Caso estranho ocorreu em Pinhais, cidade da região metropolitana de Curitiba. Jonnathan Luiz de Paula, artista daquele município, conhecido como “PBone Constrês” no ano de 2014 foi vencedor do FECAPI (Festival de Valores Artísticos de Pinhais), ganhou com a melhor música e melhor composição, e vários prêmios e a promessa de que iria cantar no aniversário de Pinhais. O artista denunciou ameaças e ataques que estaria sofrendo por parte do diretor de Cultura do Município.
Esta noticia é antes de tudo um desabafo, mas também uma maneira de expor o que o Portal Brasil Cultura considera ser um desrespeito com o artista e seu trabalho, cujo principal desejo é se expressar e se conectar com o outro através da sua arte.
Representante da cultura HIP HOP (Formado por três elementos – o rap (música), o break (dança) e o grafite (desenho)) de Pinhais com o RAP (Ritmo e poesia), ficou mais do que feliz em ganhar esse espaço para cantar no aniversário de Pinhais.
Quando Jonnathan Luiz foi confirmar com a direção de cultura do município, recebeu como resposta do agente público LAERCIO SOBRAL, que foi procurado para responder a acusação, mas não retornou as ligações, se estava tudo correto, disse que sim.
Qual não foi a surpresa que o artista teve ao retornar no organismo municipal alguns dias depois, quando percebeu algo: “dias depois fui lá de novo até porque eles me devem um vídeo clipe que ganhei como premiação e não me deram até hoje, e já aproveitar para perguntar, “tudo certo então né?”, e o Diretor Laercio me falou que as coisas tinham mudado, que eu iria ter que passar por uma classificação para provar que sou um artista, mas mesmo assim daria tudo certo, porque não havia um motivo para eu não cantar, mas durante a classificação, me excluíram do Aniversário que ocorrerá no dia 20 de março”.
O hip hop é uma cultura marginal, porque é feita pelo povo, vivida pelo povo e difundida pelo povo. É marginal porque está à margem da sociedade em todos os sentidos, porque é vítima do preconceito, explícito ou velado como parece ser o caso vivido pelo artista que disse: “eu fui perguntar o porquê disso, se estava tudo certo, o mesmo (diretor) me recebeu em sua sala, já com a seguinte frase ( você não está armado né?) achei estranho, mas sentei para conversar, estava acompanhado da minha namorada e um amigo meu, tentei saber o motivo e nada de explicações, até que o mesmo me falou, você não é um artista preparado para isso, e eu claro, falei sobre o festival que ganhei, o único a ganhar em duas categorias, e ele já me falou você é uma criança, busque alguém que entenda de leis, e mesmo assim seguimos conversando, após a saída da minha namorada e meu amigo da sala, fiquei só eu e ele conversando, e ele apenas me agrediu verbalmente, e sequer me deu a explicação do ocorrido. Na verdade senti em suas palavras e em seu olhar o preconceito contra uma arte que tem a força que vem do lado negro, pobre, inferiorizado”.
Fica evidente um completo desrespeito de procedimentos básicos em ação cultural, assim como o desrespeito e descaso com o artista. O desgaste e decepção desse processo levou após essa experiência o artista procurar o Portal da Cultura Brasileira e denunciar. Não queremos de maneira alguma questionar a qualidade dos projetos e ações desenvolvida pela diretoria no município, mas nos é impossível não questionar todo o processo de desrespeito com uma pitada de preconceito estético musical. O Portal está aberto para explicações.
Através de expressões artísticas intensas, o povo da periferia, como é o caso de Jonnathan Luiz e outros iguais, que encontrou no hip hop a vontade de viver, motivação e a consciência de cidadania. O mínimo que o hip hop propõe com suas manifestações e expressões que mudam e desenvolvem-se a cada dia é um olhar livre de preconceitos principalmente do poder público.
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