Filme expõe a brutalidade e a irracionalidade dos conflitos bélicos em solo americano, questionando o papel do país como instigador de guerras globais
A grande sacada do filme Guerra Civil, de Alex Garland, em cartaz nos cinemas, e certamente em breve em alguma plataforma de streaming, é a de levar para o interior dos Estados Unidos os horrores da guerra. Principalmente porque os EUA são acostumados a provocar guerras em todo o mundo por seus interesses geopolíticos, imperialistas e belicistas.
Ao contrário de O Planeta dos Macacos (1968), de Franklin J. Schaffner, onde a destruição do mundo é a destruição dos EUA, porque para eles os EUA são o mundo, no filme de Garland, a guerra adentra o seu país como qualquer outro país, ainda mais no mundo multipolar que prevalece atualmente.
Na trajetória de quatro jornalistas, que atravessam o país (muito comum no cinema estadunidense essa travessia), na cobertura da guerra, o filme debate a insanidade das guerras e o papel da imprensa no mundo contemporâneo.
Porque a mídia do capital ignora até crimes de guerra, como o genocídio de palestinos promovido por Israel na Faixa de Gaza, com apoio intransigente dos EUA, assim como defende a Ucrânia com unhas e dentes na guerra contra a Rússia, por se submeter aos interesses dos EUA.
Impossível não pensar no passado recente da guerra do Vietnã, nos anos 1960/70, com fragorosa derrota dos EUA. Derrota jamais engolida pelo país do norte. E das invasões do Iraque e do Afeganistão, após o atentado de 11 de setembro de 2001.
Com Wagner Moura no elenco, a obra de Garland tem outro mérito ao destacar a desumanização causada por um sistema onde predomina o individualismo e a ignorância. Mostra uma cidade, por onde passam, antes da crise do capital, de 2008, para Eric Hobsbawm, o equivalente à queda do Muro de Berlim, em 1989, para o socialismo
E com o avanço das ideias da extrema direita no mundo, parece natural as execuções sumárias de inimigos já dominados e sem poder de reação, tanto quanto a tortura de inimigos capturados. Uma forte denúncia ao ódio, à violência e à discriminação que dominam mentes sem corações.
Nada do que a realidade não se mostre pior, como acontece por estas plagas, como a juventude negra, pobre e da periferia conhece muito bem por meio violência policial, incentivada por governadores, diversos partidos políticos de extrema direita, religiosos fundamentalistas e de modo nem sempre sutil por parte da mídia do capital.
Mas raramente se vê no cinema estadunidense, os horrores cometidos pelas suas forças armadas. Onde a tortura é usada como forma de dominação supremacista e a morte como justificativa da superioridade deles, que agem como polícia do mundo e filtram tudo aos seus interesses mesquinhos.
E quando ocorrem protestos contra essas guerras, pessoas sofrem repressão sendo inclusive presas. O filme não mostra os soldados estadunidenses como heróis, visão muito comum em Hollywood, principalmente após a derrota que sofreram no Vietnã nos anos 1970. Os soldados são levados pela ideia do vale tudo em uma guerra.
A burrice maior está nos gastos bilionários em armamentos cadas vez mais sofisticados, enriquecendo a indústria da arma e da morte. Dinheiro que poderia ser investido na melhoria de vida de toda a humanidade nos cinco continentes, tanto quando na preservação ambiental para salvar o planeta. Fica evidente que somente a paz interessa à classe trabalhadora, quem mais sofre com as guerras.
Confira abaixo o trailer oficial:
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