Ponto de encontro de poetas, escritores, pensadores e moradores de favelas cariocas, a Festa Literária das Periferias (Flup) chega à sua nona edição em um formato digital. Este ano, o evento ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de outubro; e 1, 6, 7 e 8 de novembro, com mesas de debates no Rio de Janeiro, e discussões transmitidas de Paris, Edimburgo, Madri, Lisboa, Berlin e Joanesburgo.
Devido ao atual cenário mundial por conta da pandemia de covid-19, toda a programação será oferecida de forma virtual, com exibições através da página da Flup no Facebook e no canal do Youtube.
“Os festivais estão perdendo uma de suas principais características, que é o lugar dos encontros, das trocas, da criação da rede de relações. Por outro lado, estão ganhando um público que nenhum festival do mundo sequer sonhou em ter”, disse um dos fundadores da Flup, Júlio Ludemir.
“Agora, estamos falando para pessoas de todos os estados do país e mesmo de outros países lusófonos. Com as mesas internacionais, certamente falaremos para os países de que essas pessoas vêm, como a Espanha e o mundo hispânico na mesa da Rita Bosaho e da Lucía Mbomio, a França e o mundo francófono na mesa da Assa Traoré e a África do Sul e todo mundo anglófono na mesa do Achille Mbembe.”, acrescentou.
Homenageadas em 2020
Anualmente, a Flup homenageia nomes importantes para a história e a luta das periferias. Com uma programação cada vez mais dedicada às questões raciais, as homenageadas de 2020 são Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez, autoras que estão na origem do feminismo negro brasileiro.
Para Carolina Maria de Jesus, foi dedicado um ciclo de debates que culminará com a publicação de um livro em que cerca de 200 mulheres negras de todo o país, em diversas situações, fizeram uma releitura do clássico “Quarto de Despejo”, que celebra 60 anos em 2020.
Já o Ciclo Lélia Gonzalez traz para o centro da discussão vozes que retratam a categoria político-cultural apresentada por ela nos anos 1980: a amefricanidade. Haverá um amplo diálogo chamado “Lélia Gonzalez, uma intelectual amefricana”, que será dividido por mesas dentro da programação. Além disso, uma coletânea dos ensaios mais importantes de Lélia será lançada na noite de abertura da Flup.
Sobre a Flup
Mais de 100 mil pessoas e 500 autores nacionais e internacionais já participaram das atividades da Festa Literária das Periferias desde 2012, ano da sua primeira edição. Antes de chegar à parte central do Rio, na região da Pequena África, que engloba bairros como Gamboa e Saúde, o festival foi realizado em comunidades cariocas como Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia e Vidigal.
Fonte: Agência Brasil
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