O jardim que cerca a Casa de Rui Barbosa é uma das joias do Rio do Janeiro. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e protegido conforme as diretrizes das Cartas de Florença e de Ouro Preto (acerca de jardins históricos), o espaço guarda em seus 9 mil metros quadros um fragmento da história brasileira. Ali, por exemplo, há um frondoso exemplar de lichia, plantado pelo ilustre morador, que se mudou para a residência em 1893. É possível também ficar diante de uma árvore de pau-brasil, fincada no terreno, em 1930, pelo então presidente Washington Luís.
Esse pequeno oásis, cravado no pungente bairro de Botafogo, é a estrela do projeto Jardim em Foco, que, nos últimos dois anos, levou 1,3 mil pessoas a percorrerem seus cantos mais íntimos, numa visita mediada e cercada de curiosidades. O jardim é tão especial que, nessa visita, o participante nem passa pela espetacular casa onde morou Rui Barbosa. Neste mês de março, a atividade será neste sábado (9) e na quarta-feira (13), a partir das 14h30, com distribuição de senhas com 30 minutos de antecedência.
Jogo de poder
O passeio dura em média uma hora, mas pode se prolongar de acordo com a dinâmica das pessoas. Uma das curiosidades reveladas é sobre a perda do jardim lateral em 1926, numa ação do ex-presidente Artur Bernardes, que foi transformado numa rua para ligar as avenidas São Clemente e Assunção. Quatro anos depois, Washington Luís, muito ligado a Rui Barbosa, desfez a ação de Bernardes e restituiu o espaço. “Há nessa ação uma memória do jogo de poder da época muito interessante de ser analisada”, explica a museóloga Aparecida Rangel.
Essa intervenção urbanística destruiu a ligação entre os lagos do jardim social (romântico, segundo estilo divulgado pelo paisagista Auguste François Marie Glaziou, se estende entre a casa e o gradil que ladeia a rua) com o do quiosque. Havia ali um pé de baunilha, um exemplar de sol-do-Peru, acácias e um flamboyant, sucumbidos pela obra. Hoje, a área tem na lateral dois pés de chuva-de-ouro e, no canteiro do centro, um abricó-de-macaco.
Xodó do público
A observação da flora e da fauna é um dos momentos mais apreciados desse projeto, idealizado por Nayara Cavalini de Souza. O xodó do público é um casal de tucanos que mora no jardim. Por ali, circulam também dezenas de micos e uma infinidade de pássaros, que se alimentam de frutas, como sapoti e manga, que são catadas pelas pessoas quando caem dos galhos. “Há peixes no lago e uma garça que vez por outra chega para pescá-los”, conta Aparecida.
Por ser um jardim histórico, há regras rígidas adotadas no espaço. Não se entra com bolas, bicicletas, não se pode subir nas árvores para pegar as frutas, nem fazer festas embaixo de suas copas. Pela sua paisagem bucólica, o espaço é muito solicitado para gravações de programas televisivos e cenas de novelas, além de locações de filmes e entrevistas. “Essas solicitações precisam ser encaminhadas para análise e via de regra nenhuma delas pode fechar o espaço para o público”, explica a museóloga.
Faça uma visita virtual pelos jardins da Casa de Rui Barbosa clicando neste link.
Serviço
Jardim em Foco
Onde: Jardins da Casa Rui Barbosa (Rua São Clemente 134, Botafogo).
Quando: Março: dias 9 e 13, às 14h30 (demais meses serão divulgados no site e redes sociais da instituição)
O que: Visita mediada somente pelo jardim, com entrada franca, realizada com distribuição prévia de senhas 30 minutos antes do início da atividade. Em caso de chuva, a atividade será cancelada.
Observação: É possível realizar agendamento para grupos de até 30 pessoas por meio dos e-mails museu@rb.gov.br e educativa@rb.gov.br ou obter mais informações pelos telefones (21) 3289-8683 e 8685.
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