Hip-Hop. Esta falta de ciência me gerou incômodo. O Programa Acelera RAP surge como uma plataforma de educação para o mercado fonográfico independente do gênero RAP. E como parte do currículo de aulas, a primeira delas é Introdução à Cultura Hip-Hop”, explica.
O projeto, que contempla os 417 municípios baianos, também contará com mentorias individuais conduzidas por profissionais do mercado musical independente, como DJs, produtores e especialistas em gestão de carreira. Os três melhores classificados ao final do programa receberão um incentivo de R$ 5 mil cada para investir em suas carreiras.
Impacto da LPG
A LPG representa o maior valor já investido diretamente na cultura no Brasil, com um montante total de R$ 4,1 bilhões, sendo R$ 285 milhões destinados à Bahia. A taxa de execução do estado é de 96,2%, demonstrando a eficiência do programa.
“É uma oportunidade única para os artistas independentes se capacitarem e conquistarem espaço no mercado musical. Com esse apoio da LPG, conseguimos oferecer formação de qualidade e garantir que novos talentos sejam revelados”, reforça Well Santiago.
Para Thiago Rocha, secretário substituto da Secretaria dos Comitês de Cultura (SCC) do MinC, a execução da Lei Paulo Gustavo representa um marco na democratização do acesso aos recursos para a cultura, garantindo que os investimentos cheguem a todas as regiões do país e beneficiem diversos segmentos culturais.
“A Lei Paulo Gustavo é uma conquista histórica na gestão pública da cultura, resultado de uma ampla articulação deste Ministério com gestores estaduais e municipais, conselhos, trabalhadores e fazedores de cultura de todo o Brasil. Conseguimos alcançar o objetivo principal: fazer com que a cultura chegue onde precisa chegar – em todos os lugares. O impacto é expressivo: 98% dos municípios executaram a lei, e os projetos estão nas ruas”. E completa: “o ciclo do fomento, naturalmente, leva tempo. É preciso lançar editais, garantir participação social, promover escutas, construir coletivamente, abrir inscrições, avaliar projetos e lidar com recursos. Mas agora estamos vendo os resultados, os projetos acontecendo, movimentando a economia, gerando empregos, renda e, claro, fortalecendo a cultura em cada canto do país”, afirma.
Inclusão e diversidade
O programa busca atender MCs, DJs e produtores musicais independentes que já possuam pelo menos dois anos de experiência na cena do rap. A seleção leva em conta critérios como originalidade, engajamento com a cultura Hip-Hop e necessidade de suporte para expansão profissional.
Há ainda uma preocupação com a inclusão; o programa dá prioridade para negros, pardos, indígenas, mulheres (cis e trans), pessoas com deficiência e estudantes da rede pública.
Segundo a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, o Ministério da Cultura tem o compromisso com a valorização e a promoção dessa cultura, reconhecendo a importância dessa expressão cultural para a transformação social e o empoderamento das comunidades vulnerabilizadas, especialmente a juventude negra e as periferias.
“Ao lado do movimento Hip-Hop, estamos construindo uma jornada de políticas no MinC, como o edital de premiação, a realização do inventário participativo e do primeiro seminário internacional sobre essa cultura, além da articulação para o Decreto nº11.784/2023, que traz as diretrizes nacionais para as ações voltadas ao Hip-Hop, e do Projeto de Lei que cria o Dia Nacional do Hip-Hop. O processo de nacionalização do fomento, promovido pela ministra Margareth Menezes, também permitiu que muitos projetos do Hip-Hop sejam contemplados com recursos federais destinados a estados e municípios. É a demonstração de como os recursos estão, de fato, chegando na ponta, nos territórios e potencializando os grupos e coletivos que promovem ações culturais em suas bases comunitárias”, acrescentou.
Com a primeira edição em andamento, os organizadores já sonham em ampliar a iniciativa para outras regiões do Brasil.
Quer saber mais sobre o Programa?
Inscrições abertas para o Programa Acelera RAP
De 10 a 20 de março de 2025
Onde se inscrever? Formulário de inscrição
Mais informações: acelerarap@gmail.com | Instagram: @acelerarap
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