Começa a venda dos ingressos para a quinta edição da Festa Literária de Parati (Flip) que, neste ano, terá número recorde de convidados nacionais e estrangeiros. Dezoito nomes internacionais e 22 brasileiros participarão do evento, que acontece entre os dias 4 e 8 de julho, na cidade fluminense.
Diferentemente do ano passado, quando faltaram grandes estrelas e houve baixas importantes de última hora, como o argentino Ricardo Piglia, a programação desta edição garante alguns pesos-pesados.
Os mais importantes são os prêmios Nobel J.M. Coetzee e Nadine Gordimer, ambos da África do Sul. O autor de “Desonra” poderá ser visto em duas ocasiões. No sábado, ele lerá trechos de seu livro mais recente, ainda inédito; e, no domingo, participará da mesa de encerramento. Como nos anos anteriores, a Flip termina com um encontro de vários autores, que lêem para o público trechos de seus livros prediletos.
O time dos latino-americanos está reforçado. Além das participações dos argentinos Alan Pauls e Cesar Aira, que discutirão com interlocutores brasileiros, a mesa “De Macondo a McCondo” terá o mexicano Ignacio Padilla e o argentino Rodrigo Fresán debatendo o rumo das letras no continente após o fim do realismo mágico.
Outro latino-americano esperado é o roteirista mexicano Guillermo Arriaga, autor do celebrado “Babel”. Arriaga vai conversar com o autor de “Sobre Meninos e Lobos” (levado ao cinema por Clint Eastwood), o americano Dennis Lehane.
Temas do mundo contemporâneo, a guerra ao terror, o choque de civilizações e a questão palestina são o pano de fundo dos encontros mais políticos, uma marca registrada da festa de Paraty. Um deles será certamente aquele entre dois mitos do jornalismo literário, o inglês Robert Fisk e o norte-americano Lawrence Wright.
Brasileiros em baixa
O elenco brasileiro está fraco. Faltam veteranos de público cativo, que costumam aglomerar bastante gente. O encontro de interesse mais momentoso é “A Vida Como Ela Foi”, com o autor da biografia proibida de Roberto Carlos, Paulo Cesar de Araújo, e escritores que já tiveram problemas com a Justiça por tratar de personagens públicos, Ruy Castro (“Estrela Solitária”, sobre Garrincha) e Fernando Morais (“Na Toca dos Leões”, sobre Washington Olivetto e a W/Brasil).
O diretor de programação, Cassiano Elek Machado, classifica a participação brasileira como “menos ortodoxa”. “Decidimos expandir os limites da Flip. Entre os escritores nacionais teremos acadêmicos, teatrólogos e artistas plásticos”, disse à Folha.
Mediações
Um problema detectado na edição passada foi o das mediações. Em geral, os escolhidos não se encontravam à altura do debate ou não conheciam bem a obra dos palestrantes ou o tema das mesas. A organização procura resolver esse problema convidando mediadores mais estrelados. O painel entre Guillermo Arriaga e Dennis Lehane, por exemplo, será mediado pelo escritor Marçal Aquino. Já o do moçambicano Mia Couto terá como mediador o angolano José Eduardo Agualusa.
05/06/07