Companhia de teatro japonesa visita o Paraná

 

 

 

Os londrinenses ainda devem ter na memória a apresentação de teatro Butoh que Kazuo Ono realizou no Filo (Festival Internacional de Londrina) em 1992. Naquele ano o processo de internacionalização do Filo ainda engatinhava, e trazer um mestre do Butoh certamente conferiu uma notoriedade maior ao evento. Pois a pessoa que intermediou a vinda de Kazuo Ono para Londrina está de volta ao Brasil. A japonesa Natsumi Akiba veio a Londrina acompanhada por Yoshiyuki Shibata, da Companhia de Teatro 1980 (Hachi Maru), e por Yuji Kusuno, da Oisca Brasil, Organização para o Avanço Industrial, Espiritual e Cultural. Juntos eles pretendem trazer uma peça de teatro da Companhia 1980 para passar uma temporada no Brasil durante as festividades do centenário da imigração japonesa (Imin 100). Nesta viagem eles apenas quiseram estabelecer um primeiro contato com as autoridades locais, realizar um acordo básico e obter de cartas-convites das prefeituras para viabilizar recursos no Japão para esta empreitada junto ao governo japonês.
Organizada como uma entidade não-governamental, a companhia já apresentou a peça que pretende trazer ao Brasil com sucesso no Japão e na Coréia. Trata-se de uma das maiores companhias de teatro da Ásia. Segundo Yoshiyuki Shibata, eles estimam trazer ao Brasil cerca de 60 integrantes para a turnê, sendo que seis deles são componentes da banda que executa as músicas do show. Segundo Akiba, trata-se de uma peça moderna, que reúne dança, teatro e música. O texto original da peça é do próprio fundador da companhia, Shohei Imamura, famoso por ter conquistado por duas vezes como diretor a Palma de Ouro no Festival de Cannes (A Balada de Narayama, de 1983 e A Águia, de 1997). 
Natsumi explica que o Imin 100 é um ano importante para estabelecer um melhor relacionamento entre o Brasil e o Japão. “É preciso que haja um reconhecimento maior por parte do Japão da importância do Brasil e também que o Brasil conheça um pouco mais da cultura japonesa.” Ela explica que a peça a ser apresentada em 2008 não é só para a colônia japonesa e sim para toda a comunidade. “No Japão o governo está muito interessado em apoiar projetos como esses, mas é a gente que precisa tomar a frente disso”, afirma Akiba. Segundo ela, já se percebe um clima de comemoração desse centenário: “A Asahi, uma das maiores indústrias de bebida do Japão, já lançou a latinha do centenário da imigração. O clima já está se formando”. A companhia 1980 escolheu o Paraná para realizar suas apresentações porque sabe que a região tem um nível alto de cultura, mas explica que a maioria dos grupos de teatro não sabe disso. Por isso, ela afirma que esse intercâmbio é importante para que os dois países se conheçam mutuamente.
O secretário de cultura, Luciano Bittencourt, diz que esse contato é o adubo e a água que rega uma flor. “Essa flor está sendo cultivada há muito tempo”, diz ele, afirmando que essa conversa inicial já está desencadeando outros projetos, como um de colaboração em cenotécnica para o novo teatro municipal, que será construído dentro de pouco tempo e também um projeto de intercâmbio na formação de atores. Ele explica que a prefeitura já está preparando as festividades do Imin 100. “O prefeito Nedson determinou que esses festejos se tornem a prioridade número um das secretarias de governo para 2008.” Ele revela que esse será o principal acontecimento cultural, social e econômico da cidade. Também vem trabalhando com a possibilidade de conexão dos demais eventos que Londrina realiza ao longo do ano com as festividades do Imin 100. “O próprio Filo vai ser relacionado a isso”. O secretário de cultura espera que durante a apresentação do 1980 em Londrina, o teatro já esteja concluído e seja utilizado para a apresentação da peça. “Londrina vai ter um dos  melhores teatros do país.”
Bittencourt afirma que a cultura japonesa já está no sangue do brasileiro. “Eles começam a nos conquistar pela culinária e vão nos envolvendo pelas artes, pelos costumes… Todo mundo tem um grande amigo descendente de japonês por aqui.”
Para o diretor de Turismo da Codel (Companhia de Desenvolvimento de Londrina), Luiz Carlos Adati, teatro também é turismo e a vinda de uma peça desse porte movimenta toda nossa região. Ele explica que uma peça dessa pode movimentar os hotéis e restaurantes da região gerando renda para a cidade. Além disso, ele explica que, para a comunidade nipo-brasileira é de suma importância mostrar para os brasileiros o teatro moderno japonês. “É importante aprender teatro japonês e a gente também pode ensinar um pouco como é o teatro brasileiro para eles. Com isso, esse  relacionamento vai ficar cada vez melhor”, diz Adati. “A iniciativa deles virem para cá é ímpar. O Japão fica do outro lado do planeta e é o local mais distante daqui. O fato deles se prontificarem a vir para cá é muito bom e possibilita que a gente apresente a cultura teatral de Londrina.” Adati explica que a apresentação dessa peça de teatro vai fazer parte dos festejos do Imin 100 e diz que, no Paraná, esses festejos vão ser centralizados em Londrina.

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