Halloween ou Folclore Brasileiro? A Resistência Cultural que Precisamos – Artigo de Cláudio Ribeiro

 

“A cada 31 de outubro, o brasileiro se entrega a uma tradição importada enquanto ignora os mitos que moldam sua própria identidade cultural”

Na noite de Halloween, as ruas brasileiras se enchem de bruxas, zumbis e abóboras iluminadas, uma cena que parece, à primeira vista, inofensiva e divertida. Contudo, a festa que se popularizou no país não reflete o imaginário brasileiro. Em vez de dar destaque a personagens como o Saci Pererê, a Cuca ou o Curupira, nossa rica cultura folclórica acaba soterrada sob uma celebração estrangeira, vazia de conexão com nossas raízes. Esse fenômeno revela algo mais profundo: a constante negligência da cultura nacional frente a modismos que pouco ou nada dizem sobre quem somos.

O Brasil é um país plural, repleto de lendas e histórias que fazem parte de nosso patrimônio imaterial. Ao desprezar figuras icônicas do folclore brasileiro em favor de uma festa importada, perdemos uma chance valiosa de fortalecer nossa identidade. Não há nada ultrapassado em celebrar o Saci e outras figuras locais; pelo contrário, trata-se de um ato de resgate e valorização. Enquanto o Halloween é uma tradição passageira em nosso território, o folclore brasileiro traz um universo que nos lembra de nossas origens, ajudando a formar uma consciência cultural sólida e orgulhosa.

É fundamental reconhecer o impacto que essa escolha cultural exerce sobre as novas gerações. Ao verem escolas e eventos abraçando tradições estrangeiras como o Halloween, as crianças brasileiras absorvem a mensagem implícita de que o que vem de fora é mais digno de celebração. Assim, figuras nacionais como o Saci Pererê, a Iara e o Curupira passam despercebidas, seus significados empurrados para um canto esquecido do imaginário coletivo. Essa desvalorização enfraquece o conhecimento e o respeito pelo que nos constitui.

Promover e celebrar o folclore brasileiro é mais do que uma simples preferência: é um ato de resistência cultural contra a uniformização global que ameaça apagar as particularidades e a diversidade. Ensinar nossas crianças a valorizar as próprias raízes cria um sentimento de pertencimento e respeito por nossas tradições. É hora de encorajar essa conexão, de reconhecer o valor das nossas lendas e de garantir que nossa identidade cultural permaneça forte frente às influências externas. Celebrar o que é nosso não é apenas olhar para o passado, mas um passo essencial para moldar um futuro onde a cultura brasileira continue viva, autêntica e respeitada.

Cláudio Ribeiro

Jornalista/Compositor

Formação em Direito

Cientista Político 

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