Este ano, a Secretaria de Cultura da Bahia apoiou os desfiles de 106 blocos de matriz africana através do Programa de Fomento Carnaval Ouro Negro, que contou com um aporte de R$3,670 milhões. Dos 111 blocos cadastrados, apenas cinco não receberam o apoio financeiro, que variou de R$15 a R$100 mil, a depender da pontuação obtida por cada bloco, devido a problemas com documentação ou prestação de contas com o estado.
O programa, entretanto, tem abrangência maior que o simples patrocínio. Em abril, será lançado um edital para apoio continuado às ações culturais dessas entidades que, em sua maior parte, mantém atividades ao longo de todo o ano em suas respectivas comunidades. “O desfile no Carnaval deve ser um resultado desse trabalho. Estamos apostando na requalificação da gestão dos blocos de matriz africana e queremos oferecer condições para que eles tenham maior competitividade também de mercado, buscando a autosustentabilidade”, destaca Meirelles.
A Secretaria de Cultura da Bahia, que também ficou responsável, esse ano, pelo pagamento dos cachês de 102 artistas independentes – dos 112 artistas cadastrados, selecionados e classificados como “notórios” e “emergentes” pelo Conselho Municipal do Carnaval, apenas dez não assinaram contrato para receber os cachês -, planeja ampliar essas discussões com a realização de um seminário, ainda no primeiro semestre, sobre o atual modelo de gestão do Carnaval de Salvador. Durante o evento, será lançada um novo caderno InfoCultura dedicado ao Carnaval, com dados econômicos inéditos sobre os bastidores da festa. Em setembro do ano passado, foi lançada a edição número 1 do InfoCultura, com o título “Carnaval 2007: uma festa de meio bilhão de reais”.
“Este Carnaval comprovou que o modelo que está aí começa a perder força e que é preciso mudar. O debate têm começado a ganhar mais espaço na mídia e diversos estudiosos têm chamado atenção para essa questão”, ressalta Meirelles, lembrando que, hoje, grandes artistas como Gilberto Gil, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e Margareth Menezes já optam por sair alguns dias sem cordas e que é preciso ampliar esses democráticos da festa. “O encontro de Armandinho e Pepeu Gomes, domingo, na Barra, em dois trios sem cordas, foi um dos momentos mais marcantes do Carnaval 2008”, declara o secretário, que desfilou com o Cortejo Afro e com o Afro Pop de Margareth Menezes.