Curtas Brasileiros são Valorizados em Festivais

Quem gosta de cinema sabe que no mês de maio, a partir do dia 11, se realiza na França o Festival de Cannes, uma das mais tradicionais manifestações culturais da Europa e do mundo. Mas nem todos sabem que ontem começou na Alemanha um dos mais antigos festivais cinematográficos exclusivamente dedicado ao formato do curta-metragem, o Festival de Oberhausen.
Do festival de Cannes participam dois longas e três curtas do Brasil – nenhum dos longas na competição oficial. Para o de Oberhausen, foram selecionados três filmes brasileiros – todos na disputa oficial. O contraste entre os formatos é evidente e mostra a força do curta brasileiro, muito valorizado pela classe cinematográfica como adequado à experimentação, mas nem sempre tão procurado pelo público em geral.

O pernambucano Marcelo Gomes e o cearense Karim Ainouz participarão de ambos os eventos. Em Cannes, Gomes faz parte da seleção oficial, na mostra Un Certain Regard, com seu filme de estréia como diretor de longas-metragens de ficção, Cinema, Aspirinas e Urubus. Ainouz, que assinou o poderoso Madame Satã, estará presente como roteirista do filme de Gomes e do de Sérgio Machado, Cidade Baixa, selecionado para a mesma mostra.

Em Oberhausen, Gomes e Ainouz dividem a direção do documentário em curta-metragem Sertão de Acrílico Azul Piscina. Concebido como longa, o filme foi embalado em 26 minutos de duração para responder às exigências do concurso de finalização do projeto Rumos, do Instituto Itaú Cultural. Mas nem a dupla de diretores, nem a produtora Daniela Capellato, desistiram da idéia inicial. “Ainda estamos captando para voltar novamente ao material, que é muito rico”, disse Gomes.

Os curtas selecionados para Cannes são O Lençol Branco, de Juliana Rojas e Marco Dutra, que será exibido na seleção da Cinéfondation, dedicada a filmes de estudantes, e Da Janela do Meu Quarto, de Cao Guimarães, e Vinil Verde, de Kleber Mendonça Filho, que integrarão a Quinzena dos Realizadores. Os outros filmes selecionados para a competição oficial de Oberhausen são A Man. A Road. A River, do mineiro Marcellvs L., e O Nome Dele (O Clóvis), dos cariocas Felipe Bragança e Marina Meliande.

Embora a maior parte desses jovens cineastas seja unânime em reafirmar o clichê de que “já é um prêmio ter sido selecionado”, sabe-se que a expectativa de uma premiação é grande e que a vinda do reconhecimento pode mudar muita coisa. Que o digam diretores veteranos, como Francisco César Filho e Tata Amaral, que ganharam o Grande Prêmio do Júri em Oberhausen, na edição 1987, com o documentário Queremos as Ondas do Ar! “Ser selecionado é bom, mas ser premiado dá muita confiança e abre muitas portas”, disse Chiquinho.

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