Especialistas Atacam o Palhaço Comercial

Não basta o nariz vermelho, o rosto pintado. Não bastam as calças largas, os sapatos grandes, os truques esperados. Ser palhaço vai muito além das formalidades: é “um estado de espírito”, “uma inquietação”. Foi com esses e com outros termos que se definiu essa por vezes tão controversa figura, em debate realizado ontem no auditório da Folha, por ocasião do lançamento da primeira edição da revista anual “Boca Larga – Caderno dos Doutores da Alegria”.

Com ampla participação do público, quase inteiramente formado por pessoas do ramo, especialistas minuciaram o papel do palhaço no mundo moderno. Como consenso, a certeza de que seu uso comercial é uma apropriação indevida. “O sujeito de nariz vermelho que vende Chevrolet na esquina não é o palhaço”, precisou Cristiane Paoli Quito, diretora da Escola de Arte Dramática da USP.

Definida a restrição, era tempo de analisar os espaços que os palhaços ocupam hoje, mais diversos do que no passado. Wellington Nogueira, fundador do grupo “Doutores da Alegria”, que atua em hospitais, fez questão de ressaltar que seu grupo trabalha para promover o riso, e não a cura. “É um trabalho artístico, cultural, que tem um resultado social só como conseqüência”, afirmou, para surpresa de parte da platéia que esperava a definição do palhaço como “sujeito político”.

Os demais debatedores concordaram com Nogueira. E ser palhaço em sua essência, não ter qualquer outro comprometimento senão o riso, talvez tenha sido a conclusão final.

 

 

 

 

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