No dia 13 de Julho do ano de 1884, um domingo de muito frio, nasceu Cornélio Pires, na cidade de Tietê, veio à luz na chácara de seus tios Eliseu de Campos, (Chico Eliseu) e Isabel Pires de Campos, (Nhá Be), avô do popular Ariowaldo Pires (Capitão Furtado) e do radialista Mauro Pires. A chácara ficava na divisa entre o bairro de Sapopema e o do Garcia, e nela moravam todos da família de Cornélio. Segundo o escritor, era décimo quarto neto de Piquerobi, chefe dos índios Guaianazes, sétimo neto de Brás Cubas, sétimo neto de Pedro Taques, décimo sétimo neto de Martim Leme, tronco dos famosos Lemes, da cidade de Burges, capital da Flandres Ocidental, décimo terceiro neto do velho Chefe índio Tibiriçá, oitavo neto do governador Álvares Cabral, que por sua vez era sobrinho de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, descendia também de João Ramalho e Antonio Rodrigues, portugueses que provavelmente faziam parte das expedições de João Dias Solis, ou de Fernando de Magalhães, que vieram à América, o primeiro em 1513 e o segundo em 1519, “ficaram nas praias de São Vicente por causas ainda hoje ignoradas”. Cornélio Pires deixou ainda registrado, ter possuído sangue Espanhol, Escocês, Belga, Português, Índio e Francês, este ultimo via Gurgel e Missel. Numa conversa com amigos, em uma noitada, disse “Pelo lado português, descendo de Antônio Rodrigues e João Ramalho, por isso sempre me atraíram os Fados e Viras, o Castelhano me deixou especial inclinação para os trocadilhos, do Holandês me ficou a tendência para o fumo, a cerveja e a genebra, dos meus antepassados Belgas herdei a bonacheirice moleirona, dos meus ancestrais Escoceses (os Drummond), não cheguei nem a herdar a sovinice, dos Franceses (Gurgel e Missel), ficou-me uma parcela insignificantíssima de cortesia”. Agora, seu sobrinho, Mauro Pires é quem diz: – De seu pai, Raimundo Pires, homem de sete instrumentos, pois sabia fazer tudo com perfeição, Cornélio herdou o bom humor inesgotável, a graça para contar piadas e anedotas, com as quais divertiam-se os sócios de clubes e freqüentadores de teatros quando de suas apresentações.
O NASCIMENTO, SEU NOME, SEU BATISADO E SUA INFÂNCIA
Cornélio foi descendente de Bandeirantes, era filho de Raimundo Pires de Campos e de Ana Joaquina de Campos Pinto, (D. Nicota), nasceu antes do tempo, pois Tia Nicota, grávida de Cornélio, escorregou em uma casca de laranja, caiu sentada e passou a sentir fortes dores, acabou indo para a cama por volta das 11 horas. Quando Tio Raimundo chegou da roça, teve que cortar o cordão umbilical do recém nascido. Como vê, nascido antes do tempo e ainda com o nome trocado. E o próprio escritor diz: “Meu nome tem a sua historia”. Uma de minhas tias maternas andava de namoro com um parente chamado Rogério Daunt, e foi ela que me levou a Pia Batismal. Ao me batizar, Padre Gaudêncio de Campos, que era nosso parente, e nesta época já bem velho e muito surdo, pergunta: “Como se chama o inocente?”. Ao que responde sua Tia, “Rogério”. E o Padre – “Eu te batizo, Cornélio…”. E Cornélio crescia, porém desde cedo revelou-se um chorão de primeira, por qualquer motivo soltava as lágrimas. Certa feita, sua mãe o levou para visitar alguns parentes, e em meio a conversa com os adultos, ele começou a chorar sem nenhuma razão. A dona da casa, muito preocupada, desdobrou-se para acalmá-lo dizendo: -Que é isso Cornélio…, o que você tem? – Perguntou ela com ternura, alisou-lhe os cabelos loiros e deu-lhe uma moeda de alguns reis. – Tá, tome este presentinho pra calar o bico. Coitadinho! O menino parou de chorar, limpou as lágrimas com as costas das mãos e exclamou. – Ah! A senhora pensa que eu choro por dinheiro? E bem rápido, agarrou o níquel, enfiou no bolso da calça de brim e iniciou outra choradeira. De outra feita, um outro tio, muito zombeteiro, sempre que o encontrava, dava-lhe amáveis e doidos piparotes na cabeça. A brincadeira tornou-se monótona pela repetição. O menino não gostava