O dia 31 de agosto de 2016 vai marcar na história como a data da concretização de um golpe parlamentar de Estado, que retirou do poder uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos, sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade. Prova disso foi a entrevista do senador Acir Gurgacz (PDT/RO) à TV Senado. Logo após votar a favor do impeachment de Dilma, ele confessou o golpe. “Temos convicção de que não há crime de responsabilidade neste processo. Mas falta governabilidade. E a volta da presidenta neste momento poderia trazer um transtorno ainda maior à economia brasileira”, disse o senador. Dilma foi cassada, mas não perdeu os direitos políticos. O resultado da votação no Senado foi de 61 votos a favor do afastamento definitivo e 20 contrários. Em votação separada, por 42 votos contra 36 e três abstenções, os senadores decidiram que Dilma continua com seus direitos políticos e pode ocupar cargos públicos e concorrer em eleições. O resultado foi proclamado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comandou o julgamento do processo no Senado. Ainda no dia 31, às 16 horas, no plenário do Senado, Michel Temer tomou posse como presidente da República, selando de vez o golpe iniciado em dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou um dos pedidos de impeachment contra Dilma. Foi uma atitude de pura vingança porque Dilma havia se recusado a aceitar sua chantagem para que o PT votasse contra a abertura do processo de cassação do seu mandato. Cunha se uniu a Temer e logo ganhou a parceria do PSDB, do DEM e de todos os inconformados com a derrota de Aécio Neves na eleição presidencial de 2014, inclusive a grande mídia, capitaneada pela Rede Globo. Para conseguir derrubar Dilma, esse grupo golpista contou com o apoio de setores do Judiciário, inclusive a passividade do STF, que deixou Eduardo Cunha livre para agir como queria, dentro e fora do Congresso Nacional, apesar de todas as acusações contra ele, como contas no exterior, recebimento de propinas milionárias, desvio de verbas públicas, corrupção, lavagem de dinheiro etc. Se o STF tivesse interrompido essa trajetória de Eduardo Cunha, provavelmente o golpe não teria ido adiante dessa maneira. Outra grande contribuição ao golpe veio de dentro do Tribunal de Contas União TCU, que teve o papel ativo na confecção da denúncia artificial de “pedaladas fiscais”, o que já foi confessado pelo auditor- fiscal Antônio Carlos Costa D’Ávila. Na condição de testemunha no julgamento do impeachment, ele admitiu o conluio ao afirmar que ajudou a produzir a representação do procurador Júlio Marcelo, que depois ele próprio deu parecer favorável. Toda a conspiração atendeu ainda grandes interesses internacionais, sobretudo nos recursos naturais brasileiros com destaque para o pré-sal, que o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB/SP), logo tratou de agir para entregar rapidamente a grandes petrolíferas dos Estados Unidos.
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