Defesa de Led Zeppelin cita “Insensatez”, de Tom Jobim

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Professor da Universidade de Nova York diz que sequência de “Stairway to heaven” é usada há 300 anos e se assemelha ao clássico brasileiro.

Terminou a primeira semana do julgamento de Jimmy Page e Robert Plant, ex-integrantes da banda inglesa Led Zeppelin, autores de Stairway to heaven, de 1971. Desde 2014, são acusados de plágio pelo representante legal de Randy Wolfe, já morto, guitarrista da banda americana Spirit. A acusação: o “riff” de guitarra na abertura de Stairway teria sido roubado de Taurus, de 1967, uma composição de Wolfe. Em defesa de Page e Plant, um professor de música de Nova York disse que o recurso usado pelo Led Zeppelin é uma progressão comum, usada há 300 anos por muitos compositores, entre eles Antônio Carlos Jobim em Insensatez.

Há 45 anos, o Led Zeppelin, lançava Stairway to heaven, música que levou a banda inglesa a um paraíso de pelo menos US$ 58,5 milhões em direitos autorais e, desde 2014, ao inferno de uma ação por plágio movida por Michael Skidmore, representante legal de Randy Wolfe, já morto. O litígio: Skidmore acusa Robert Plant e Jimmy Page, respectivamente cantor e guitarrista do Led Zeppelin, de terem roubado de Taurus, música instrumental composta por Wolfe e gravada pela banda americana Spirit, em 1967, o riff de guitarra que abre Stairway to heaven, uma das músicas mais conhecidas do rock’n’roll.

 

O julgamento teve início no dia 14, no Tribunal Federal de Los Angeles, e promete um debate longo até que se chegue a uma conclusão. De um lado, os acusadores reivindicam que Randy Wolfe, também conhecido como Randy California, seja reconhecido com coautor da música. Ao mesmo tempo, contrataram um especialista em royalties provenientes de composições musicais, Michael Einhorn, para testemunhar em favor da causa de Skidmore/Randy Wolfe. Como a dupla Page/Plant teria faturado US$ 58,5 milhões com a música, uma reparação em dinheiro poderá ser fixada pelo juiz ao final do julgamento.

 

Até lá, porém, muitos depoimentos são aguardados. No dia 15, Jimmy Page depôs e disse que não se lembra de já ter ouvido algum álbum do Spirit. Um dia depois, John Paul Jones, ex-baixista do Zeppelin, hoje com 70 anos, também depôs a favor de seus antigos companheiros de banda.

 

https://www.youtube.com/watch?v=9Q7Vr3yQYWQ

300 anos

 

Para defendê-los, Jimmy Page, 72 anos, e Robert Plant, 67 anos, chamaram o musicista Lawrence Ferrara, professor de música da Universidade de Nova York, para um depoimento não muito usual. O depoente não apenas falou como também tocou piano para sustentar seus pontos de vista. Disse que o riff de abertura de Stairway to heaven não passa de uma muito comum progressão cromática menor descendente usada há mais de 300 anos e, desde então, por todo tipo de músicos populares.

 

– Essa progressão, esse movimento, tem sido usado há 300 anos, datando do século 17. No século 20, antes de Taurus, um grande número de músicos populares, artistas e compositores também usou essa progressão. Trata-se de um bloco de construção musical, que não pode ser considerado uma propriedade intelectual, mas um lugar comum musical. Não se trata de alguma coisa que uma pessoa possa ser dona, mas algo que compositores de todos os gêneros musicais fazem –, disse Ferrara à corte.

 

E não parou por aí. O professor de música afirmou que essa mesma técnica musical, o mesmo tipo de progressão cromática menor descendente pode ser observada em composições famosas como My funny valentine, de 1937, composta por Richard Rodgers e Lorenz Hart, em Michelle, dos Beatles, composta em 1965, e em Music to watch girls by, de Bob Crewe, lançada em 1966, ou seja, bem antes de Taurus.

 

Para encerrar esse desfile de comparações, Ferrara mostrou um trecho de Insensatez, música de Antônio Carlos Jobim, de 1961, que, segundo o professor, também teria usado o mesmo tipo de progressão cromática presente em Stairway to heaven.

 

Se a moda lançada pelos advogados do guitarrista do Spirit pegar, as similaridades demonstradas pelo professor Ferrara ao juiz federal de Los Angeles poderão dar combustível para que outros compositores processem o Led Zeppelin por plágio. A revista Rolling Stone, por exemplo, ironizou a situação e até aventou a insensata hipótese de a família Jobim também acionar seus advogados.

 

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