dos gracejos, porém, nunca se queixou aos pais. D. Nicota, contudo, soube dos que se passava e recomendou ao filho, entre divertida e indignada. – Quando ele bater outra vez, você responda que não foi batizado por Cabeçudo. Certo domingo, o garoto se dirigia ao jardim, quando se encontrou com o parente e este repetiu o gesto e usou da mesma expressão. Cornélio, pensando no que sua mãe lhe disse, foi logo dizendo todo atrapalhado. – “Não fui BATIZUDO por CABECADO! E saiu de cara amarrada entre risos dos presentes. Outra passagem, ocorreu em uma das tentativas de alfabetização de Cornélio. Seus pais já cansados em tentativas frustradas, conheceram um grande sábio dinamarquês, Alexandre Hummel, um professor ideal para o filho, pensavam os pais. Hummel era pobre, solteiro, sóbrio, vivia em hotéis quando podia, altivo de caráter. Vivia baixando em fazendas, lecionando quase que só a troca de cama e mesa. Ensinava tudo o que lhe pediam e dominava muito bem o português. Com a morte de Ruy Barbosa, o jornal “O Tietê” encomendou-lhe uma reportagem. O sábio Dinamarquês, sentou-se a mesa da redação e redigiu um bonito artigo sobre Ruy Barbosa, sem consultar livros ou biografias. Hummel era dono de uma memória prodigiosa, dominador de vários idiomas, tinha um bom senso de humor, porém não era humorista, no sentido popular. Isto não lhe deixava entender ou tolerar um menino gordo, muito feio, cheio de vontades. Talvez no seu íntimo, vendo a desatenção do caipirinha, às vezes o tachasse de burro. Mas não foi o que disse um dia irritado. – “CORRRNELIO PIRRES”, você e muito “INTELICHENTE, mas e muito “IGNORRANTE”!.
SUA INICIAÇÃO LITERÁRIA E SUA MATURIDADE
Já crescido, por volta de 1907, conhecido como Tibúrcio, este apelido, ele ganhou na passagem de um circo pela cidade, que possuía um orangotango chamado de Tibúrcio, seus amigos achando alguma semelhança, passaram então a chamá-lo de Tibúrcio. Cornélio foi trabalhar, a convite de um tal Dr.Vieira, na redação do jornal “O Movimento”, semanário político que circulava na cidade de São Manoel, em S.P. Certa noite, alguém lançou um concurso de feiúra e divulgou pela cidade. Poucas semanas depois, o redator do jornal de Dr. Vieira, anunciou que, Cornélio Pires, ele mesmo, ganhara o concurso – por unanimidade! – O tieteense sempre brincalhão, achou graça e cooperou no certame para sua melhor performance. No dia da entrega do premio, lá estava o vencedor pronto para receber seu premio: “Uma corda para se enforcar”! Esta outra ocorreu pelo ano de 1933, já beirando os 49 anos, com a afamada superstição do numero 13. Um grande amigo das noitadas de Cornélio o encontrou sentado em um banco na Praça do Patriarca muito pensativo. Começaram a conversar e em pouco tempo estava formada a tradicional roda em volta dos dois. Alguém fez referências ao acaso de certas pessoas serem perseguidas pelo numero 13. Cornélio com aquele jeitão, achando sempre um “a propósito” para todos os casos, chamou a atenção da roda. – Pois saibam vocês que tenho grande predileção pelo número 13, e sou por ele fartamente retribuído. E Cornélio começou sua descritiva:
Cornélio Pires – 13 letras. Vi a luz em Julho – 13 letras. Nasci no dia treze – 13 letras. Século passado – 13 letras. Eu sou paulista – 13 letras. Sou brasileiro – 13 letras. Nasci no Brasil – 13 letras. Sul de São Paulo – 13 letras. Cidade de Tietê – 13 letras. D.Anna Joaquina (minha mãe) – 13 letras. Raimundo Pires (meu pai) – 13 letras. Poeta e caipira – 13 letras. Poeta e “conteur” 13 letras. Conferencista – 13 letras. Escrevo livros – 13 letras. Sou muito pobre – 13 letras. Sou muito feliz – 13 letras. Eu sou solteiro – 13 letras. Amei treze “emes” (o M e a 13 letra do alfabeto) – 13 letras. E o escritor regionalista concluiu: Não cito os nomes das minhas 13 namoradas, porque, vocês compreendem… E com esta, até logo. – Para aonde vais? – Vou tomar Bonde! – E note uma coisa, que sua pergunta e minha resposta, ambas tem 13 letras!
