As origens do carnaval têm sido buscadas nas mais antigas celebrações da humanidade, tais como as festas lupercais, bacanais e saturnais gregas e romanas ou associadas a fenômenos astronômicos e a ciclos naturais. Independentemente de sua origem, o certo é que o carnaval já existia na antiguidade clássica e até mesmo na pré-clássica, com danças ruidosas, máscaras e a licenciosidade que se conservam até a época contemporânea.
No Brasil, tudo começou com o entrudo português
No Brasil, a folia anual é originária do entrudo, festa pagã européia que chegou ao País com os colonizadores portugueses. Era realizado entre famílias amigas ou pessoas conhecidas, ganhando mais tarde as ruas, envolvendo desconhecidos, atingidos por baldes de água, farinha, cinzas, lama. Casas ficavam inundadas, passantes nas ruas encharcados e todos, senhores e escravos, senhorinhas e mucamas, se divertiam. Foi proibida oficialmente e aos poucos incorporou elementos como o confete, a serpentina e limõezinhos de cera, cheios de água perfumada.
Pernambuco: festa com tempero africano
Da junção da capoeira com o ritmo do frevo nasceu o passo, a dança do frevo – Fotos: United Nations Photo; Passarinho/Pref. Olinda
Em Pernambuco, o entrudo português mudou no século XVII, quando assimilou costumes africanos. No século XIX, surgiram o frevo e o passo, o que deu ao carnaval de Pernambuco uma singularidade única no Brasil. A partir de então, começaram a surgir as primeiras agremiações carnavalescas nos bairros populares do Recife.
Olinda, o maior carnaval do mundo
Em seus primórdios, a história do carnaval de Olinda confunde-se com a história da folia no Recife e em Pernambuco. Tal como hoje a conhecemos, a maior festa popular do mundo é um evento relativamente recente, sendo marcado pelo surgimento de agremiações como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores, fundado em 1907, e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, de 1912, ambos ainda presentes nos carnavais da atualidade.
O carnaval de Olinda preserva as mais puras tradições da folia pernambucana e nordestina. Todo ano, pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos, maracatus, caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e tradições de brancos, negros e índios, base da formação do nosso povo e de nossa cultura.
Nos Carnavais de ontem e de hoje, os Bonecos de Olinda se destacam nas ruas e ladeiras da cidade – Fotos: Passarinho/Pref. Olinda; Chico Atanásio/Pref.Olinda
Um diferencial da folia olindense são os bonecos gigantes, dos quais todo ano são criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Na Terça-Feira Gorda, eles se reúnem e mostram toda sua graça entre os largos do Guadalupe e do Varadouro, em um encontro que se tornou tradição da folia em Olinda. Esses bonecos são uma herança européia e têm sua origem nas procissões do século XV. Lá, os bonecos acompanhavam os cortejos religiosos. Aqui, enfeitam a festa pagã. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda foi o Homem da Meia-Noite, que anima a folia desde 1932.
Os tipos populares também são outra tradição do Carnaval de Olinda. A cada ano, eles enchem as ladeiras da Cidade Alta encarnando personagens inspirados tanto nos noticiários do dia a dia, como nos mais tradicionais costumes, todos retratando em suas fantasias a irreverência e a crítica social tradicionalmente presentes no carnaval da cidade.
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