A Coluna Miguel Costa-Prestes, popularmente conhecida somente por Coluna Prestes, foi um movimento político-militar brasileiro existente entre1925 e 1927 e ligado ao tenentismo, corrente que possuía um programa bastante difuso, mas algumas linhas gerais podem ser delineadas: insatisfação com a República Velha, exigência do voto secreto, defesa do ensino público.Este Movimento Revolucionário sem precedentes na história da humanidade protagonizado por jovens tenentes liderados pelo Capitão Luís Carlos Prestes descontentes com o governo brasileiro, de Artur Bernardes. A marcha épica comandada por Prestes entre 1924 e 1927, pelo Rio Grande do Sul,Santa Catarina, Paraná e 12 estados do Brasil balançou as estruturas do Brasil e lançou as bases da Revolução de 1930.A “Grande Marcha” de 1925 a 27 foi o ponto culminante de um movimento militar, denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posterirormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha.
A ÉPOCA
Presidente Artur Bernardes que governou o Brasil entre 1922 e 1926 em constante estado de sítio
A organização politica republicana baseava-se na estrutura agrária existente, onde a sociedade rural estava enquadrada política e eleitoralmente pelos mecanismos de mandonismo local, dentro de um sistema marcado pelos currais eleitorais. Dessa maneira, os grupos urbanos estavam marginalizados efetivamente da vida política do país.
Apesar de formado por uma minoria da sociedade, as camadas urbanas conheciam um processo constante de crescimento, que havia se acentuado principalmente com a 1° Guerra Mundial. Militares, funcionários públicos, operários, pequenos proprietários e trabalhadores em geral, formavam uma camada média crescente, com direitos políticos garantidos, mas na prática excluída do poder.
O descontentamento com tal situação processou-se de diversas maneiras, destacando-se o movimento operário e o tenentismo
O TENENTISMO
Cartaz comemorativo da Coluna Prestes
O movimento tenentista reflete ao mesmo tempo a crise da República Velha e seus tradicionais métodos de manipulação do poder, como também as peculiaridades da instituição militar, melhor definida politicamente desde o governo Floriano Peixoto.
Desde o final do século XIX pode-se perceber um movimento no interior do exército promovido pelos militares “florianistas”, que consideravam o exército como o verdadeiro responsável pela implantação da República no país. Essa tendência reforçou o sentimento de corpo dos militares que, a partir do governo de Prudente de Morais, passaram a ocupar um lugar secundário na política nacional. Sem poder político efetivo, porém organizados dentro de uma instituição centralizada, parte dos militares enxergava a república se corromper pelos políticos civis, que haviam se apropriado do poder.
Apesar desse sentimento de corpo e a uma certa oposição a política desenvolvida pelos coronéis, não foi o exército como um todo que participou das rebeliões que ocorreram na década de 20. O movimento armado foi organizado principalmente pelos tenentes e contou com a simpatia e a aprticipação de elementos da baixa oficialidade (sargentos, cabos e soldados) enquanto que a cúpula militar se manteve fiel a “ordem”.
De uma forma geral considera-se o movimento tenentista como elitizado, na medida em que considera que apenas o exército é capaz de eliminar os vícios da República e dotar o país de uma estrutura política e administrativa moderna. Apesar de terem um padrão de vida igual ao da classe média e em parte refletir o mesmo descontentamento frente ao poder, os tenentes não podem ser considerados como representantes desta camada, primeiro por não pretender organiza-la, segundo por que possuíam um “espírito de corpo”, com características bem peculiares, reforçando os intereses intrínsecos desse grupo social
A COLUNA PRESTES
O mapa foi extraído do livro NOVA HISTÓRIA CRÍTICA DO BRASIL de Mário Schmidt da Editora Nova Geração
No inicio de abril de 1925, as forças gaúchas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes se uniam com as tropas que fugiam de São Paulo. Os dois grupos haviam participado das rebeliões do ano anterior, mantiveram focos de resistência e procuravam manter e fortalecer sua organização, para retomar a luta pelo grande ideal: Salvar a Pátria.
Depois de convencer os líderes paulistas da possibilidade da vitória contra o governo e as tropas fiéis a ele, Prestes iniciou a longa marcha afastando-se do país. A coluna atravessou o Paraguai no final de abril e voltou ao país através do Mato Grosso
Do Mato Grosso, passando por Goiás, a coluna dirigiu-se para o Nordeste, atingindo o Estado do Maranhão no mês de novembro de 1925, chegando logo depois a ameaçar diretamente a cidade de Teresina. Na região nordeste os rebeldes percorreram praticamente todos os estados, chegando a ameaçar efetivamente a cidade de Teresina. Em todos os momentos a maior resistência virá das forças arregimentadas pelos coronéis.
As tropas que combateram a Coluna eram bastante diversificadas, mostrando a disposição do governo e dos latifundiários em eliminar esse foco de rebelião. O exército, as policias estaduais, jagunçoa dos coronéis e eventualmente cangaceiros participaram do combate à Coluna Prestes.
“Nos Estados economicamente poderosos (as oligarquias) constituíam forças policiais organizadas como pequenos exércitos; nos Estados economicamente fracos, armaram os próprios exércitos privados dos latifundiários. Sobre esses dois suportes é que assentou o combate aos revolucionários tenentistas, desde que estes empreenderam a arrancada pelo interior, com a Coluna Prestes .”
A grande marcha realizada pela Coluna por vários estados do Brasil não conseguia efetivamente atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integra-lo. A idéia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador.
Apesar dessa significação profunda que adquiriu a Coluna, de ser ela, na expressão dos revolucionários, a chama que mantinha a Revolução, nunca conseguiu mais que uma sensibilização superficial nas grandes massas para as quais dizia voltar-se. Estas não acorreram ao chamado paternal dos “tenentes”, não se colocaram sob sua proteção para, juntos, pôr nos eixos uma República que “nascera bem”, mas que se “desvirtuara” em meio ao caminho.
Primeira página do nº 1 de O LIBERTADOR, jornal da Coluna Prestes, publicado em São Luiz Gonzaga (RS), durante os meses de novembro/dezembro de 1924. Ao todo foram publicados dez número, em diferentes pontos do país, por onde a Coluna passou.
Rafael Gustavo Lima Ribeiro