O movimento tem início em São Paulo para baixar a tarifa do transporte coletivo. Até ai acho legitimo. O governador Alckimin auxiliado pela Globo, chama os manifestantes de violentos e
vândalos. De repente, não mais que de repente vira tudo. Jabor na Globo pede desculpas, Folha de São Paulo, Estadão e Blogues direitistas entram no movimento e a manifestação em SP, que em tese era legítima como disse, teve infiltração da extrema-direita, que então desvirtua o movimento por meio da baderna e da depredação. Apostando na alienação política da população. A repressão da PM mostra despreparo e excessos. A PM é comandada pelo governo
estadual, que é de direita. Soma-se a isso algo recente: boatos espalhados sobre o Bolsa Família há poucos dias para desestabilizar o programa de assistência social. As pré-candidaturas da oposição que estão fazendo água antes de começarem. Existe no Brasil uma forte corrente de pensamento conservador. Sempre existiu, aliás, durante o império e durante a república,
todos os presidentes e Governos , até 2003, sempre tiveram um perfil conservador, uns mais outros menos. Por isso tudo isso cheira a golpe.
E ai então não se pode desconsiderar que há um crescimento dos grupos de extrema direita no Brasil. Nestas manifestações estão presentes e misturados aos que sinceramente lutam por uma causa, os representantes da extrema direita que sabem que tais eventos representam a
oportunidade para dar expressão política a setores que já existiam, mas que, no marco representativo da democracia, permanecem digamos, sob controle até agora.
Basta olhar essas manifestações em todo o Brasil, ainda que não tenha de fato uma visão clara para a maioria, há uma voz política bradada pela grande imprensa neoliberal e exatamente por isso não podemos menosprezar estas manifestações cada vez mais freqüentes que são em verdade parteiras da homofobia, racismo, apologia à repressão e dentro em breve será um “fora
Dilma”, como deseja a mídia golpista e setores conservadores no país.
Dentro em breve veremos reabilitarem o discurso da ditadura cívico-militar com os setores mais conservadores da Igreja Católica, como TFP e Opus Dei somando-se aos pentecostais, que são centros de pregação do ódio e de disseminação da infâmia. Assim como forças antidemocráticas estavam à espera do AI-5 para agir no tempo da ditadura, alguns filhotes do derrotado
regime voltam à carga hoje e podem muito bem se apropriarem de movimentos como
esses e lançarem à linha dura às viúvas do velho processo repressivo e dar
oportunidade de exercer, na prática, a sua fé fascista e antidemocrática. Essa reflexão é uma proposta de debate que deve e precisa comover as forças de esquerda no urgente reencontro. Quanto às manifestações espero estar errado. Espero morder a língua. Mais cheira golpe, isso cheira.
Cláudio Ribeiro
Jornalista e Compositor
(Apresentador Oficial da Campanha Cívica e Cultural “Diretas Já” e “Fora Collor”).
Faça um comentário