A vice-governadora Luciana Santos coordenou, nesta terça (12), mais um fórum de diálogo do Pernambuco Com Elas, desta vez, sobre a participação feminina na cadeia produtiva da cultura. No encontro, que contou com a presença de representantes de setores como audiovisual, artesanato e produção de eventos, foram apresentadas propostas para reduzir a desigualdade de gênero nesse mercado de trabalho.
Ao iniciar sua fala, Luciana destacou que, em um momento de crise e altos índices de desemprego, o governo do estado trabalha para ser um contraponto à gestão federal, que não prioriza o crescimento econômico.
“Não podemos contaminar Pernambuco com o ambiente de ceticismo e desesperança que existe em nível nacional. Ninguém aqui quer vender a ilusão que nós sozinhos vamos resolver o problema da empregabilidade, mas nós vamos, a partir das nossas possibilidades, trabalhar para, por exemplo, atrair investimentos, como tem feito o governador Paulo Câmara. E, dentro das nossas oportunidades e vocações, ter um olhar para o trabalho da mulher”, disse.
De passagem pelo estado para lançar seu livro “Por que lutamos?”, a ex-candidata a vice-presidente Manuela d’Ávila participou do início da reunião e ressaltou o caráter inovador do Pernambuco Com Elas.
“Eu acho que esse trabalho que vocês desenvolvem aqui é inédito no Brasil: um grupo de trabalho permanente, que vai estruturando as políticas para enfrentar uma das faces mais cruéis da diferença que se estabelece historicamente, socialmente, culturalmente entre mulheres e homens. No dia que as mulheres tiverem independência econômica ou mais formas de viverem suas vidas, elas vão ficar cada vez mais fortes”, disse.
De acordo com dados do Ministério da Economia, a participação das mulheres no mundo do trabalho formal da Cultura, em Pernambuco, é hoje de 41%. Mas a média salarial delas é inferior, R$2.015, diante dos R$2.293 pagos a eles.
No encontro, diversos participantes ressaltaram a necessidade de mapear de forma mais detalhada a presença das mulheres nesta cadeia produtiva. De acordo com o secretário de Cultura, Gilberto Freyre Neto, é preciso pensar o assunto de forma transversal e provocar outros parceiros, para que se consiga penetrar em todos os cantos do estado.
“Precisamos conversar com todos os segmentos. A ideia é que a cultura seja um reflexo da identidade de um território, e aí cabem todos nós – do candomblé, à igreja católica, o recorte das necessidades específicas, o recorte de gênero”, apontou.
Nos livros e debates
O presidente da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Ricardo Leitão, afirmou que o órgão que dirige quer contribuir para o debate de ideias relacionado às pautas femininas. Nesse sentido, anunciou que a editora está à disposição para publicar obras que abordem o tema, como forma de estimular no estado reflexões sobre a situação da mulher hoje. Segundo ele, pode ser inclusive criado um selo com este objetivo.
Da esq.p/dir. Ricardo Leitão, Gilberto Freyre Neto e Luciana Santos. Foto: Rodrigo Barradas/VG
“Também colocamos à disposição nosso circuito literário, que realiza 15 feiras literárias em todas as microrregiões do estado, do Sertão ao Litoral. Podemos abrir espaços na programação para que as mulheres de Pernambuco se expressem e discutam esses temas”, colocou.
Audiovisual e formação
A secretária executiva de Cultura, Silvana Meireles, destacou inciativas já existentes no governo, no sentido de estimular a presença das mulheres nos espaços relacionados à cultura. Ela lembrou que, no edital do Funcultura de 2018, 62% dos projetos de obras audiovisuais selecionadas tiveram diretoras ou roteiristas mulheres, quando a média nacional não passa de 20%. “É um exemplo do que podemos adotar em outras áreas”, disse.
Ela falou ainda sobre a importância de formar mulheres para preencherem lacunas hoje existentes na cadeia produtiva da cultura. “Sem formação, a dependência exclusiva do artista em relação ao dinheiro do estado, não é eliminada. Precisamos dar um mínimo de autonomia”, defendeu, sugerindo ainda a possibilidade de lançamento de um edital de microprojeto para beneficiar atividades culturais de baixo orçamento, que tenham compromisso com empreendedorismo, transmissão de saber, com impacto social para mulheres.
Participantes apontam necessidade de mapeamento detalhado do setor. Foto: Rodrigo Barradas/VG
Karina Hoover, da Luni Produções, falou sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam na área da cultura. “A formação da mulher está majoritariamente na base, na área de produção, que é o que faz o filme acontecer. Mas a gente é muito mal valorizada por essas funções. E no mérito também. Sinto uma falta grande de formação de mulheres para esses cargos principais, de diretora do filme, diretora de fotografia, são poucas. Qualquer processo de inclusão da mulher no mercado criativo, precisa de formação”, opinou.
A diretora de conteúdo do Paço do Frevo, Vanessa Marinho, ressaltou a importância de ter maior representatividade de raça na cultura. “Temos que pensar na produção das mulheres negras também”, sublinhou, propondo uma articulação para que se possa encontrar saídas a partir do trabalho em rede, diante da escassez de recursos.
A secretária da Mulher, Silvia Cordeiro lembrou que, para além da formação técnica, é preciso oferecer também uma formação cidadã e sociopolítica para as mulheres. “É preciso falar sobre a condição da mulher nem Pernambuco. A gente tem feito isso no projeto de capacitação Ela Pode. A gente fala da violência contra a mulher, da dupla jornada de trabalho, da subrepresentatividade feminina na política, porque é importante essa compreensão”, indicou.
Do Recife, Ascom Vice-Governadoria
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