Histórias indígenas ocupam centro da programação do Masp até junho

São Paulo (SP), 24/03/2023 - O Museu de Arte de São Paulo (Masp) recebe a exposição Mirações, do Movimento dos Artistas Huni Kuin - MAHKU, na programação anual dedicada às histórias indígenas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Três exposições sobre o tema estão abertas. Confira programação.

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) apresenta três novas exposições temporárias. Todas elas têm olhar voltado às histórias indígenas, tema que foi escolhido para a programação do museu durante todo este ano de 2023 e que pretende apresentar a diversidade e complexidade dessas culturas, além de discutir o silêncio da história oficial da arte em relação a essa produção artística.

“O ano de 2023 é dedicado [no Masp] aos povos indígenas e às artes indígenas. Particularmente considero que é um passo muito grande de reconhecimento das artes e dos saberes indígenas, que historicamente foram excluídos e estiveram à margem dos museus, e hoje estão sendo convidados para participar dessas instituições, particularmente do Masp”, disse Edson Kayapó, curador adjunto de arte indígena do Masp, em entrevista à Agência Brasil.

Uma das obras abertas é da artista Carmézia Emiliano: a Árvore da Vida, com pinturas que retratam o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi. A exposição apresenta 35 pinturas sobre tela produzidas pela artista, oito delas inéditas e desenvolvidas especialmente para a mostra. As pinturas figuram e refletem paisagens e o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi, povo que se localiza principalmente na Maloca do Japó, Normandia, no estado de Roraima. A curadoria é de Amanda Carneiro.

Carmézia Emiliano, Eu, 2022

Autodidata, Carmézia nasceu em 1960 e começou a pintar motivada pelo impacto que teve ao visitar uma exposição de arte em Boa Vista. “A Carmézia Emiliano é uma artista macuxi que começou a sua produção na década de 90 e que produz pinturas, sobretudo, sempre ligadas a temas de vida comunitária e dessa relação de profundo respeito entre os macuxis e a natureza”, explicou a curadora. Sua pintura traz cores vivas, muito movimento e elementos de mitos e saberes macuxis.

A segunda, e maior delas, é Mahku: Mirações, que apresenta pinturas, desenhos e esculturas produzidas pelo grupo de etnia huni kuin e pode ser conferida aqui.

Já na sala de vídeo do museu são exibidos curtas do coletivo Bepunu Mebengokré. “São exposições que inauguram o ano de histórias indígenas [no Masp]. Elas abordam diferentes mídias, suportes e linguagens dessa produção, revelando a diversidade que está contido nas histórias indígenas, histórias que o Brasil deixou de olhar com consistência durante muito tempo”, disse Amanda Carneiro, curadora assistente.

Produzidos pelo coletivo Bepunu Mebengokré, os curtas abordam desde a extração dos pigmentos até os sentidos simbólicos e ancestrais dessas práticas. Os vídeos serão apresentados até o dia 18 de junho, no segundo subsolo do museu. A curadoria é de Edson Kayapó, que também é curador adjunto de arte indígena do Masp.

Coletivo Bepunu Mebengokré, Menire djê_ grafismo das mulheres Mebengokré-Kayapó, 2019 (frame)

O coletivo é liderado pelo jovem cineasta Bepunu Kayapó, que tem assumido protagonismo na apresentação das histórias e das ancestralidades do povo mebengokré e é um formador de novos cineastas. Bepunu é filho do cacique Bepkaeti e mora na aldeia Moikarakô, localizada no município de São Félix do Xingu, sul do Pará. “O coletivo é gerado nesse movimento de formação de cineastas indígenas para pensar as questões do povo mebengokré”, disse o curador, que também é mebengokré. “A nossa arte tem muito desse objetivo de mostrar quem somos nós, o que fazemos, que línguas falamos, quantos somos e como vivemos”, disse.

Ao longo de sua história, o Masp organizou diversas exposições com objetos e registros de comunidades localizadas no território brasileiro tais como a Exposição de arte indígena (1949), Alguns índios (1983), Arte karajá (1984), Índios yanomami (1985) e Arte indígena kaxinawa (1987). Em 2019, o Masp também chegou a ter sua primeira curadora indígena, Sandra Benites.

SERVIÇOS

O que: Carmézia Emiliano: a árvore da vida – Curadoria: Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP – 1o subsolo (galeria)
Quando: De 24 de março até 11 de junho de 2023

O que:  Sala de vídeo: Coletivo Bepunu Mebengokré
Curadoria de Edson Kayapó, curador-adjunto de arte indígena, MASP – 2º subsolo
Quando: De 24 de março até 18 de junho de 2023

Onde: Masp – Avenida Paulista, 1578, São Paulo/SP
Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Mais informações sobre as mostras podem ser obtidas no site do museu

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com informações de agências
Edição: Bárbara Luz

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