O ENCERRAMENTO DA VIDA E A PASSAGEM PARA A POSTERIDADE
Até doente Cornélio ainda mostrava sua veia de humorista. Esta aconteceu no hospital que Cornélio estava internado, em São Paulo. Ele recebia visitas de parentes, em seu quarto, quando entrou uma enfermeira com sua medicação diária. Era composta de comprimidos e de uma injeção. Tomou os comprimidos enquanto a enfermeira preparava a seringa. Virou-se ela e perguntou. – Sr. Cornélio, aonde quer que aplique esta injeção? Cornélio olhou para os braços já todos picados, olhou para cima, para os lados e sem cerimônia disse: – Pode aplicar ali na parede mesmo! Algum tempo depois, em 17 de Fevereiro de 1958, as 2:30 h , falecia Cornélio Pires no Hospital das Clínicas de São Paulo, vítima de câncer na laringe. Seus restos mortais foram trasladados no mesmo dia para sua cidade natal e sepultados no cemitério local. Faleceu solteiro convicto e em plena lucidez, tinha 74 anos incompletos. Foi enterrado de pijamas e descalço, conforme sua vontade.
BIBLIOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES
Musa Caipira,
São Paulo, 1910, Livraria Magalhães, rua do Comércio, 27, 96 págs.
Monturo,
poemeto, São Paulo, 1911, Editores: Pocai-Weiss, Largo do Arouche, 1.
Versos,
Empresa Gráfica Moderna, São Paulo, 1912,162 págs.
Tragédia Cabocla
(novela), 1914.
Quem Conta um Conto…
, São Paulo, 1916, Seção de Obras de “O Estado de S. Paulo”, 202 págs.
Cenas e Paisagens da Minha Terra,
Monteiro Lobato & Cia. Editores, São Paulo, 1921, 184 págs.
Conversas ao Pé do Fogo,
Tipografia Piratininga, rua Brigadeiro Tobias, 16, São Paulo, 1921, 252 págs.
As Estrambóticas Aventuras do Joaquim Bentinho
(O Queima Campo), Imprensa Metodista, São Paulo, 1924, 220 págs.
Patacoadas,
Livraria Alves, rua Líbero Badaró, 129, São Paulo, 1926, 226 págs.
Seleta Caipira,
Irmãos Ferraz, São Paulo, rua Vergueiro, 48, 156 págs.
Mixórdia,
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1927, 256 págs.
Meu Samburá,
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1928, 272 págs.
Continuação das Estrambóticas Aventuras do Joaquim Bentinho
(O Queima Campo), Companhia Editora Nacional, 1929, 166 págs.
Tarrafadas,
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1932, 186 págs.
Sambas e Cateretês,
Gráfica-Editora Unita Ltda., rua Três de Dezembro, 12, São Paulo, 1932, 352 págs.
Chorando e Rindo.
. ., Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1933, 256 págs.
Só rindo, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1934, 240 págs.
Tá no Bocó,
Companhia Editora Nacional, SãoPaulo, 1934, 240 págs.
Quem Conta um Conto… e Outros Contos,
Livraria Liberdade, São Paulo, 1943, 288 págs.
Coisas d’Outro Mundo,
São Paulo, 1944, 200 págs.
Onde Estás, o Morte?
Edição do Autor, 1944, 192 págs.
Enciclopédia de Anedotas e Curiosidades,
Editora Cornélio Pires Ltda., rua do Seminário, 173, São Paulo, 1945, 500 págs.
DISCOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES
Série Caipira”Cornélio Pires”
Gravadora Colúmbia
MAIO DE 1929
20.000 – ANEDOTAS NORTE AMERICANAS e ENTRE ITALIANO E ALEMÃO – Anedotas – Cornélio Pires.
20.001 – REBATIDAS DE CAIPIRAS e ASTÚCIA DE NEGRO VELHO – Anedotas – Cornélio Pires.
20.002 – SIMPLICIDADE e NUMA ESCOLA SERTANEJA – Anedotas – Cornélio Pires.
20.003 – COISAS DE CAIPIRA e BATISADO DO SAPINHO – Anedotas – Cornélio Pires.
20.004 – DESAFIO ENTRE CAIPIRAS e VERDADEIRO SAMBA PAULISTA – Turma Caipira Cornélio Pires.
20.005 – ANEDOTAS CARIOCAS – Cornélio Pires. DANÇAS REGIONAIS PAULISTAS Cana-Verde-Cururu – Turma Caipira Cornélio Pires.
OUTUBRO DE 1929
20.006 – COMO CANTAM ALGUMAS AVES – Imitações – Arlindo Sant¢ Anna, e JORGINHO DO SERTÃO – Moda de Viola – Mariano & Caçula (da Turma Caipira Cornélio Pires).
20.007 – A FALA DOS NOSSOS BICHOS – Imitações – Arlindo Sant’Anna, e MODA DO PEÃO – Moda de Viola – Cornélio Pires e Turma Caipira Cornélio Pires.
20.008 – OS CARIOCAS E OS PORTUGUESES – Anedota – Cornélio Pires, e MECÊ DIZ QUE VAI CASÁ – Moda de Viola -(de Nitinho Pinto) – C/ Zico Dias e Sorocabinha (da Turma Caipira Cornélio Pires).
20.009 – TRISTE ABANDONADO – Moda de Viola, com Zico Dias e Sorocabinha, e NO MERCADO DOS CAIPIRAS – Anedota – Cornélio Pires.
20.010 – AGITAÇÃO POLÍTICA EM SÃO PAULO e CAVANDO VOTOS – Anedotas – Cornélio Pires.
SEM DATA
20.011 – UM BAILE NA ROÇA e UMA LIÇÃO COMPLICADA -Cornélio Pires & Arruda.
20.012 – AS TRÊS LÁGRIMAS (Declamação) – Campos Negreiros, e PUXANDO A BRASA – Anedota – Cornélio Pires & Arruda.
20013 – A MODA DA REVOLUÇÃO – Moda de Viola – Cornélio Pires e Arlindo Sant’Anna, e VIDA APERTADA – Anedota -Cornélio Pires & Arruda.
20.014 – CATERETÊ PAULISTA-Cornélio Pires e Arlindo Sant’Anna, e NITINHO SOARES – Moda de Viola – Cornélio Pires, Mariano & Caçula (TCCP).
20.015 – O BONDE CAMARÃO – Moda de Viola, e SÔ CABOCRO BRASILÊRO – Moda de Viola – CP e Mariano & Caçula (TCCP).
ABRIL 1930
20.016 – NAQUELA TARDE SERENA – Contra-Dança Mineira – CP, com Antônio Godoy e sua Mulher, e TOADA DE CURURU -Contra-Dança Paulista – CP, com Mariano & Caçula (TCCP).
20.017 – SABIÁ ME FAIZ CHORÁ – Contra-Dança Mineira – CP, com Antônio Godoy e sua Mulher, e A BRIGA DOS VÉIO – Moda de Viola – CP, com Mariano & Caçula (da TCCP).
20.018 – TRISTE APARTAMENTO – Moda de Viola Mineira, e PORFIANDO – Desafio, com Antônio Godoy e sua Mulher.
20.019 – BATE PALMA – Contra-Dança Mineira, e NAS ASAS DE UM BEJA-FLÔ – Moda de Viola – CP, com A. Godoy e sua Mulher.
20.020 – TOADA DO CATERETÊ e TOADA DE SAMBA – CP, com Mariano & Caçula (da TCCP).
