A nova exposição que acontece no Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura, propõe uma integração entre Brasil e Dinamarca. São 16 designers selecionados que apresentarão trabalhos únicos, mas com denominadores comuns: a influência do ambiente de origem de suas autoras; o desafio ao conceito tradicional daquilo que uma peça de joia deveria parecer; e a combinação de materiais triviais e cotidianos, como papel, plástico, metal, com outros tradicionalmente pertencentes ao campo da joalheria, como ouro, prata e pedras preciosas. A abertura acontece no dia 6 de março, terça-feira, e terá uma visita especial com a curadora Anne-Marie Overbye, às 18h30. A mostra permanece até 8 de abril.
As peças apresentadas propõem redefinir o padrão estético e os valores das joias, rompendo com valores estéticos consagrados, por meio de um novo enfoque na criação. Objetos de uso cotidiano ganham novas funcionalidades – bexiga, bolas de pingue-pongue, escovas de banho, cabelos, unhas, lata de chá chinês, entre outros, assumem significados diversos ao serem apropriados pela joalheria.
A curadoria da exposição é da embaixatriz da Dinamarca no Brasil, com mestrado em artes, Anne-Marie Overbye, que organiza exposições na área de design, arte e cinema. Para a curadora: “Esta exposição é um encontro entre duas culturas distintas, no qual percebemos que há muito em comum. Embora cada designer seja original em seu trabalho, todas compartilham da curiosidade e da coragem em desafiar as tradições”, conta.
O Brasil é representado por Bettina Terepins, Brasília Faz Bem (coletivo composto por Carla Assis, Lígia de Medeiros e Fátima Bueno), Claudia Villela Salles, Flavia Amadeu, Joana Prudente (joanavp), Kika Alvarenga, Miriam Andraus Pappalardo e Renata Meirelles. Compondo o grupo de designers dinamarquesas presentes na mostra estão Annette Dam, Karen Fly, Katrine Borup, Lene Hald, Lisbeth Nordskov, Marie-Louise Kristensen, Mette Laier e Trine Trier.
Quem é quem
Brasil
– Bettina Terepins: apresenta peças da coleção de Papel Kraft, que iniciou em 2009 em parceria com Domingos Tótora. Utiliza papel reciclado, feito a partir da mistura papelão, água, cola, e terra. Suas peças possuem coloração avermelhada.
– Claudia Villela Salles: traz a coleção “colar-sem-fim”, na qual o encontro entre materiais contrastantes, como a madeira e o “coquinho” multicores com o polietileno, resulta em peças de movimento e textura próprios, inusitados.
– Flavia Amadeu: suas joias orgânicas são feitas de borracha ecológica da Amazônia, um material natural proveniente do latex, produzido por comunidades seringueiras da região. A designer busca o aproveitamento máximo da borracha e sua valorização estética ao explorar as características próprias do material.
– Joanavp: a designer constrói peças que, ao mesmo tempo em que subvertem a rigidez esperada do material, permitem ao usuário interagir, moldando-as, como é o caso da coleção “retenso”, ou montando-as de acordo com o seu desejo.
– Kika Alvarenga: utiliza técnicas da joalheria indígena aliadas à transformação das matérias primas brasileiras. Suas peças são desenvolvidas tendo como referência o trabalho de fiação da fibra de tucum realizado pelos índios da tribo Krahô do Tocantins e a textura da pedra turmalina negra.
– Miriam Andraus Pappalardo: a artista apresenta jóias a partir do estudo e pesquisa de materiais, tramas e texturas, na construção de padrões gráficos e formas tridimensionais. Busca conjuntos de “iguais-diferentes”. Foi contemplada em 1º lugar, na categoria têxtil, do 23º Prêmio Design MCB.
– Renata Meirelles: ao trabalhar com tecidos, a artista cria peças que transitam entre os territórios da arte, joalheria e moda. Seu projeto recente, 1º lugar na categoria Têxteis do 25º Prêmio Design MCB, mistura técnicas artesanais e industriais: o tear e o corte à laser. Desta forma, a plena utilização da matéria-prima é a essência do seu processo criativo.
Dinamarca
– Karen Fly: os materiais utilizados pela designer, como copos plásticos, são mais do que enfeites, cada artefato muda a percepção dos usuários em relação às suas funções. A artista usa materiais naturais, como osso de baleia, chifres de rena e couro de boi da Groenlândia.
– Katrine Borup: considera a joia uma espécie site-specific. Ao buscar uma narrativa relacionada ao corpo e à identidade, a designer não se limita aos tipos convencionais de joalheria, desenvolvendo peças conceituais. A escolha de materiais foge aos padrões pré-concebidos e busca mover-se livremente entre diferentes objetos: luvas de borracha, raspas de sabão, panelas, papel fotográfico, papel-moeda, cera, cabelo e unhas humanas.
– Lene Hald: para a designer, cada peça possuiu um elemento surpresa que, necessariamente, implica em sua função ou expressão. Seu trabalho busca mostrar leveza, alegria e humor. As peças são feitas com ouro ou prata, combinados a outros materiais ou metais de outras cores.
– Lisbeth Nordskov: ao experimentar técnicas e materiais, novas combinações surgem para explorar e expressar uma nova dimensão para as joias. Para a artista, cada peça deve manifestar e enfatizar a personalidade do portador.
– Marie-Louise Kristensen: a artista considera que as joias são fragmentos de nós mesmos e, por isso, cada peça deve ser combinada com novas aventuras e a re-interpretação de significados. A designer intercala pedras brilhantes, prata e ouro com acrílico, plástico, entre outros.
– Mette Laier: a designer é inspirada pelo seu ambiente, objetos e materiais, de forma que cada joia que desenvolve contém um valor extra, uma história interior. O traço humorístico, ligado a estes aspectos, acrescenta outra dimensão a cada peça, tornando-a mais pessoal e interessante para o usuário.
– Trine Trier: simplicidade e estética são as suas principais prioridades. Com inspiração na Groelândia, a série “Gelo Flutuante” apresenta formas
Joias Contemporâneas: Brasil e Dinamarca
Abertura e visita especial com a curadora: 6 de março, às 18h30 – Gratuito
Visitação: 7 de março a 8 de abril de 2012
Museu da Casa Brasileira
Horário: de terça a domingo das 10h às 18h
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 – Jardim Paulistano
Tel. 3032-3727
Ingresso: R$ 4,00 – Estudantes R$ 2,00
Domingos e feriados – gratuito
Acesso a pessoas com deficiência física.
Visitas orientadas: 3032-2564 – agendamento@mcb.org.br
Site: www.mcb.org.br
Estacionamento: de terça a sábado até 30 minutos, grátis; até 2 horas, R$ 12,00, demais horas, R$ 2,00. Domingo e feriados, preço único de R$ 15,00. Eventos Noturnos, preço único de R$20 reais.
Bicicletário com 20 vagas
– Annette Dam: ao apropriar-se do bom humor, a artista transforma ideias abstratas em joias com formas e facetas diferenciadas. Cada peça única, combina materiais tradicionais, como a prata, a outros inusitados, como o plástico, tecidos, etc.
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