O Ministério da Cultura divulgou essa semana o resultado de uma pesquisa encomendada ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que inventaria o “custo cultura” em seis Estados brasileiros. O levantamento identificou valores de mão de obra e serviços do setor cultural de cinco regiões – salários de atores, cantores, cenotécnicos, diretores, figurinistas, eletricistas, assistentes de som e palco, seguranças, web designers, consultorias, anúncios, entre outros.
É o primeiro levantamento do tipo no País. Foi encomendado na gestão de Juca Ferreira pelo ex-secretário executivo do MinC, Alfredo Manevy, em 2009, e concluído agora. O MinC informou que pretende utilizar o levantamento como base para análise de projetos em busca de dinheiro via renúncia fiscal no governo. As capitais-base da pesquisa foram Belém, Recife, Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Entre as fontes consultadas, estão tabelas de sindicatos e associações, de fornecedores e taxas de serviços públicos.
Na avaliação do ministério, o estudo deve beneficiar também produtores culturais e empresas, que passarão a contar pela primeira vez com indicadores nacionais de preços da cultura, levantados segundo parâmetros e técnicas de mercado. “A pesquisa servirá para finalmente se lastrear e avaliar propostas candidatas à renúncia fiscal pela Lei Rouanet”, diz nota do MinC.
O levantamento será nacional e detectará os valores médios de 255 itens, entre serviços e mão de obra do universo da produção cultural. Entre as curiosidades do material, estão as diferenças entre preços e salários de regiões muito distintas. Por exemplo: pagar um ator de teatro em Recife e Belém pode custar quase o dobro do que custa em São Paulo e Rio de Janeiro – cerca de R$ 400 por semana no eixo Rio-São Paulo e R$ 623 no Norte e Nordeste.
O que se paga a um dramaturgo da área de audiovisual é igual no Norte e Nordeste e no Sul, cerca de R$ 21 mil por obra. Valor que é idêntico ao que se paga ao roteirista do mesmo setor. Visagistas (produtores de figurino) da área cinematográfica cobram de R$ 645 a R$ 1.074,00 por semana. Tradutores, na área editorial, cobram o mesmo no País todo: R$ 0,35 por palavra.
Entre os serviços, o que mais encarece um projeto cultural são os anúncios na mídia. Sem a Lei Rouanet, raramente se conseguiria publicidade para um espetáculo (elemento considerado essencial para o sucesso de um projeto). Os preços variam entre R$ 43 e R$ 105 mil por anúncio de meia página em revista ou jornal, e é linear em todo o País.
O Ministério da Cultura dispõe de um banco de avaliadores de projetos culturais para fins de benefícios da Lei Rouanet, mas as planilhas eram analisadas mais com base no bom senso do avaliador do que em critérios objetivos. Agora, de posse da pesquisa, o MinC poderá saber se algum preço é estratosférico ou se foge das perspectivas de mercado. “A proposta não é engessar e sim servir como parâmetro, em torno do qual deverão gravitar os valores aprovados”, disse, em nota oficial, Henílton Menezes, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC. A base é de agosto, mas, a cada mês, a FGV atualizará os preços em 2 praças, repassando-os ao ministério.
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