Pintor, escultor, muralista, desenhista, cenógrafo, professor. O artista plástico paulista Mário Gruber (1927 – 2011) desenvolveu várias facetas ao longo da carreira, mas todas elas tiveram origem na sua versão como gravador, arte que aprendeu como autodidata em 1943. É essa face artística que será apresentada na exposição “A Arte Fantástica de Mario Gruber”. A mostra fica em cartaz na Caixa Cultural São Paulo, no centro da capital, até o dia 12 de maio e tem entrada gratuita.
“Ele trabalhou muitos anos nesse viés [gravura]. Até que, nos anos 1960, ele começa a trabalhar com um realismo fantástico por meio da pintura, mas ele continuou fazendo gravura. Ele nunca deixou de fazer. Gruber fazia uma comparação super bonita: a pintura é como uma orquestra e a gravura é como uma música de câmara”, apontou Denise Mattar, curadora da exposição.
Serão apresentadas 50 gravuras e matrizes. A maior parte do acervo pertence à família de Gruber. “Ele gostava tanto de gravura, que ele praticamente guardou um exemplar de cada gravura e também parte das matrizes. Normalmente, os gravadores destroem as matrizes”, destacou Mattar. A curadora explica que o artista passeou por diferentes materiais para produzir as gravuras, como pedra e madeira, mas “ele era acima de tudo um gravador de metal”, informou.
Entre as técnicas utilizadas, estavam água-forte e água-tinta, processos em que os sulcos no metal são feitos com a utilização de produtos químicos. Gruber destacou-se, no entanto, pela utilização de uma técnica rara, chamada maneira negra. Nesse processo de gravação, diferentemente das outras técnicas, trabalha-se do escuro para o claro.
Segundo informações do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na maneira negra, a superfície da matriz é riscada, deixando-a uniformemente áspera. O instrumento chamado brunidor achata as asperezas, obtendo-se diferentes tonalidades, conforme a pressão exercida. “É uma coisa dificílima de fazer. Ele era um virtuoso. Tudo que fazia, ele desenvolvia a técnica ao extremo”, destacou a curadora.
Essa será a primeira exposição póstuma do artista em São Paulo. “Depois da morte dele, houve uma exposição no Rio de Janeiro. Mas aqui em São Paulo, que foi a cidade onde ele morou, viveu e trabalhou toda a vida, é a primeira exposição. É uma mostra que vai abrir uma conversa sobre o trabalho do Gruber e uma possibilidade de, mais adiante, se fazer uma exposição que englobe as outras técnicas também”, declarou Mattar.
Além das gravuras, Mário Gruber é conhecido pelo trabalho peculiar em pintura, no qual expõe imagens classificadas como “realismo fantástico”. “Não tem ninguém que faça algo parecido. Ele é um artista muito difícil de encaixar nos ismos dos críticos”, explica a curadora. Ela destaca ainda a contribuição para a questão da técnica. “Ele tinha uma técnica perfeita. Na pintura, ele foi pesquisar todas as técnicas dos grandes mestres. E conseguiu reproduzir, por exemplo, tintas que há muito tempo não eram produzidas”, destacou.
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