20.021 – SITUAÇÃO ENCRENCADA – Moda de Viola, e ESCOIENO NOIVA – Moda de Viola, com CAIPIRADA BARRETENSE.
JUNHO DE 1930
20.022 – BIGODE RASPADO – Moda de Viola, com Mariano e Caçula (da TCCP), e ESTRAGUEI A SAPAIADA – Anedota -CP.
20.023 – A MINHA GARCINHA BRANCA – Toada – Com Antônio Godoy e sua Mulher, e TOADA DE CANA-VERDE – Com Mariano e Caçula (da TCCP).
20.024 – RECORTADO – Caipirada Barretense, e A FESTA DO GENARO – CP
20.025 – UMA SESSÃO SOLENE e NAS TOURADAS – Anedotas -Cornélio Pires.
JULHO DE 1930
20.026 – O ZEPELIM – Moda de Viola, e O SUBMARINO – Moda de Viola – CP com João Negrão.
20.027 – CABOCLA MALVADA (Declamação) – Campos Negreiros, e A PLATAFORMA DO PREFEITO – Anedota – Com Arruda.
20.028 – MODA DO RIO TIETÊ- Moda de Viola – CP, com João Negrão, e CORAÇÃO MAGUADO – Moda de Viola – Com A. Godoy e sua Mulher.
20.029 – CAMPO FORMOZO – Moda de Viola – CP, com Antônio Godoy e sua Mulher, e MODA DA MARIQUINHA – Moda de Viola – CP, com João Negrão.
20.030 – O LEILÃO DAS MOÇAS – Moda de Viola, e JARDIM FLORIDO – Moda de Viola – CP, com João Negrão.
AGOSTO DE 1930
20.031 – A INCRUZIADA – Canção (de Angelino de Oliveira) – Com Maracajá e Os Bandeirantes, e BOIADA CUIABANA – Com José de Messias e Os Parceiros.
20.032 – AGÚENTA MANECO – Com Maracajá e Os Bandeirantes, e FOLIA DE REIS – Com Foliões do Zé Messias.
20.033 – CANTANDO O ABOIO (de CP e Angelino de Oliveira) – Com Maracajá e Os Bandeirantes, e TOADA DE MUTIRÃO – Com Zé Messias e Os Parceiros.
20.034 – O CABOCLO APANHA e PASSA MORENA – Contra-Dança – Com Zé Messias e Os Parceiros.
SETEMBRO DE 1930
20.035 – O JOGO DO BICHO – Moda de Viola, e ARMINDA – Com Mariano & Caçula.
20.036 – O SALIM FOI NO EMBRULHO – Anedota – Com Luizinho, e FUTEBOL DA BICHARADA – Moda de Viola – Com Mariano & Caçula.
20.037 – MULHER TEIMOSA – Com Arruda, e NOITES DE MINHA TERRA – Valsa – Com José Eugênio Campanha e Seu Quinteto.
20.038 – CAIPIRA VELHACO – Anedota-Com Arruda, e O SONHO DE MARIA – Valsa – José Eugênio e Seu Quinteto.
20.039 – O MEU BURRO SAUDOSO – Moda de Viola, e SERÁ OS IMPOSSÍVE – Com Mariano & Caçula (da TCCP).
OUTUBRO DE 1930
20.040 – SERENATA – Choro – Com Canário e Seu Grupo, e QUANDO AS MISSES DESFILAVAM – Anedotas – Com Luizinho.
20.041 – BEATRIZ – Valsa – Com Canário e Seu Grupo, e O SALIM TOREADOR – Anedota – C/Luizinho
SEM DATA
20.042 – GALO SEM CRISTA – Batuquinho do Norte – Com Bico Doce e Sua Gente do Norte, e COMPARAÇÕES – Anedota -Cornélio Pires.
20.043 – QUANDO O ZIDORO VORTÔ e OS DESCONTENTES -Anedotas – Cornélio Pires.
20.044 – GAVIÃO DE PENACHO – Embolada, e QUE MOÇA BONITA – Variação de Samba – Com Bico Doce e Sua Gente do Norte.
