- Era para ser uma simples cirurgia para retirada de varizes, mas complicações
no procedimento levaram à morte prematura da cantora Clara Nunes, em 2 de abril
de 1983. Mineira de Paraopeba, Clara Francisca Gonçalves Pinheiro foi uma das
mais importantes vozes femininas da música brasileira. O samba e a forte
influência dos ritmos e religiões africanos foram a principal marca de sua
música, ainda hoje celebrada. - A carreira de Clara Nunes começou cedo. Aos 10 anos ganhou um concurso
musical da sua cidade – o prêmio era um vestido azul. Ao longo de toda a
carreira participou e venceu diversos concursos musicais, incluindo os
organizados pelas rádios e os grandes festivais. Já acumulava uma certa fama nas
rádios e emissoras de televisão mineiras, onde chegou a apresentar um programa.
Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a se apresentar em vários
programas de TV, como o de Chacrinha. Foi nessa época que passou a frequentar a
umbanda, religião que teve forte influência na sua identidade musical.
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http://youtu.be/Yb-cT7tfwIc
- Antes de ingressar no mundo do samba, Clara cantou principalmente boleros. Seu
primeiro disco foi gravado em 1966: A Adorável Voz de Clara Nunes. Em
1968 gravou o disco Você Passa e Eu Acho Graça, seu segundo álbum na
carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título foi seu primeiro
grande sucesso radiofônico. O álbum Clara Nunes (1971) produzido por Adelzon
Alves é considerado um marco na carreira da cantora, o “disco da virada”, com um
repertório escolhido por ela, só de sambas. O visual de Clara também mudou a
partir desse disco, ela passou a se apresentar com colares, guias de santo,
vestidos longos, turbantes e rendas. Em 1972, Clara atingiu a marca de 100 mil
cópias vendidas com o compacto da música Tristeza, Pé no Chão . A marca
era inédita para uma cantora feminina e quebrou o tabu de que mulheres não
tinham grande capacidade de vendagem. - A incursão pelo mundo do samba levou Clara Nunes a nutrir uma grande paixão pela
Portela, escola de samba carioca. Aos poucos a mineira se aproximou da escola,
frequentava as rodas de samba e reforçou os laços com a Velha Guarda da Portela.
Se tornou madrinha do grupo e gravou diversos sambas-enredo para a escola. Entre
eles Ilu Ayê, no carnaval de 1972, considerado um dos mais belos
sambas-enredo portelense. No dia 2 de abril de 1983, o seu corpo foi velado por
mais de 50 mil pessoas na quadra da Portela.
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