Se é certo dizer que tudo no Brasil acaba em pizza, podemos também afirmar que todas as festas acabam em funk, pelo menos no Rio de Janeiro. O ritmo que caiu no gosto dos brasileiros (e de muitos estrangeiros também) tem por trás uma indústria monstruosa, que, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, emprega 10 mil pessoas e movimenta, por mês, cerca de R$ 1 milhão. Nada mal para uma cultura marginalizada, alvo de muito preconceito e estigmas.
Mas, por trás das mulheres fruta, mães loiras e das gigantes paredes de som, estão trabalhadores que vivem na informalidade, muito longe da fama e dos flashes. Um deles é MC Leonardo, 36, cantor e compositor que está na indústria do funk há 20 anos. Presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APA Funk), ele saiu da informalidade há um ano, quando montou uma produtora de audiovisual com seu sócio. Na época, Leonardo procurou o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para obter informações de como se profissionalizar, e se deparou com o empreendedorismo individual. Na hora, percebeu que esta poderia ser uma oportunidade não só para ele (que acabou não se encaixando no perfil), mas para toda a linha de produção do funk.
A Lei do Empreendedor Individual existe há dois anos, e permite que trabalhadores autônomos que ganham até R$ 36 mil por ano possam se formalizar sem custo nenhum. Assim, a pessoa passa a ter um CNPJ, pode emitir nota fiscal, comprar direto do fornecedor, ter acesso a linhas de crédito diferenciadas e participar de licitação. Enfim, é o primeiro passo para fazer o negócio crescer. Contribuindo com cerca de R$ 30 por mês, o trabalhador ainda tem direito a previdência social, por um valor muito abaixo do que ele teria que pagar se contribuísse como autônomo ou trabalhador individual.
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