20.045 – RECULUTANDO – Samba do Norte – Com Bico Doce e Sua Gente do Norte, e BOM REMÉDIO – Anedota – Cornélio Pires.
20.046 – O MEU VIVA EU QUERO DÁ – Moda de Viola, e SE OS REVORTOSOS PERDESSE – Moda de Viola – Com Mariano& Caçula.
20.047 – LEGIONÁRIOS, ALERTA! – Marcha – Com José Eugênio e Seu Grupo, e QUI-PRO-QUÓ – Anedota – Cornélio Pires.
20.048 – (NÃO LOCALIZADO)
20.049 – TRISTE ABANDONADO – Moda de Viola, e MECÊ DIZ QUE VAI CASÁ – Moda de Viola – Com Zico Dias e Sorocabinha (da TCCP).
20.050 – MODA DA REVOLUÇÃO – Moda de Viola, e BIGODE RASPADO – Moda de Viola – CP e Mariano & Caçula.
20.051 – (NÃO LOCALIZADO)
20.052 – VOU ME CASÁ COM CINCO MUIÉ – Moda de Viola, e VANCÊ É UM PANCADÃO – Moda de Viola – Com a TCCP.
História da Gravação e Estudos da
Discografia de Cornélio Pires
“O diretor da Colúmbia – representante local da Byington & Company – era o americano Wallace Downey que mais tarde, em 1931, interessado pelo Brasil, seria o produtor do filme “Coisas Nossas”. Ariowaldo Pires, o saudoso Capitão Furtado, sobrinho de Cornélio, era o intérprete (falava bem o inglês), de Downey Cornélio pediu ao sobrinho que lhe encaminhasse a Downey Mas este só tratava da fase preliminar dos negócios da gravadora. Encaminhou Cornélio ao escritório do Dr Alberto Jackson Byington Jr, o proprietário da empresa. Propós a gravação de anedotas e de músicas caipiras. Contou, o Capitão Furtado ao pesquisador Abel Cardoso Júnior que registrou no seu livro “Cornélio Pires, O Primeiro Produtor Independente de discos no Brasil” Fundação Ubaldino do Amaral, Sorocaba, 1986, que o empresário lhe disse: – Gravarem discos anedotas e violeiros? Isso é mais uma piada sua”.
O escritor e pesquisador J. L. Ferrete no seu livro “Capitão Furtado – Viola Caipira ou sertaneja”?, tomando o depoimento de Ariowaldo Pires, registrou a resposta de Byington: – Não há mercado para isso, não interessa”. Cornélio insistiu. “E se eu gravar por conta própria”? Aí Byington Jr tentou opor dificuldades: “Bem, nesse caso você teria que comprar mil discos. Quero dinheiro á vista, nada de cheque, e se o pagamento não for feito hoje mesmo, nada feito”. Era uma forma, note-se, de descarte peremptório ou, em outras palavras, propostas de quem não quer mesmo fazer negócio”.
“Cornélio Pires fez com Byington o cálculo de quanto custaria os mil discos e saiu. Foi á procura de um amigo seu na rua Quinze de Novembro (centro de São Paulo), um tal de Castro, e pediu-lhe o dinheiro emprestado. Retornou em seguida á sede da empresa e, entrando na sala de Byington Jr., jogou sobre a mesa deste, um grande pacote embrulhado em jornal. “O que é isso”?, perguntou-lhe Byington espantado. “Uai, dinheiro”! Você não queria dinheiro?, respondeu Cornélio. Byington abriu o pacote e não disfarçou o seu assombro: “Mas aqui tem muito dinheiro”! “E’ que, ao invés de mil discos, eu quero cinco mil” explicou Cornélio Pires”. Meio aturdido, Byington Jr tentou convencê-lo de que cinco mil era muita coisa, era “uma loucura”. Naquele tempo não se faziam prensagens iniciais em tais quantidades nem para artistas famosos! Cornélio, porém, foi mais além do espanto em que deixou o dono da gravadora: “Cinco mil de cada, porque já no primeiro suplemento vou querer cinco discos diferentes e portanto são 25 mil discos”.
