O Pará tem sangue índio, encravado no meio da floresta. Também tem sangue negro, com traços marcados nos cabelos e na pele da gente daqui. “Trabalhamos na perspectiva de uma Amazônia além da indígena. Existe uma Amazônia negra, que acaba sendo negada”, pontua o DJ Don, membro do Coletivo Casa Preta, que desde 2008 realiza ações culturais de valorização a identidade negra. Dos batuques quilombolas ancestrais, ao hip hop urbano, o Coletivo comemora o terceiro ano de trajetória com a festa de lançamento do projeto Black Hole, hoje, no happy hour do Bar Fuxico.
A temporada da festa segue ainda pelos dias 14, 21 e 28 de dezembro, sempre a partir de 19h. Na programação , pocket shows com Mc Gaspar Du Norte, que fará jam sessions com músicos da banda Simbiose, entre o rap e o groove.
A banda Amazon Crew apresenta sua premiada batalha de dança do hip-hop, o breaking, vencedora do Boty Brazil 2011, e destaque na Boty Braun Final, na França. Nas pick-ups, os DJs Gus e Don Perna tocam jazz, afrobeats, groove, funk, R&B e samba-rock.
RESISTÊNCIA
O evento marca a mudança do selo Blacksfera, que passa a se chamar Black Home e incorpora, além os DJs, uma feira livre de artigos da cultura afro, e o anúncio das ações afirmativas para 2012. Entre elas, o projeto “Bloco Firme”, aprovado pelo Território da Paz, do Minc, e que consiste na formação de um grupo de percussão em uma das áreas mais violentas da periferia da cidade.
“É um bairro marginalizado, mal visto, mas existe uma cultura dentro dessas quebradas. Existe coisa boa e ruim, e queremos mostrar isso, falar sobre isso”, diz Don. O grupo irá reunir cerca de 40 percussionistas moradores da Terra Firme, bairro vizinho de onde se localiza a sede do Coletivo, no Canudos.
“Ali existe um povo precisando e querendo cultura, querendo mudança: a cultura como um todo pode dar força e consciência de quem somos e precisamos fazer para morar num bairro digno. O orgulho de morar na periferia não é testamento de pobreza. Ninguém gosta de morar mal. Orgulho de ser periferia é ter seus valores adquiridos e respeitados”, defende o DJ e ativista.
Desde sua fundação, o Casa Preta, além de festas, promove oficinas de tambores, software livre e dança, além de excursionar pelo país participando de eventos ligados ao debate da identidade negra nacional, como a Marcha Nacional na Campanha de Direitos Quilombolas em Brasília, realizada neste mês de novembro, e Encontro Nacional de Comunidades Quilombolas 2011, no Rio de Janeiro.
PRESTIGIE
A temporada Black Hole, do Coletivo Casa Negra, acontece nesta quarta-feira (30) e nos dias 14, 21 e 28 no Bar Fuxico (Travessa Rui Barbosa 1861, entre Conselheiro e Mundurucus), a partir de 19h. Ingresso: R$10 para homens e entrada franca para mulheres. Informações: 8160.9565. Apoio: Ubi-ZB, Urbanus Street, Mocambo Nus Panus, Traumas Vídeo, Coletivo Casa Preta, Forfun Skate, Amazon Crew e Cosp-Tinta.
(Diário do Pará)
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