Aqui há um engano, que quase todos os pesquisadores têm repetido. No primeiro suplemento saíram 6 discos diferentes. Em vez de 25 mil, foram lançados 30 mil discos, em Maio de 1929, segundo fontes concretas, prestadas pelo criterioso pesquisador o professor Nirez. A confusão se faz e é evidente que se faça, porque em Outubro de 1929, no segundo suplemento, é que Cornélio lançou 5 discos, com também cinco mil de cada, totalizando dessa forma, os 25 mil discos.
Fez o pagamento, pegou o recibo, e estabeleceram o seguinte contrato: os 30 mil discos, da primeira prensagem, teriam uma Série Especial sua, a “Série Cornélio Pires” partindo do número 20.000, com o selo vermelho, custariam 2 mil réis a mais do que os de Byington, e somente Cornélio poderia vendê-los. Acertadas as bases, Cornélio viajou a Piracicaba e de lá trouxe á Capital (com despesa paga) a sua “Turma Caipira”, para participar das gravações, com três músicas.
Em 1927, a gravação elétrica chegava ao Brasil, facilitando as gravações. Não era mais preciso dar aquele berro, que o foldorista Paixão Cortês, tem mostrado nas suas palestras, das gravações da Casa A Elétrica, de Savério Leonetti (em 1914) em Porto Alegre. Agora (de 1926 em diante), já se podia gravar com voz normal.
A “Turma Caipira de Cornélio Pires”(em sua 1a. fase) era composta por Arlindo Santtana, Sebastião Ortiz de Camargo (o Sebastiãozinho), Zico Dias, Ferrinho, Mariano da Silva, Caçula e Olegário José de Godoy (o Sorocabinha).”
Mas depois de algumas décadas, a pesquisa e análise de seu segundo biógrafo Macedo Dantas, em “Cornélio Pires Criação e Riso”-(1976), o qual depois de minuciosamente apurar, chegou a conclusão de que a discografia mais precisa que obteve por intermédio do Capitão Furtado, foi a do musicólogo e pesquisador de Fortaleza, diretor do Museu Cearense de Comunicação, Miguel Ângelo Azevedo (Nirez), uma relação constante de todos os discos, dos quais falam Joffre Martins Veiga, Alceu Maynard Araújo e Dr. Oswaldo Estanislau do Amaral. Isto é, há divergências quanto ao número de discos levantados por eles, por exemplo: Joffre, menciona 100 ou 110, mas relaciona apenas 16 discos, já Alceu Maynard Araújo, mencionou em sua palestra, 108, mas relaciona apenas 48, dizendo que não conseguiu relacionar mais 6 discos, os quais não conseguiu encontrá-los. Então, certamente temos 48 discos garantidamente catalogados na Colúmbia. Isto não quer dizer que Cornélio e sua turma Caipira, não gravou os 108 ou 110 discos já ditos por Joffre e Alceu. O que ocorre, ou ocorreu quando das pesquisas feitas pelos nobres estudiosos do assunto, é que já não encontravam na época em que pesquisavam, ninguém que tivesse todos os discos de Cornélio, bem como, apesar de todos os esforços feitos por eles, colheram o que foi possível nos catálogos que ainda encontraram dos discos gravados pela Colúmbia, o que pode, pelo tempo, não ser a relação definitiva de sua discografia. Uma coisa é certa, Cornélio gravou apenas para a Colúmbia, para a Odeon, não. Aliás, Macedo Dantas nem sequer recebeu resposta da carta enviada á Matriz do Rio.
Por isso, em sua obra “Cornélio Pires – Criação e Riso”(1976), Macedo Dantas, na página 337, nos aconselhou na época, para que fôssemos cautelosos e que ficássemos por enquanto com os discos encontrados, que era e é um serviço notável ao Folclore Brasileiro. Ninguém está impedido de investir pesquisas sobre o assunto. Podem, os que assim desejarem, a partir de hoje.
Os dados acima, referentes aos discos lançados por Cornélio Pires, foram coletados no livro “Turma Caipira Cornélio Pires”, da autoria de Israel Lopes, estudioso do assunto, editado na comemoração dos 70 anos da música sertaneja, em 1999. O autor é diretor do Departamento de Letras do Centro Cultural de São Borja (RS) e é ligado à vários movimentos culturais gaúchos.
FILMOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES
Seu Interesse pelo Cinema, como surgiu?
Em 1922, um ano após publicar “Conversas ao Pé do Fogo”, Cornélio esteve no Rio de Janeiro, onde se exibiu em algumas casas de diversões. E, ao apresentar-se num espetáculo beneficente na Associação Brasileira de Imprensa, logo após o encerramento, recebeu os cumprimentos do Maestro Eduardo Souto, santista de nascimento mas que fez carreira no Rio de Janeiro, tornando-se um dos maiores compositores populares de seu tempo, o qual convidou Cornélio para que formassem um grupo regional. Cornélio topou, e o grupo estreou no dia da inauguração do Palácio das Festas, nas festividades comemorativas ao Primeiro Centenário da Independência.
Encantado com o resultado das cenas que haviam filmadas, e terminados seus compromissos com o maestro Eduardo Souto, o nosso querido escritor retornou a São Paulo, onde uniu-se ao cineasta Flamínio de Campos Gatti, e já em 1923, juntos partiram para as filmagens ao Nordeste do Brasil.
Cornélio produziu então, dois filmes, ou melhor, dois documentários, “BRASIL PITORESCO” (1923) e “VAMOS PASSEAR” (1934). O documentário “Vamos Passear”, segundo o escritor folclorista Piracicabano, Dr. João Chiarini afirmou em seu discurso em Tietê, na la. semana “Cornélio Pires” em 1959, trata-se do lº FILME SONORO feito de maneira INDEPENDENTE, conforme podemos constatar na Revista Sertaneja, ano II, nº 17, na página 20 da mesma.
Sobre os dois filmes de sua produção, e mais outros três extraídos de suas obras, os senhores leitores poderão obter maiores informações nas transcrições a seguir, da página 327, do livro “Corného Pires – Criação e Riso”, de seu segundo biógrafo Macedo Dantas.
Filmes feitos por Cornélio Pires
1923 – Brasil Pitoresco
Documentário em colaboração com o cineasta Flamínio de Campos Gatti. Aspectos de cidades Brasileiras. Joffre dá a data de 1923 e Maynard a de 1922. Foi realmente feito em 1923. Em sua carta a B. J. Duarte, Joffre diz que a película foi “rodada em janeiro de 1923, por Flamínio Campos Gatti e pelo próprio Cornélio Pires, focalizando aspectos de Santos, Rio, Bahia e outros Estados do Norte e Nordeste”. A seu pedido, foi o filme exibido em Tietê, em Julho de 1959, com geral agrado. Informa, finalmente, que a fita estava (em 1960, data da carta de Duarte) em poder da família de Cornélio Pires. Já naquela época o grande idealista e corneliano alertava que o “filme necessitava de alguns retoques, prejudicado pela ação do tempo”. Apesar de minhas pesquisas, não o localizei.
1934 – Vamos Passear
Filme sonoro, produzido após ter feito pequenos documentários (creio que estes se perderam). Vamos Passear focaliza cenas do folclore paulista e nele tomaram parte violeiros, canta dores, sertanejos. Segundo Joffre (p.1 08), “provocou desencontrados comentários”. Também não descobri quem o ajudou a realizar a fita sonora.
Filmes Baseados nas obras de Cornélio Pires
1918 – Curandeiro
Roteiro extraído do conto Passe os Vinte (de Quem Conta um Conto…), filme rodado por Antônio Campos, com Sebastião Arruda como intérprete. Foi visto por Zico Pires em Tietê, no antigo Teatro Carlos Gomes. Esta informação foi colhida em Joffre (p. 108).
1970 – Sertão em Festa
Produzido pela Servicine, baseado na novela Sacrificados (Meu Samburá) e dirigido por Osvaldo de Oliveira. Os principais artistas foram Marlene Costa, Nhá Barbina, Francisco Di Franco, Tião Carreiro e Pardinho, Egidio Eccio e outros. O filme teve grande êxito. Nele tomaram parte catiteiros, violeiros, etc. A pré-estréia foi em Tietê, em benefício da Granja de Jesus.
1985 – A Marvada Carne
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